Artur Luiz Andrade   |   31/05/2016 10:50

Competitividade do País cai 19 posições em 6 anos

O Índice de Competitividade Mundial 2016 (World Competitiveness Yearbook – WCY), divulgado pelo International Institute for Management Development (IMD) e pela Fundação Dom Cabral aponta mais uma queda do Brasil. Em seis anos o País perdeu 19 posições. Este ano está na 57ª posição, à frente apenas

O Índice de Competitividade Mundial 2016 (World Competitiveness Yearbook – WCY), divulgado pelo International Institute for Management Development (IMD) e pela Fundação Dom Cabral aponta mais uma queda do Brasil. Em seis anos o País perdeu 19 posições. Este ano está na 57ª posição, à frente apenas da Croácia, Ucrânia, Mongólia e Venezuela.

Os Estados Unidos perderam o título de território mais competitivo para Hong Kong (China). A Suíça ficou com a segunda posição e os americanos aparecem em terceiro. Cingapura, Suécia, Dinamarca, Irlanda, Países Baixos, Noruega e Canadá completam a lista dos dez primeiros colocados.

Na América Latina, o Chile é o mais bem classificado, em 36º, queda de uma posição, enquanto todos os outros representantes da região estão entre os 20 últimos.

Este ano o Brasil obteve uma pontuação de 51.676 pontos no índice agregado de competitividade, o que indica a posição dos países com relação àquele considerado o mais competitivo. Isso significa que o país está 51.676 pontos atrás de Hong Kong, primeiro colocado. Em relação ao ano passado, o Brasil obteve uma melhora absoluta de 4.286 pontos, mas em comparação com a pontuação de 2010 - ano em que o Brasil ocupou sua melhor posição no ranking (38ª posição), o País apresentou uma perda de 10%.

“Esses dados revelam que a perda de competitividade apresentada em 2016 não é apenas relativa, mas absoluta se observamos no longo prazo. Porém, não trazem necessariamente algo inesperado, já que a situação econômica brasileira continua gerando entraves e alto grau de pessimismo entre os agentes econômicos. Para avançarmos em termos de competitividade é necessário olharmos com atenção para as gestões privadas e públicas”, afirma o coordenador do Núcleo de Inovação e Empreendedorismo da Fundação Dom Cabral Carlos Arruda.

O diretor do Centro de Competitividade Mundial do IMD, Arturo Bris, acrescenta que "o setor público continua a ser um empecilho para essas economias”. “O padrão comum entre todos os países no top 20 é o seu foco na regulação ideal para negócios, infraestrutura física e intangível e instituições inclusivas. No presente momento nenhuma economia da América Latina chega perto de possuir essas qualidades como a medida necessária para fazer progressos significativos até a classificação”.

Apesar de o Brasil já ter dado esperanças promissoras para se desenvolver com destaque entre as economias latinas, sua performance caiu novamente. "O principal fator para o declínio do Brasil é o seu desempenho econômico. O fraco crescimento do PIB, aumento do desemprego em combinação com aumento dos riscos para os investidores têm grande impacto na economia", disse Bris.

O estudo evidencia também que os programas sociais de redistribuição de renda, implementados com objetivo de estimular o motor da demanda interna, foram baseados no aumento real dos salários brasileiros. Como esses programas dependem da taxa de investimento no Brasil, assim como no produto corrente e em exportações, eles se tornaram insustentáveis no atual contexto de recessão, uma vez que o aumento dos salários reais gerou restrição do balanço de pagamentos.

Segundo o levantamento, o salário aumentou mais do que os ganhos de produtividade do trabalho. Além disso, o crescimento interno da demanda gerou as pressões inflacionárias. “Os programas assistenciais são essenciais para o aquecimento da economia doméstica no País, além de proporcionarem oportunidades mais justas para os cidadãos. No entanto, com os atuais indicadores, os gastos públicos têm se tornado um problema para os próximos ano” pondera Arruda.

Arruda afirma ainda que o desempenho do Brasil é consequência de questões conjunturais e do esgotamento de um modelo de crescimento: “Ainda que se espere que ocorra a resolução de desafios de curto prazo, como déficit fiscal e controle da inflação, a economia brasileira precisa se reinventar para avançar em competitividade de forma robusta e significativa” complementa o professor.

“Se de um lado não há receita mágica para um novo modelo, do outro não há como fugir das questões básicas como qualidade da educação e promoção da inovação” finaliza Arruda.

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