IRRF a 25% é reflexo da falta de política de Turismo no País, diz CVC Corp
Setor não é tratado como business, como 8% do PIB
Maior grupo de Turismo do País, a CVC Corp é mais uma na fila dos indignados com o imposto de renda (IRRF) de 25% sobre remessas ao Exterior para pagamento de serviços e produtos turísticos. Empresas como Expedia, Decolar, FecomercioSP e entidades como Abav, Braztoa e Clia Brasil já se manifestaram e estão fazendo campanha contra o imposto.
Nas palavras do presidente da CVC Corp, Leonel Andrade, o imposto foi “uma grande barbeiragem” do governo. “É difícil entender o benefício que esse imposto traz para alguém – cliente, empresas, companhias aéreas, para o País”, afirmou em entrevista ao Portal PANROTAS.
Para ele, é um imposto “feito para não funcionar”. “No fundo está tirando empregos, competitividade do setor e levando os clientes a comprar em outros meios (sites internacionais), gerando emprego em outro País.”
O líder da CVC Corp, há pouco menos de dois anos no cargo, diz que o imposto é reflexo da falta de uma política do País para o Turismo. “As companhias aéreas estão mais abrigadas no Ministério da Infraestrutura. Parece que o Ministério do Turismo não tem proposta, não tem valor a oferecer”, continua ele em sua crítica.
Se o imposto fizesse sentido, avalia ele, o governo não teria se sensibilizado com as companhias aéreas. “Eles sabem (que não faz sentido), mas falta uma agenda de Turismo, falta olhar o Turismo como business, como 8% do PIB do Brasil”, disse ele.
NUNCA FOI PROCURADO
A distância do Ministério do Turismo da própria CVC Corp é uma prova dessa falta de direção. “Somos 20% do Turismo, temos relação com todos os destinos do Brasil, com todos os fornecedores, somos Top of Mind para os viajantes, mas em quase dois anos no cargo o Ministério do Turismo jamais me procurou para debater o setor. Eu não criei a CVC Corp, por isso posso falar sem arrogância: não se pensa Turismo sem pensar na gente”, desabafa ele, citando que apoia as entidades de Turismo e se sente representado setorialmente por elas na relação com o governo.
O IRRF a 25% irá, segundo ele, impactar a retomada das viagens internacionais. “Preço tem alta influência no Turismo, pior ainda se for no mesmo produto. Veja o caso da ITA, era mais barato e as pessoas compraram”, exemplifica.
Para Leonel Andrade, falta conhecimento do que é o Turismo ao governo: “só se faz Turismo trazendo e levando pessoas do País. Não há via de mão única. Primeiro porque é preciso equilíbrio entre fluxo de locais e estrangeiros, depois porque cada vez que viajamos para fora levamos a imagem do Brasil. Não somos uma ilha”, finalizou.
Ministério do Turismo envia nota ao Portal PANROTAS