Reservas de viagens aos EUA por brasileiros caem 15% entre fevereiro e março
Instabilidade global começa a pesar na demanda por viagens ao país, diz estudo da Mabrian

O cenário mundial flutuante resultante das políticas e anúncios da administração dos Estados Unidos está começando a impactar a intenção de viagem para este país, de acordo com a última análise conduzida pela Mabrian, conhecida plataforma global de inteligência de viagens.
A Mabrian estudou o comportamento espontâneo das buscas de voos para os EUA, analisando o Índice de Compartilhamento de Buscas de Voos para os Estados Unidos, que indica o grau de interesse do mercado neste destino com base na tendência de buscas de voos e independentemente das reservas confirmadas.
Os dados revelam uma mudança no interesse global de viagens para os Estados Unidos em 2025, com variações significativas entre as regiões.
Reservas de viajantes brasileiros para os EUA em declínio
No Brasil, por exemplo, há uma tendência de declínio na demanda. A intenção dos viajantes brasileiros de visitar os EUA está em 8%, o que representa uma redução média de 1,2 pontos percentuais em comparação com 2024. De fato, as reservas de viajantes brasileiros para os EUA entre fevereiro e março deste ano diminuíram 15% em comparação com o mesmo período do ano passado.
A análise de milhões de buscas de voos realizadas entre janeiro e março de 2025 de dez principais mercados de origem para os Estados Unidos (Reino Unido, Alemanha, França, Canadá, México, Brasil, Índia, Japão, Coreia do Sul e China) para viagens aos EUA com datas de viagem até setembro de 2025 destaca a instabilidade da demanda internacional para este destino. Além disso, o Índice de Compartilhamento de Buscas revela variações significativas em mercados-chave na Europa, nas Américas e na Ásia, enquanto algumas regiões demonstram mais resiliência.
Essa tendência de intenção de viagem também é consistente com a evolução das reservas de voos confirmadas, via GDS, que ocorreram entre fevereiro e março de 2025, conforme dados fornecidos pela The Data Appeal Company.
Demanda europeia também mostra sinais de tensão

A evolução do Índice de Compartilhamento de Buscas dos países da União Europeia, do Reino Unido e de mercados-chave como Alemanha, França e Itália reflete que o interesse em viajar para os EUA está diminuindo, particularmente após a posse presidencial de janeiro de 2025, uma tendência a ser observada antes da implementação de novas tarifas.
- A intenção geral de viagem da União Europeia para os EUA caiu 0,4 pontos percentuais ano a ano, com o Índice de Compartilhamento de Buscas fixando-se em 5,4% no final de março. Essa porcentagem implica que os EUA concentram 5,4% do total de buscas de voos lançadas pelos países durante o período;
- A demanda britânica, embora inicialmente impactada, começou a se recuperar – ultrapassando brevemente os níveis do ano passado em meados de março –, tornando o Reino Unido o único mercado europeu analisado a mostrar sinais claros de resiliência. Embora as reservas brutas tenham diminuído ligeiramente em fevereiro (-1,1%), elas aumentaram em março (+1,6%);
- Alemanha e Itália registraram quedas próximas a -1 ponto percentual em comparação com 2024, indicando crescente incerteza entre os viajantes. Enquanto isso, a intenção de viagem da Espanha permaneceu estável durante os três primeiros meses de 2025, com algumas semanas em janeiro até superando os níveis de 2024.
“Esses dados sublinham a sensibilidade dos mercados europeus aos desenvolvimentos geopolíticos em outros continentes. Embora a demanda por viagens seja sempre capaz de ser resiliente, mudanças repentinas de políticas ou dificuldades adicionais para visitar o país projetam uma imagem menos amigável dos Estados Unidos como destino, o que pode influenciar a intenção de viagem a curto e médio prazo"
Carlos Cendra, sócio e diretor de Marketing e Comunicações da Mabrian
Tendências divergentes nas Américas e na Ásia
- A pesquisa identifica três cenários regionais distintos para a intenção de viagem das Américas e da Ásia. Japão e Brasil mostram uma tendência de declínio na demanda inspiracional (como vimos acima). Por outro lado, o compartilhamento de buscas do mercado japonês para viagens aos EUA nos próximos seis meses, atualmente em 4,1%, permanece abaixo dos números do ano passado, não mostrando sinais de recuperação para as próximas semanas.
- Esse duplo efeito também é evidente para o mercado canadense. O Índice de Compartilhamento de Buscas (22,3%) tem sido bastante estável desde janeiro de 2025, mostrando uma tendência de demanda semelhante à do ano passado, mas a intenção de viagem não está se convertendo em reservas reais como em 2024, já que os passageiros brutos reservados diminuíram (-15,7% em fevereiro e -14,5% em março). No final de março, a demanda canadense estava ganhando impulso, melhorando o número de passageiros confirmados em +18,7% ano a ano, uma tendência frágil que dependerá dos desenvolvimentos das próximas semanas.
- México e Índia também mostram um impulso positivo em termos de demanda inspiracional, que deve ser monitorado, pois a evolução semanal do Índice de Compartilhamento de Buscas em ambos os mercados desde janeiro de 2025 tem sido instável. Apesar da evolução semanal volátil do Índice de Compartilhamento de Buscas do México (32,1%), a tendência geral permanece positiva; enquanto a Índia superou os níveis de intenção de viagem de 2024 no final de março, mesmo após declínios no início de 2025, sugerindo um interesse crescente.
- Outros principais mercados de origem asiáticos para os EUA, como China e Coreia do Sul, mostraram um aumento na demanda – crescendo em média +1,5 e +1,4 pontos percentuais por semana, respectivamente. Desde janeiro de 2025, o Índice de Compartilhamento de Buscas para a China (9,1%) e a Coreia do Sul (6,7%) tem consistentemente superado os níveis de 2024 semanalmente. Essa tendência de alta também se reflete nos dados de reservas confirmadas, com o número de sul-coreanos dobrando em comparação com março de 2024, e o de chineses aumentando +40% em fevereiro e +23% em março.