Brasil alcança sua pior posição competitiva em 20 anos
O Brasil registrou a sua pior posição competitiva dos últimos 20 anos, conforme aponta o estudo realizado pelo Fórum Econômico Mundial em parceria com a Fundação Dom Cabral (FDC). Já tendo perdido 33 posições nos últimos qu
O Brasil registrou a sua pior posição competitiva dos últimos 20 anos, conforme aponta o estudo realizado pelo Fórum Econômico Mundial em parceria com a Fundação Dom Cabral (FDC). Já tendo perdido 33 posições nos últimos quatro anos, o País se encontra na 81ª colocação, demonstrando que a crise econômica e política influenciou no declínio da produtividade nacional.
Como resultado desse cenário, há uma menor sofisticação dos negócios e baixo grau de inovação, bem como a distancia significativa dos demais países do grupo dos BRICs e do G20. O Brasil, por conta disso, perde espaço internacional e agrava inúmeros indicadores de competitividade.
O levantamento referente a 2016 foi encerrado no último mês de maio, período em que o atual presidente, Michel Temer, assumia o cargo temporariamente após o afastamento de Dilma Rousseff. Para o professor da FDC e coordenador da pesquisa no Brasil, Carlos Arruda, “o resultado mostra o ‘fundo do poço’ em relação às perspectivas sobre a economia nacional.”
Nas primeiras dez posições do ranking, houve algumas mudanças de posição, porém a lista de líderes em competitividade manteve-se a mesma. Em 2016, na ordem, destacaram-se: Suíça, Cingapura, Estados Unidos, Holanda, Alemanha, Suécia, Reino Unido, Japão, Hong Kong e Finlândia.
DESACELERAÇÃO
A economia mundial passa por um período de desaceleração desde a crise de 2008. Os países emergentes, como é o caso do Brasil, sofreram com o fim do super ciclo das commodities. De acordo com o Relatório Global de Competitividade 2016-2017, além da crise econômica, uma das maiores dificuldades para a competitividade e desenvolvimento dos países é justamente a polarização política e a perda de produtividade global.
A situação reacendeu os holofotes de disputas políticas e testemunha uma transformação da disputa entre direita e esquerda clássica, conservadorismo e desenvolvimentismo, em uma tendência similar de abertura comercial em oposição ao protecionismo e às tendências antiglobalização.
O levantamento também destaque para o fim do ciclo da produtividade baseado na microeletrônica e na automação e chama a atenção para a emergência de um novo paradigma tecnológico caracterizado pelo crescimento exponencial da digitalização a denominada Industria 4.0 ou Smart Industry.
DISFUNÇÕES POLÍTICAS
Para 2016, o Fórum Econômico Mundial prevê um crescimento econômico inferior a 2,5%, reiterando uma trajetória decrescente. Os desdobramentos da crise, sobretudo no âmbito político, têm forte impacto sobre as expectativas, que apontam para um ciclo de recessões e recuperação muito mais longa do que o previsto anteriormente.
Paralelamente, o Fórum contesta as medidas econômicas contra cíclicas adotadas em períodos de recessão ou desaceleração. Como o mundo passa por um processo de acirramento político, onde o nacionalismo e o isolamento pelo medo ao terrorismo avançam, muitas das políticas e soluções postas a mesa caminham por um viés de antiglobalização. Tanto o “Brexit” quanto a eleição de partidos ultranacionalistas na Hungria e Polônia, são a materialização de tais expectativas postas em prática.
BRASIL: DESCENDO E DESCENDO
Os principais fatores por trás dessa tendência de perda de competitividade estão ligados à atual conjuntura política, embora também haja fatores estruturais e sistêmicos que têm sido apontados em todas as edições do Relatório Global de Competitividade desde a década de 1990.
Ano | Ranking Mundial |
2007 | 72º |
2008 | 64º |
2009 | 56º |
2010 | 58º |
2011 | 53º |
2012 | 48º |
2013 | 56º |
2014 | 57º |
2015 | 75º |
2016 | 81º |
Fatores da conjuntura presente, como a crise econômica e política que vem se deteriorando desde 2014, estão associados a indicativos estruturais e sistêmicos como sistema regulatório e tributário inadequado, infraestrutura deficiente, e baixa produtividade resultam em uma economia fragilizada e incapaz de promover avanços na competitividade interna e internacional sem maior inserção no mercado mundial.
A alternativa de combate a crise internacional, via incentivo à demanda doméstica, apresenta também um sinal de esgotamento, e aliada a uma crise política grave e persistente, deteriora as expectativas e inibe o investimento – o que explica a opinião negativa de empresários do País apresentadas durante a pesquisa deste ano.