Quais são os usos e perigos do ChatGPT no Turismo?
Rudy Daniello, VP da Amadeus Cytric Solutions, explorou o futuro da ferramenta no planejamento de viagens
Pode ser difícil obter uma visão geral do que o ChatGPT pode significar para o futuro da indústria de viagens – ou, de fato, para a humanidade. Embora muitos tenham uma opinião, há poucos especialistas capazes de oferecer uma visão definitiva. Com essa ressalva em mente, Rudy Daniello, vice-presidente executivo da Amadeus Cytric Solutions, escreveu um artigo divulgado na PhocusWire, explorando onde estamos atualmente em relação à tecnologia, e onde podemos acabar.
"O ChatGPT – e o campo mais amplo de “inteligência artificial generativa” – é um campo de tremendas possibilidades. Essa tecnologia em rápida evolução tem o potencial de transformar tudo o que fazemos. Ao mesmo tempo, é importante lembrar que os usos comerciais, no setor de Viagens e outros, são atualmente limitados. É a distância entre esse potencial claro e a aplicação atual que está causando muita incerteza."
Rudy Daniello, VP da Amadeus Cytric Solutions
Possibilidades infinitas
Daniello defende que, em um futuro próximo, o ChatGPT poderá impactar os viajantes em cada etapa da jornada, podendo ser usada no planejamento de viagens, por exemplo.
"Imagine se um viajante pudesse dizer: “Ei, eu quero fazer atividades baseadas na natureza no Sudeste Asiático. Tenho duas semanas, e esta é a minha faixa de preço. O que você recomenda?" e eles receberiam um itinerário completo da viagem em apenas alguns segundos, incluindo voos, hotéis, passagens de trem e transfers para reservar. Isso pode revolucionar a forma como as pessoas pesquisam e reservam viagens", explicou o executivo.
Durante a viagem, os serviços de tradução instantânea com inteligência artificial podem facilitar para os viajantes negociar alterações de última hora diretamente com anfitriões que não falam o mesmo idioma. Os modelos de aprendizado de máquina também podem informar automaticamente um host sobre uma chegada tardia ao hotel devido a um voo atrasado ou permitir que eles alterem as reservas no local.
A ferramenta também pode ajudar as empresas de viagens a analisar o feedback dos clientes e identificar tendências ou padrões, fornecendo informações valiosas sobre o sentimento do cliente e oportunidades de personalização.
Onde estamos hoje?
A Amadeus, de Daniello, recentemente trabalhou ao lado da Microsoft e da Accenture na área de inteligência artificial e está desenvolvendo um assistente de viagem interativo generativo alimentado por IA para a plataforma de viagens e despesas Cytric Easy.
"Aproveitando as tecnologias da Microsoft, incluindo Teams e ChatGPT da OpenAI, a ferramenta digital ajudará os viajantes corporativos em todos os elementos de sua jornada – desde o planejamento, reserva e pré-partida, até a viagem e pós-viagem – ao mesmo tempo em que se alinha com as preferências dos viajantes e as políticas dos empregadores para uma experiência mais eficiente, intuitiva e econômica. Em suma, estamos começando a alavancar os recursos descritos acima", explicou Daniello.
Como podemos reduzir os riscos?
No entanto, ainda há muita incerteza sobre o que o ChatGPT pode alcançar – com poucas informações confiáveis disponíveis. Isso levou à especulação, com opiniões variando do otimismo utópico ao alarmismo pessimista. A Amadeus e Daniello também reconheceram o potencial de perigo neste espaço em rápida evolução. Em resposta, desenvolveram princípios que orientam o desenvolvimento da IA e seus usos na empresa.
"Acreditamos que os sistemas de IA devem tratar todas as pessoas de maneira justa, ao mesmo tempo em que devem funcionar de maneira confiável e segura. Os sistemas de IA também devem ser seguros e respeitar a privacidade, além de serem transparentes e responsáveis. Finalmente, os sistemas de IA devem ser sustentáveis", defende Daniello.
O VP da Amadeus Cytric Solutions citou que o grande risco do ChatGPT é o grande volume de dados com o qual foi treinado. O ChatGPT 3 foi treinado com 17 bilhões de parâmetros treináveis e 45 terabytes de dados, por exemplo. "Em outras palavras, o ChatGPT leu mais texto do que qualquer pessoa lerá na vida. Na verdade, é muito mais do que isso; nas próprias palavras do ChatGPT é estimado em cerca de 500 mil anos", explica Daniello.
Questões de Daniello
- "À medida em que os aplicativos comerciais para a ferramenta se desenvolvem, os usuários terão que navegar pelo uso de dados pessoais dentro das soluções. Como podemos utilizar as informações sobre um viajante para melhorar sua viagem, sem expor essas informações a terceiros que podem não usá-las adequadamente?
- O mesmo se aplica a informações comercialmente sensíveis. Como podemos criar aplicativos para nossos parceiros usarem sem correr o risco de que material que deve permanecer secreto seja passado para mãos erradas?
- Muitas das respostas virão da Lei de Inteligência Artificial da Europa, que está atualmente em desenvolvimento. Isso representará a primeira lei sobre IA de um grande regulador, em qualquer lugar. Internamente, os atores do setor privado desenvolverão regras de forma colaborativa à medida que o setor se desenvolve."