Presidente da Itapemirim nega quebra e diz a jornal que Ita voltará a voar
Presidente da Itapemirim diz que empresa não está quebrada e que há fundos interessados
Em entrevista ao Estadão, o presidente do Grupo Itapemirim, Sidnei Piva, nega vários fatos relacionados à crise da Ita Transportes Aéreos, que suspendeu suas operações em 17 de dezembro, deixando milhares de passageiros sem viajar. Piva ainda acredita na volta das operações e em aportes de bancos nacionais, mas uma vez mais se recusou a dizer quais seriam esses investidores interessados.
Ao lançar a Ita, havia prometido a parceria com um fundo árabe, que injetaria US$ 500 milhões na empresa. O dinheiro, obviamente, nunca chegou, ou a companhia não teria enfrentado os problemas de sua largada. Na semana passada, o CEO da aérea, Adalberto Bogsan, em entrevista ao Portal PANROTAS, também mencionou um fundo nacional, que injetaria R$ 200 milhões em 30 de novembro. Sem nome, sem dinheiro. A mesma história. E agora Piva afirma que há novos interessados.
Com certificado de operador aéreo suspenso pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), devendo a fornecedores (o combustível estava sendo exigido à vista e empresas terceirizadas, como call center e serviços de aeroportos, não estavam recebendo em dia) e com salários atrasados (a promessa do pagamento de dezembro não se efetivou, nem o 13º salário), além das rescisões, a Ita parou abruptamente, com menos de seis meses de operações.
Paralelamente, surgiram acusações envolvendo a recuperação judicial da Itapemirim, a abertura de uma empresa na Inglaterra e ainda um negócio envolvendo criptomoedas. Na entrevista ao Estadão, ele nega tudo.
Fontes ouvidas pelo Portal PANROTAS contestam vários fatos divulgados pelos porta-vozes da Ita: os salários estão sim atrasados; não teria havido ataque hacker ao sistema da empresa em outubro (a terceirizada deixou de atender por falta de pagamento); e os pagamentos prometidos para a empresa de aeroporto não teriam ocorrido ou estariam atrasados, daí a suspensão do atendimento.
ENTREVISTA ESTADÃO
“Das companhias aéreas, a Itapemirim é que menos deve”, é uma das frases de Piva ao Estadão. Piva afirma que a empresa Orbital retirou seus funcionários do aeroporto abruptamente e por isso a aérea não conseguiu atender os clientes e teve de suspender operações. A Orbital nega o fato ao Estadão.
E quando a Ita deve voltar?, perguntou o jornal. “Assim que efetivarmos o quadro”, respondeu Piva, dizendo que a burocracia impede que seja ainda este ano. Piva disse que está reunido com possíveis investidores e que a empresa passa por uma reestruturação. “A Ita não está quebrada como todos colocam. Ela está com suas contas regulares.”
“Me considero um grande empreendedor, mas peço que os brasileiros compreendam a dificuldade do empreendedor de ser muito criticado em todos os seus atos.”
MEDIDAS
A Ita Transportes Aéreos está com seu call center funcionando para atender os viajantes(estimados pela empresa em cerca de 50 mil, dos quais 54% já teriam sido atendidos), disse que já processou R$ 7,8 milhões em pedidos de reembolso, está usando os ônibus da Itapemirim para o transporte de alguns desses clientes e que pode ocorrer demora no atendimento devido ao grande volume de clientes.
A Anac diz que está acompanhando todas as ações da empresa após a paralisação dos voos e que a Ita deve dar assistência a todos os clientes. “Ações administrativas estão sendo efetivamente adotadas, sem prejuízo das demais responsabilidades civil, administrativa e penal decorrentes de todos os fatos relacionados ao evento em questão, inclusive por omissão”, disse a agência.
O ProconSP também já notificou a companhia e as entidades do setor, além de lamentarem o ocorrido, pedem ação do governo para que fatos como esse não voltem a ocorrer e o agente de viagens não seja solidário em um problema sobre o qual não tem controle e que se trata de uma concessão dada e fiscalizada pelo governo.
A entrevista completa do Estadão está disponível neste link e há uma promessa de que Piva dará entrevista a um programa de TV nas próximas horas.