Qual o futuro da Adit e do setor multipropriedade? Martín Diaz responde
Presidente-Executivo da entidade fala sobre expansão, expectativas e crescimento do setor no País
Durante o Adit Share 2024, realizado no Tauá Resort Atibaia, o 100X BRASIL entrevistou Martín Diaz, presidente-executivo da Adit Brasil sobre as futuras expectativas para o evento, impressões sobre a atual edição e o crescimento do mercado de propriedade compartilhada no Brasil.
100X BRASIL - Como o evento, hoje em sua 12ª edição, foi evoluindo em matéria de missão e valores?
Martín Diaz - O Adit Share começou há 12 anos, com cerca de 50 associados e hoje já bate a casa dos 520. Começamos de forma muito pequena, porém com uma grande missão, que é a de ensinar os empresários sobre os desafios e particularidades do setor de multipropriedade e timeshare. São muitas diferenças em relação ao setor de hotelaria tradicional e da venda imobiliária tradicional e a nossa missão sempre foi a de ensinar e debater os diversos aspectos desse produto imobiliário turístico tão único.
Os painéis visam transmitir os ensinamentos de quem esteve disposto a arriscar, logo no início desse mercado, e aproximar esses gestores de quem quer ingressar ou já ingressou no setor.
O nosso foco é trazer os principais empresários do ramo, todos palestrantes C-Level que, com certeza, agregam e muito para a consolidação do setor com sua expertise e cases de sucesso - e também do que não deve ser replicado.
100X BRASIL - Fale um pouco sobre o histórico da Adit Share na consolidação do mercado de propriedade compartilhada no Brasil.
Martín Diaz - O Adit Share começou justamente junto com a chegada do mercado de multipropriedade no Brasil. No começo, não havia sequer uma legislação versando sobre o assunto, e a primeira lei só viria a ser aprovada seis anos depois.
Mesmo assim, a Adit Share tomou para sí essa responsabilidade de guiar os empreendedores por esse setor, pautando-se em exemplos do mercado americano e mexicano, e trazendo o que há de melhor em questão de práticas positivas e players relevantes no mercado.
A lei de propriedade compartilhada é de 2018 e foi um verdadeiro marco no setor. Porém, antes disso, já existiam negócios que estavam se arriscando nesse modelo, com a ajuda e a atuação visionária de Felipe Cavalcante, fundador da Adit e presidente da instituição na época, que prestarou auxílio para o desenvolvimento desse setor antes que a legislação sequer fosse proposta e sem nenhuma referência nacional.
A Adit ajudou de fato na criação dessa lei e na consolidação do mercado como ele é estruturado hoje no Brasil. Sentimos muito orgulho dessa atuação, pois ela foi feita de forma pioneira e muito corajosa por pessoas dispostas a arriscar e aprender ao longo do processo, permitindo que o setor, hoje, tenha um valor projetado de R$ 79 bilhões em negócios. Para se ter uma ideia, no começo da nossa atuação, a Adit sofria até com a falta de patrocinadores institucionais, pois os investidores não queriam se associar ao um mercado ainda não regulamentado.
100X BRASIL - O que mudou com a regulamentação da lei de multipropriedade?
Martín Diaz - Com a lei, o setor viu um crescimento vertical de no mínimo dois digitos ano a ano. Hoje, é uma indústria que ainda não está madura, mas que já passou da fase de engatinhar e já possui muitos cases daquilo que deve ser feito e do que não deve ser replicado.
Já percebemos empresas que estão muito consolidadas nesse mercado, mas que no início quebraram muito a cara para entender e desbravar esse mercado.
Para quem chega hoje, é uma indústria muito segura e promissora. Nós acreditamos muito nesse modelo de propriedade compartilhada, que é um modelo inteligente e sustentável, que explora um conceito cada vez mais moderno: por que eu preciso de um imóvel de férias o ano todo se eu só vou usufruir dele durante poucas semanas? Assim como a Uber, ou como é feito com aluguel compartilhada de lanchas, helicópteros e outros itens de alto custo, a propriedade também pode ser pensada de maneira mais inteligente e sustentável.
100X BRASIL - Como você enxerga o crescimento da Adit Share nos próximos anos?
Martín Diaz - 95% dos players que trabalham nesse setor de multipropriedade e timeshare são associados da Adit, pois é o primeiro e único fórum que debate esse mercado. O que funcionou como um porto seguro para os investidores no começo desse mercado, hoje é um ponto de encontro dos principais players e um espaço de debate de ideias, conhecimento e networking que contribui para consolidar o setor no Brasil.
Com um crescimento do mercado de propriedade compartilhada na casa de 30% ao ano, temos certeza que o evento também irá crescer, tanto em número de associados quanto em número de eventos, palestras e atividades.
Apesar de projetar um crescimento de Adit ano a ano, temos muito cuidado em escolher os associados certos para o nosso hub. Nós fazemos questão que os participantes da Adit sejam players de grande relevância no mercado de propriedade compartilhada e que tenham atuação real nesse setor, agregando para toda a comunidade. Nós fazemos esse controle até com a questão de precificação de ticket, para garantir a entrada de players significativos.
Nós temos um cuidado muito grande em cuidar e preservar o setor como um todo, tentando ensinar e transmitir as melhores práticas possíveis. Acreditamos que, quando um player comete algum erro, isso prejudica o setor como um todo, pois nossos associados respondem por toda a cadeia desse mercado, podendo manchar a atuação de outras empresas. Por isso, o cuidado com a capacitação e troca de experiências é muito grande.
100X BRASIL - Como você enxerga a atuação da imprensa, mesmo a segmentada em Turismo, em relação ao mercado de propriedade compartilhada?
Martín Diaz - Embora promissor e lucrativo, há muito desconhecimento do setor, mesmo por parte da imprensa e, até mesmo, da empresa especializada em Turismo. Falta uma percepção de que o mercado de propriedade compartilhada é seguro, lucrativo e promissor, não só da imprensa mas como do mercado de capitais, dos empresários de maneira geral e até mesmo do poder público. A nossa missão é justamente desmistificar e trazer segurança para quem quer ingressar.
Apesar da baixa cobertura da imprensa, de maneira geral, enxergo de maneira positiva o aumento de interesse por parte de alguns veículos em cobrir esse tipo de mercado, que ano a ano apresenta resultados positivos.
100X BRASIL - Passada a pandemia, há uma projeção de crescimento ainda maior para os próximos anos no mercado de propriedade compartilhada?
Martín Diaz - Por incrível que pareça, o nosso segmento foi muito pouco afetado pela pandemia, em comparação com a hotelaria tradicional. O nosso modelo mostrou-se mais seguro para o consumidor nesse período e mostrou crescimento mesmo nos anos mais complicados de lockdown. As taxas de cancelamento quase não variaram nesse período. Dito isso, compartilho com a opinião de 100% dos palestrantes de que o mercado só tende a lançar cada vez mais empreendimentos, com potencial de crescimento indefinido, uma vez que há muitos destinos que ainda não possuem nenhum projeto de multipropriedade em seu território.