Beatrice Teizen   |   21/02/2025 16:29

Quais os impactos da nova reforma tributária na aviação? Especialista avalia

Com novo documento aprovado, companhias aéreas terão de se preparar para não afetar a demanda


Divulgação/Inframérica
Haverá um aumento na tributação do setor, com a tributação sobre voos podendo chegar a 26,5% para a maioria deles
Haverá um aumento na tributação do setor, com a tributação sobre voos podendo chegar a 26,5% para a maioria deles

A nova reforma tributária trará mudanças significativas para o setor de aviação, com um período de transição que se estende até 2033. A substituição de tributos como PIS, COFINS, ISS e ICMS por CBS e IBS terá um impacto direto nos custos operacionais das companhias aéreas.

A Latam, inclusive, divulgou um comunicado recentemente informando que o documento aprovado terá impactos nos preços das passagens e nas operações do setor, tanto em voos domésticos quanto internacionais. O próprio CEO da Latam Brasil, Jerome Cadier, espera passagens até 20% mais caras.

Segundo a gerente de Inteligência Tributária da Synchro – provedora de soluções de conformidade –, Veridiana Selmi, a reforma pode facilitar os custos operacionais ao trazer mais previsibilidade. No entanto, haverá um aumento na tributação do setor, com a tributação sobre voos podendo chegar a 26,5% para a maioria deles.

"A regulação ainda está sendo feita, mas existirão algumas exceções e benefícios, como para voos regionais, que serão definidos pela Anac, como os da Amazônia Legal, que poderão ter uma redução de 40% na alíquota, caindo para 13,25%. Voos internacionais de ida e volta, comprados na mesma companhia aérea, também poderão ter benefícios, permitindo que empresas os usem para oferecer preços diferenciados e incentivar esses voos"

Veridiana Selmi, da Synchro

Outra dificuldade que surgirá com a reforma tributária será a tributação sobre a querosene de aviação, que também terá um impacto significativo, já que o combustível representa de 30% a 35% dos custos totais das companhias aéreas.

A isenção de ICMS, de acordo com a especialista, será substituída pela alíquota cheia mais o custo do imposto seletivo, o que pode aumentar os preços dos bilhetes e impactar a demanda. Em comparação, o setor rodoviário terá um benefício de redução de 40%, enquanto o ferroviário terá diminuição de 0%.

Divulgação
Veridiana Selmi, da Synchro, fala sobre os impactos da nova reforma tributária na aviação
Veridiana Selmi, da Synchro, fala sobre os impactos da nova reforma tributária na aviação

"Pode ser que o aumento dos custos leve os passageiros a optarem por viagens de ônibus em vez de avião. As empresas precisam aproveitar o período de transição para analisar os custos e fazer um planejamento tributário adequado. Mas a regulamentação ainda está em desenvolvimento e novas normas serão publicadas, incluindo as rotas com desconto e a regulamentação do imposto seletivo", complementa.

Compensação de tributos

Se há um ponto de otimismo no impacto da reforma na aviação é o fato das empresas aéreas se aproveitarem ao máximo da apropriação dos créditos tributários. Com a nova regulamentação, elas poderão se creditar de insumos e serviços tomados, o que pode compensar o aumento da tributação.

"Diante disso, ter um bom sistema de registro de serviços e materiais adquiridos é essencial para aproveitar esses créditos. As companhias aéreas precisarão rever suas políticas de preço para mitigar o impacto no consumidor, pois repassar todos os custos pode reduzir a procura, já que, no geral, as viagens podem ter um acréscimo em comparação com o cenário anterior", afirma Veridiana.

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