Gunter Pauli, ‘pai’ da economia azul, defende soluções inovadoras para erradicar a pobreza
Palestra do economista belga é destaque do segundo dia do congresso global Tomorrow Blue Economy
NITERÓI (RJ) - Hoje é o segundo e último dia do Tomorrow Blue Economy, congresso global de economia azul, ou oceânica, realizado pela iCities e a Fira Barcelona, O auditório principal do Teatro Popular Oscar Niemeyer estava lotado para assistir ao keynote speaker Gunter Pauli, criador do conceito de economia azul.
Caio de Castro, um dos sócios da consultora iCities, baseada em Curitiba, apresentou Gunter Pauli, que entrou no palco sob aplausos e até assobios dos muitos jovens na plateia. O tema da palestra do economista e empresário belga foi “Economia azul: soluções empreendedoras para o bem comum impulsionando a erradicação da pobreza”:
“Semana passada estava em Cuba, e lá me chamam de Che Guevara da sustentabilidade. Não tenho arma, mas quero mudar o mundo fazendo o bem. Para isso, a primeira coisa ser feita é olhar a realidade nos olhos. Só assim você consegue imaginar algo diferente”, disse ele.
De sua breve passagem por Niterói, Gunter Pauli pinçou dois exemplos do segmento de hospitalidade que têm tudo a ver com o setor de Viagens e Turismo:
“Enquanto os hotéis tiverem garrafas de plástico, você continuará vendo plástico na água. E se há plástico na água, é preciso mudar a realidade. Fui a um pequeno restaurante em Niterói, muito simpático, e o único peixe que tinha era tilápia. Por que vocês estão à beira-mar comendo um peixe de água doce que pode ser geneticamente modificado? Quem tomou essa decisão? Quero me manter focado nos problemas. Só assim mudamos a realidade”
Gunter Pauli
Gunter destacou a importância de não se deixar abater pelo pessimismo. “Quando olhamos para realidades que vieram antes, temos que nos manter positivos. Há pessoas inspiradores no mundo de hoje, inclusive no Brasil. Você não pode dizer aos outros o que fazer, se você mesmo não fizer. Se só tiver água em garrafa de plástico, não beba”.
Economia azul tem a ver com qualidade de vida. E isso passa pela geração de renda:
“O bem-estar e a qualidade de vida só vão melhorar quando acabarmos com a pobreza. Esta é uma decisão que temos que tomar. Quando há muito pobreza, as pessoas não têm onde morar. Ou vivem em favelas, como vocês chamam em português. A economia azul não será azul se não tivermos padrões muito altos. A pobreza já prejudicou demais a qualidade de vida”
Gunter Pauli
Um exemplo brasileiro de como economia azul pode gerar trabalho e, consequentemente, renda: as fazendas de algas marinhas. Alga marinha é uma commodity valorizada e benéfica para a alimentação, o meio ambiente e a indústria. Para Gunter, o Brasil, com oito mil quilômetros de costa, tem vocação para ser líder em um setor hoje dominado pela China:
“Quando você investe em economia azul, você muda as regras do jogo. É preciso desenvolver novas tecnologias e criar smart seas. As tecnologias das smart cities não funcionam no mar. A lógica atual diz que estou sonhando. Por isso gasto 50% do meu tempo empreendendo, fazendo as coisas andarem, e os outros 50% escrevendo livros, palestrando e inspirando as pessoas. Nunca podemos perder uma oportunidade de inspirar alguém”.
A PANROTAS é media partner do Tomorrow Blue Economy Niterói. Por Carla Lencastre, especial para o Portal PANROTAS.