Turismo responde por 8,1% da emissão de CO2; Setor ganha novo reporte
Novo reporte é lançado sobre sustentabilidade no Turismo, e WTTC crê que esse é um marco importante
RIAD (ARÁBIA SAUDITA) - Viagens e Turismo respondem por 8,1% da emissão de gases de efeito estufa globalmente. O dado foi divulgado hoje pelo Conselho Mundial de Viagens e Turismo (WTTC), em sua 22ª reunião global, que acontece na Arábia Saudita.
Anteriormente, era dado que a indústria seria responsável por 11% de todas as emissões. Contudo, a grande novidade anunciada em Riad é a nova metodologia que mede a pegada climática de Viagens e Turismo em todo mundo: a Pesquisa Ambiental e Social (ESR, pela sigla em inglês). Desta nova pesquisa surgiu o índice de 8,1% de emissão de CO2 pelo setor em 2019, ano imediatamente pré-pandemia, quando Viagens e Turismo teve seu melhor desempenho mundialmente.
Essa nova metodologia, que conta com "enorme investimento e apoio" do governo da Arábia Saudita, avalia uma série de indicadores, como poluentes, fontes energéticas e uso de água, tal como considera dados sociais como idade, poder de consumo, gênero e empregabilidade.
Essa nova pesquisa será aplicada anualmente pelo WTTC, e o Conselho acredita que este é definitivamente um começo para que a indústria reduza sua pegada de carbono, já que a crise é vista pelo órgão como ainda mais complicada do que a da covid-19.
"Precisamos ter uma narrativa única quando se trata de sustentabilidade em Viagens e Turismo, e esta nova metodologia vai unificar os dados, nos dar um bom entendimento do nosso patamar atual e poderá ser dividida por país, por segmento, por iniciativas", explica a presidente e CEO do WTTC, Julia Simpson. "Com o ESR, teremos um grande mapeamento de onde estamos errando e acertando mais. Temos de dar múltiplos passos para vencermos esse desafio, e esse é apenas o primeiro passo."
SAF É VISTO COMO GRANDE ALIADO
Uma das soluções é o SAF, combustível sustentável de aviação. Isso porque a emissão do transporte foi responsável por 38% do total de emissões de gases de efeito estufa em 2019, segundo o novo estudo.
"Precisamos acelerar e avolumar a produção de SAF, e tecnologia para isso já existe. Temos urgência por colaboração pública e privada no engajamento do SAF, pois o combustível sustentável é realmente uma solução. Precisamos de coragem dos governos, como está tendo o da Arábia Saudita. Também precisamos de um uso maior de energia renovável em nossas redes elétricas nacionais para, quando acendermos a luz em um quarto de hotel, estarmos usando uma fonte de energia sustentável. Essa indústria superou a crise da pandemia e agora precisa ir além", reforça Julia Simpson.
Segundo a britânica, "esses novos dados que lançaremos anualmente são oportunidade para que os governos tenham ferramentas para medir seus progressos contra a crise climática".
Dados segmentados por países e setores da indústria serão detalhados nos próximos meses, de acordo com o WTTC.
Depois de transporte (38%), o consumo de energia elétrica é o maior responsável pela emissão de gases poluentes (20%) no Turismo, seguido pelo setor industrial (15%), agricultura e alimentação (11%). O setor de hospitalidade tem apenas 2% desta responsabilidade, nos cálculos do órgão.
CRESCIMENTO ECONÔMICO É MAIOR
Apesar do impacto ambiental considerável do setor de Viagens e Turismo no meio ambiente, existe uma divergência entre o crescimento econômico do setor e sua pegada climática entre 2010 e 2019. Segundo o WTTC, a indústria está se dissociando de suas emissões de gases de efeito estufa.
Isso porque as emissões vêm caindo desde 2010, como resultado de desenvolvimento tecnológico e da introdução de um grande número de medidas de eficiência energética em vários segmentos do Turismo.
Entre 2010 e 2019, o PIB global de Viagens e Turismo cresceu em uma média de 4,3% anualmente, enquanto sua pegada ambiental teve um crescimento anual médio de 2,4%. Em 2010, Viagens e Turismo produziam 0,63 quilo de carbono por dólar de PIB, enquanto em 2019 esse índice foi de 0,53 quilo de carbono por dólar de PIB.
CONSUMIDORES MAIS CONSCIENTES
De maneira geral, consumidores em todos os setores estão buscando hábitos de menor impacto no meio ambiente, sobretudo as gerações mais novas. Em Viagens e Turismo, essa realidade já vinha sendo apresentada antes da pandemia.
Várias pesquisas mostravam que viajantes têm cada vez mais interesse em fazer o possível para amenizar suas marcas no meio ambiente, inclusive aceitando pagar mais por isso. Evitar o chamado overtourism (superlotação nas grandes cidades) e impactar positivamente comunidades locais também eram hábitos em tendência antes de pararmos de falar sobre isso para darmos atenção total à covid-19.
Com grande parte da crise pandêmica superado, estas voltam a ser mensagens claras às grandes empresas de que se importar com a sustentabilidade é mais do que preservar o futuro do planeta, é também uma questão de negócios.
O Portal PANROTAS é media partner do WTTC, viaja com proteção GTA e voando com a Lufthansa.