Presidente da Abracorp crava 2025 como o ano das TMCs; veja panorama
Dos 11 setores analisados em 2024, oito superaram o ano de 2019, sendo rodoviário o melhor desempenho
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As TMCs da Associação Brasileira de Agências de Viagens Corporativas (Abracorp) se mantiveram estáveis em faturamento em 2024 em relação ao ano anterior. Houve um leve crescimento ante 2023, de pouco menos de 1%. Em ambos períodos, o faturamento das agências de viagens corporativas associadas ficou na casa dos R$ 13,5 bilhões, superando os níveis de 2019, pré-pandemia (R$ 11,388 bilhões).
Dos 11 setores analisados em 2024, oito superaram 2019. Aquele com melhor desempenho em crescimento, pelo terceiro ano consecutivo, foi o rodoviário, com um faturamento 440% superior ao do ano pré-pandemia. O setor de locação de veículos ficou 105% acima de 2019, enquanto a hotelaria cresceu 42% em relação ao mesmo ano.
Diante de tal cenário, as perspectivas da Abracorp para 2025 seguem promissoras. Para a associação, este será o ano das TMCs brasileiras, que estão mais estruturadas do que nunca para oferecer um serviço diferenciado, personalizado e eficiente aos clientes. Para a maioria das agências de viagens, vivemos a consolidação da retomada.
Um ano positivo
Segundo o presidente do Conselho de Administração da Abracorp, Siderley Santos, o crescimento, ainda que leve, é reflexo de um aumento em todos os segmentos dentro da cadeia produtiva do setor.
"A Abracorp cresceu em todos os níveis. Mas não estamos falando apenas de faturamento. Isso é reflexo do aumento no número de vendas, em tíquetes emitidos, reservas de hotéis e carros”, apontou ele.
Tudo isso culminou para a grande conquista da Abracorp em 2024: a consolidação da retomada, com o equilíbrio financeiro da cadeia.
...Apesar dos empecilhos
O setor de viagens corporativas cresce, mas não sem desafios. Uma das principais dificuldades, ainda como herança da pandemia, é a falta de mão de obra qualificada nas empresas do segmento, aponta Siderley Santos.
“Nossa maior dificuldade vem sendo a recuperação na qualidade do trabalho desde a pandemia. Ela não atingiu a mesma maturidade de antes. Muitos profissionais fugiram do setor em diferentes áreas, seja em agências de viagens, rede hoteleira, nas aéreas ou nos próprios clientes”, disse.
Outro reflexo pós-pandêmico é a menor oferta de voos. “Os voos e aeroportos estão lotados, mas as decolagens têm uma menor frequência do que em 2019. Há uma projeção para que isso melhore neste ano. Com a movimentação entre Azul e Gol, espero que não seja um empecilho”, destacou Siderley.
E por falar em Azul e Gol
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O ano de 2025 começou quente, com Azul e Gol assinando um memorando de entendimento para uma possível fusão entre duas das três principais companhias aéreas do mercado brasileiro. Em viagens corporativas, as duas, ao lado da Latam, detêm rotas e públicos específicos.
“Cada TMC tem uma particularidade em vendas de aéreo. A Azul, por ter exclusividade em algumas rotas, se destaca historicamente. A Latam cresceu bastante no nosso setor e é carro chefe dos associados Abracorp. A Gol, pela sua reestruturação, acabou ficando um pouco pra trás”, apontou o presidente da Associação.
Em números: em 2024, a Latam foi líder em viagens corporativas, com faturamento, no doméstico, de R$ 2 bilhões. Já em viagens internacionais fechou o ano com 2% acima de 202, faturamento de R$ 599 milhões. A maior queda ocorreu na Gol, com R$ 1,6 bilhão no mercado nacional, 16% menor ao registrado em 2023.
Mas, afinal, a fusão entre Azul e Gol é boa ou ruim para o mercado? Siderley Santos se preocupa com o negócio, mas também pondera que ter apenas duas companhias aéreas em um país não é algo tão incomum.
“Para o setor com um todo é ruim ter apenas duas companhias aéreas. Mas quando fazemos uma analogia com a realidade de fora, principalmente em países europeus e do Oriente Médio, o que dita a regra é uma companhia aérea só, deixando de lado as low costs. Os Estados Unidos têm um perfil um pouco diferente, com algumas aéreas que disputam entre si, mas no Brasil essa quadro é mais complicado”, explicou.
Ainda assim, para Siderley, a possível fusão entre Gol e Azul pode sofrer surpresas ao longo deste ano, dependendo da aprovação do Cade e de muita burocracia. O que o preocupa mais são as situações das companhias e como será o processo para competir com a Latam.
“Quando tratamos e especulamos essa movimentação, já com a assinatura de um memorando, temos de nos perguntar: como ficam as dívidas da Gol e da Azul? Como vão conseguir mais aeronaves? Como vão competir com a Latam? Como o Cade está vendo tudo isso? Colocando todas essas questões na mesa, temos de entender que não é um processo rápido até - e se - o Cade aprovar”.
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Locação de veículos
O ano de 2024 foi marcado por algumas polêmicas com fornecedores de grande impacto da cadeia de viagens corporativas. A questão com a Localiza, por exemplo, que adotou uma “mudança súbita e radical no modelo comercial anteriormente estabelecido", segue no mesmo pé para a Abracorp: “a gente vai ser mais parceiro de quem também é nosso parceiro”, enfatizou Siderley.
Em 2023, as TMCs associadas movimentaram mais de R$ 400 milhões em locação de veículos, sendo que cerca de 60% desse valor (R$ 240 milhões) correspondia a vendas realizadas com a Localiza. Com a movimentação da locadora, a Localiza perdeu share e a Movida cresceu “onde era possível”.
“Esperamos uma mudança de rota e um reconhecimento no canal de distribuição das TMCs. Não é fácil distribuir um produto, é necessária uma capacitação, um treinamento, uma mão de obra qualificada e isso tudo custa dinheiro e tempo para as TMCs”, disse o presidente da Abracorp.
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Os rumos da Abracorp
Uma nova gestão assumiu a Abracorp em 2024. À frente deste novo quadro desde o início do ano, o presidente do Conselho Siderley Santos destaca eventos importantes e a aproximação com as associadas. Para 2025 os rumos devem ser parecidos, segundo ele.
Há um extenso calendário de compromissos e a recepção de novos associados na Abracorp, que já pleiteiam a entrada. Ano passado a associação perdeu a CWT de seu quadro, mas ficou no 1x1 com a entrada de uma nova TMC, a LCA.
Novo diretor executivo
Este começo de ano também teve novidades na direção executiva da Abracorp, com a chegada de Douglas Camargo ao cargo que foi deixado por Humberto Machado no começo de janeiro.
O novo executivo também reforçou a importância em buscar novos associados e de que estes sejam, principalmente, qualificados, reforçando a influência da Abracorp no setor de viagens corporativas. “O caminho está aberto para continuar crescendo, mesmo com inflação e dólar”, apontou Siderley.
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Tecnologia e humanização
Tecnologia é um dos maiores alvos de investimento no setor de viagens corporativas e é uma das tendências apontadas por Siderley para o segmento neste ano. A modernização de processos já vem acontecendo há tempos, com TMCs olhando cada vez mais atentamente a tecnologia e qualificação da mão de obra para uma boa entrega.
Ainda assim, ele reforça que o diferencial das agências não pode ser deixado de lado: a humanização. “Precisamos que o mercado continue acreditando e respeitando o trabalho da TMCs, porque é um trabalho muito importante. Por mais tecnologia que possa ser implantada em todo o processo das viagens corporativas, o que faz diferença são as pessoas e o atendimento”, destacou Siderley.
Para tanto, Siderley acredita que 2025 é o ano-chave para as viagens corporativas e para as TMCs brasileiras: “Nas nossas reuniões vemos com muito orgulho essa movimentação, com uma melhor entrega, boa consultoria, tarifas menores, busca pelo melhor preço. 2025 é o ano das TMCs. O ano em que elas estão mais preparadas para o cliente”.
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