Janize Colaço   |   28/09/2016 14:43

Brasil alcança sua pior posição competitiva em 20 anos

O Brasil registrou a sua pior posição competitiva dos últimos 20 anos, conforme aponta o estudo realizado pelo Fórum Econômico Mundial em parceria com a Fundação Dom Cabral (FDC). Já tendo perdido 33 posições nos últimos qu

O Brasil registrou a sua pior posição competitiva dos últimos 20 anos, conforme aponta o estudo realizado pelo Fórum Econômico Mundial em parceria com a Fundação Dom Cabral (FDC). Já tendo perdido 33 posições nos últimos quatro anos, o País se encontra na 81ª colocação, demonstrando que a crise econômica e política influenciou no declínio da produtividade nacional.

Como resultado desse cenário, há uma menor sofisticação dos negócios e baixo grau de inovação, bem como a distancia significativa dos demais países do grupo dos BRICs e do G20. O Brasil, por conta disso, perde espaço internacional e agrava inúmeros indicadores de competitividade.

O levantamento referente a 2016 foi encerrado no último mês de maio, período em que o atual presidente, Michel Temer, assumia o cargo temporariamente após o afastamento de Dilma Rousseff. Para o professor da FDC e coordenador da pesquisa no Brasil, Carlos Arruda, “o resultado mostra o ‘fundo do poço’ em relação às perspectivas sobre a economia nacional.”

Nas primeiras dez posições do ranking, houve algumas mudanças de posição, porém a lista de líderes em competitividade manteve-se a mesma. Em 2016, na ordem, destacaram-se: Suíça, Cingapura, Estados Unidos, Holanda, Alemanha, Suécia, Reino Unido, Japão, Hong Kong e Finlândia.

DESACELERAÇÃO
A economia mundial passa por um período de desaceleração desde a crise de 2008. Os países emergentes, como é o caso do Brasil, sofreram com o fim do super ciclo das commodities. De acordo com o Relatório Global de Competitividade 2016-2017, além da crise econômica, uma das maiores dificuldades para a competitividade e desenvolvimento dos países é justamente a polarização política e a perda de produtividade global.

A situação reacendeu os holofotes de disputas políticas e testemunha uma transformação da disputa entre direita e esquerda clássica, conservadorismo e desenvolvimentismo, em uma tendência similar de abertura comercial em oposição ao protecionismo e às tendências antiglobalização.

O levantamento também destaque para o fim do ciclo da produtividade baseado na microeletrônica e na automação e chama a atenção para a emergência de um novo paradigma tecnológico caracterizado pelo crescimento exponencial da digitalização a denominada Industria 4.0 ou Smart Industry.

DISFUNÇÕES POLÍTICAS
Para 2016, o Fórum Econômico Mundial prevê um crescimento econômico inferior a 2,5%, reiterando uma trajetória decrescente. Os desdobramentos da crise, sobretudo no âmbito político, têm forte impacto sobre as expectativas, que apontam para um ciclo de recessões e recuperação muito mais longa do que o previsto anteriormente.

Paralelamente, o Fórum contesta as medidas econômicas contra cíclicas adotadas em períodos de recessão ou desaceleração. Como o mundo passa por um processo de acirramento político, onde o nacionalismo e o isolamento pelo medo ao terrorismo avançam, muitas das políticas e soluções postas a mesa caminham por um viés de antiglobalização. Tanto o “Brexit” quanto a eleição de partidos ultranacionalistas na Hungria e Polônia, são a materialização de tais expectativas postas em prática.

BRASIL: DESCENDO E DESCENDO
Os principais fatores por trás dessa tendência de perda de competitividade estão ligados à atual conjuntura política, embora também haja fatores estruturais e sistêmicos que têm sido apontados em todas as edições do Relatório Global de Competitividade desde a década de 1990.

Ano
Ranking Mundial
2007
72º
2008
64º
2009
56º
2010
58º
2011
53º
2012
48º
2013
56º
2014
57º
2015
75º
2016
81º

Fatores da conjuntura presente, como a crise econômica e política que vem se deteriorando desde 2014, estão associados a indicativos estruturais e sistêmicos como sistema regulatório e tributário inadequado, infraestrutura deficiente, e baixa produtividade resultam em uma economia fragilizada e incapaz de promover avanços na competitividade interna e internacional sem maior inserção no mercado mundial.

A alternativa de combate a crise internacional, via incentivo à demanda doméstica, apresenta também um sinal de esgotamento, e aliada a uma crise política grave e persistente, deteriora as expectativas e inibe o investimento – o que explica a opinião negativa de empresários do País apresentadas durante a pesquisa deste ano.

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