Pedro Menezes   |   28/04/2025 13:05
Atualizada em 28/04/2025 20:48

ViagensPromo e Easy Travel Shop (ETS) disputam na Justiça dívida de cerca de R$ 2 milhões

Atrito gira em torno de um documento no qual a ViagensPromo teria reconhecido a dívida milionária

Colaborou Rodrigo Vieira

Emerson Souza/PANROTAS e Divulgação
Renato Kido, sócio da ViagensPromo, e Michael Barkoczy, presidente da Easy Travel Shop
Renato Kido, sócio da ViagensPromo, e Michael Barkoczy, presidente da Easy Travel Shop

A operadora ViagensPromo, de Renato Kido, que anunciou recentemente a sua reestruturação financeira, respondeu à ação movida pela Easy Travel Shop (ETS), de Michael Barkoczy, na Justiça de São Paulo, que envolve a cobrança de uma dívida de quase R$ 2 milhões, mais juros, que chegariam a cerca de R$ 3 milhões.

A ViagensPromo contesta a cobrança movida pela Easy Travel Shop. O processo, que corre na 4ª Vara Cível de Barueri, envolve um título de confissão de dívida por parte de Renato Kido, que, segundo os embargantes (ViagensPromo Turismo Ltda, Renato Toshimitsu Kido, sócio da empresa, e Mary Hira Kido, esposa de Renato e também sócia ou avalista), seria "nulo por vício de vontade e falta de comprovação do crédito".

Segundo a ação judicial à qual o Portal PANROTAS obteve acesso, a disputa gira em torno de um documento assinado em janeiro deste ano, no qual a ViagensPromo teria reconhecido uma dívida de R$ 2,3 milhões (com parte já quitada). No entanto, a defesa alega que o título "não tem validade legal", pois envolveria obrigações societárias complexas, resultantes de negociações entre as empresas, e não uma simples prestação de serviços.

O caso veio a público, embora sem detalhes e valores, no dia 30 de janeiro de 2025, como vimos em primeira mão aqui no Portal PANROTAS. Na ocasião, a Easy Travel Shop suspendeu as vendas através de sua plataforma para a ViagensPromo, bem como cancelou os serviços futuros a partir de fevereiro. Na ocasião, a ETS informou que a parceria se deu pelo "desacordo comercial entre as empresas desde dezembro de 2024".

O que diz a ViagensPromo?

Divulgação

Os advogados da ViagensPromo pedem a extinção do processo de execução por falta de validade do título, a revogação do bloqueio de valores; a retirada dos sócios (Renato e Mary Kido) do polo passivo da ação; o envio de ofício à Receita Federal para verificar emissão de notas fiscais; e a condenação da Easy Travel Shop por litigância de má-fé.

A ViagensPromo também solicita o benefício da justiça gratuita, alegando grave crise financeira. E diz que a assinatura da confissão de dívida teria se dado sob coação, pois havia a ameaça, por parte da ETS, de divulgar a dívida e a situação no Portal PANROTAS.

Por fim, a empresa requer que a ETS seja condenada por litigância de má-fé, acusando-a de manipular os fatos e omitir a verdadeira natureza do contrato que deu origem à cobrança. Para a ViagensPromo, a cobrança milionária é fruto de uma disputa societária malsucedida, e não de um contrato comercial comum.

Mas por que houve então a assinatura da confissão de dívida? Houve coação, como alega a VP? Ouvimos Michael Barkoczy sobre a suposta sociedade com Renato Kido, o total da dívida e como ela vai impactar as operações da ETS.

O que diz a Easy Travel Shop?

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Procurada, a Easy Travel Shop informou que a ação só foi movida porque a ViagensPromo deixou de pagar o que deve. Por meio do presidente Michael Barkocky, em entrevista exclusiva ao Portal PANROTAS, a ETS confirmou que a empresa de Renato Kido só pagou as três primeiras parcelas da dívida.

"O jurídico da ViagensPromo alegou que o acordo foi assinado sob coação moral e não manifestava a vontade dos executados. Eu só posso dizer que eles pagaram três parcelas da confissão de dívida, ou seja, quando algo é feito por coação, determinada empresa não pagaria nenhuma parcela. Ou seja, a ViagensPromo pagou as três parcelas e depois deixou de arcar com essa confissão de dívida. Esperamos mais de um mês para entrar com a ação para executar toda a dívida"

Michael Barkocky, presidente da Easy Travel Shop

O empresário diz ser mais uma vítima da operadora de Renato Kido. "Nós somos vítimas da ViagensPromo, assim como muitos outros fornecedores e agentes de viagens com valores a receber. Os vouchers da ViagensPromo saiam com a ETS como prestadora de serviço, o que prova que a ETS prestava serviços para a VP. Ele assinou esta manifestação (confissão de dívida) com pleno conhecimento, tanto é que é verdade que pagou três parcelas", diz.

O presidente da ETS lembrou da matéria da PANROTAS, que foi ao ar com o título "ETS e ViagensPromo rompem acordo comercial; veja o que dizem as duas empresas", e disse que, na época, a ViagensPromo tinha informado a decisão de fazer tudo internamente, sem depender da ETS para fornecer atividades.

"O Kido disse que 'não tem problema, vou assumir toda a operação', enquanto eu afirmei que não conseguiria mais atender a ViagensPromo sem receber. Ele disse 'eu vou pagar vocês. Eu assino qualquer coisa que seja necessário e pago até acabar a dívida', eu tenho tudo isso registrado. Renato Kido e Mary Kido assinaram como fiadores, tudo na maior tranquilidade"

Michael Barkocky, presidente da Easy Travel Shop

Operações na ETS

Michael também comentou sobre a saúde financeira da ETS, depois dessa dívida de R$ 2 milhões. Segundo ele, a empresa foi obrigada a passar por uma "reestruturação inteligente, com buscas por clientes e prestando serviço de alta qualidade". Barkoczy diz que a ETS segue saudável, após passar por adequações ao perder um grande cliente, ainda mais em momento de alta do Turismo de experiências, como citado pelo próprio executivo.

"E hoje temos mais de 22 contas em API interligadas no nosso sistema. Uma conta grande se foi, era nosso maior cliente, mas temos outras grandes empresas para fazer o negócio girar. Hoje a ETS é uma empresa saudável, que trabalha muito todos os dias, e eu não sumi, não desapareci, eu continuo aqui, assim como outros fornecedores da ViagensPromo"

Michael Barkoczy, presidente da Easy Travel Shop

E a sociedade com Kido?

Por fim, Barkoczy ainda comentou sobre a sociedade que tinha sido criada no lançamento da ViagensCorp, que era um braço de viagens corporativas da operadora de Renato Kido. "Quando o Kido montou a ViagensCorp, ele me convidou para entrar com 10% da empresa. Entrei como sócio, estava tudo certo, mas eu não tinha tempo de olhar a parte administrativa de nada, não conseguia dar bola para ViagensCorp, ou seja, não seria certo eu estar dentro do negócio. Então eu devolvi os 10% e deixei a sociedade. Fiquei feliz por ter entrado num projeto que era bacana, mas percebi que não teria tempo de tocar", complementou o presidente da ETS.

Segundo Michael, ainda houve a tentativa de Renato Kido de se tornar sócio da Easy Travel Shop, mas isso nunca se concretizou, de acordo com ele. "Ele tinha a intenção de ser sócio, até fez uma oferta bastante interessante para adquirir 20% de participação, mas o acordo não foi para frente porque ele não conseguiu se acertar financeiramente para isso", destacou.

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