Canais off-line lideram vendas no Turismo na América Latina; venda direta é maior ameaça
Venda indireta (OTAs mais off-line) tem projeção de 73% de share em 2027
PHOENIX – A Phocuswright Conference 2024 começa hoje em Phoenix, no Arizona, com o tema The New (Age)nts, que faz referência a uma nova era no Turismo e também a novos players dessa indústria, especialmente quando falamos de tecnologia e inovação.
A América Latina sempre tem boa presença e destaque no palco do evento, e este ano Damian Scokin, CEO da Despegar, uma vez mais representa a região como painelista, mas na plateia e entre os expositores também haverá muitos representantes Latam, inclusive do Brasil.
A PANROTAS faz a cobertura da conferência e traz em primeira mão a nova edição do estudo da “Phocuswright Latin America Travel Market Report – 2023-2027”, que aponta que, apesar da volatilidade política da América Latina, há boas razões para apostar no setor de Viagens e Turismo na região, já que o PIB da região cresceu 2,2% em 2023, liderado pelos 3,2% do México. O desemprego caiu para 6,5%, menor valor em dez anos, e a hotelaria tem centenas de novos hotéis sendo construídos ou já anunciados no Brasil, México e Colômbia.
Viagens e Turismo tiveram vendas de US$ 70 bilhões na América Latina, crescimento pelo terceiro ano seguido, com previsão de chegar a quase US$ 100 bilhões em 2027.
Além disso as companhias aéreas latino-americanas estão registrando números recordes de passageiros transportados e expandindo frota (na medida do possível) e rotas para acomodar a demanda. Crescimentos de dois dígitos estão previstos de 2025 a 2027 no setor de Viagens, quando o total de vendas deve chegar a US$ 96 bilhões.
Sobre o Brasil especificamente, o estudo fala da estabilidade econômica, diminuição da pobreza e do tamanho do setor aéreo.
Highlights do estudo da Phocuswright sobre a América Latina
- O mercado de Viagens e Turismo na América Latina cresceu pelo terceiro ano consecutivo, com as vendas aumentando 29% sobre 2022, e alcançando US$ 70,1 bilhões no ano passado.
- O México é o maior mercado da América Latina, respondendo por 45% das vendas de viagens. O Brasil tem 31% de share na região e vem em segundo lugar. Juntos, os dois países respondem por mais de 75% do mercado latino-americano.
- As vendas por meio dos canais off-line representaram mais da metade do total, mas a previsão da Phocuswright é de que este share caia para 46% em 2027.
- As vendas on-line cresceram 32% e chegaram a US$ 33,2 bilhões em 2023 – uma performance melhor que a média do mercado. As OTAs responderam por US$ 17,5 bilhões do total de vendas.
- O Brasil respondeu por 32% das vendas de viagens on-line – com 31% das transações.
- As vendas de OTAs continuam à frente da venda on-line direta de fornecedores, mas também em 2027 isso deve mudar, com essa participação passando dos 50% das vendas on-line – ou US$ 25,9 bilhões.
- Em 2027, a venda direta de fornecedores nos dispositivos móveis (venda mobile) deve chegar a US$ 7,5 bilhões, contra US$ 2,7 bilhões em 2023.
- As maiores vendas por segmento vêm da hotelaria e não do aéreo, como muitos pensam. A hotelaria responde por 47% das vendas na América Latina, chegando a US$ 32,7 bilhões.
- As companhias aéreas vêm em segundo lugar, com 34% do total, ou US$ 28,1 bilhões. No Brasil, o setor aéreo é maior que o hoteleiro, com 21 milhões de passageiros internacionais em 2023 e 51% das vendas. As grandes distâncias que precisam ser cobertas no País justificam a liderança.
- O aluguel de carros respondeu por vendas de US$ 4,1 bilhões e as operadoras ficaram com US$ 5,3 bilhões, mas essas só devem atingir os níveis pré-pandemia em 2027.
- O Brasil teve o maior crescimento entre todos os mercados latino-americanos: aumento de 37% e total de US$ 21,8 bilhões em vendas de viagens em 2023.
- Para 2024, o Brasil deve crescer 7% e chegar a US$ 23,4 bilhões.
- A receita on-line representa 49% de todas as vendas no Brasil.
Off-line ainda domina a região
A penetração da internet na região continua crescendo muito rapidamente, atingindo 78%. O Chile lidera com 90%, seguido da Argentina com 87%. Em 2027 as vendas on-line devem chegar a US$ 51,5 bilhões.
Até lá, o domínio é dos canais tradicionais off-line, que representaram 53% das vendas em 2023, amparados por forte posicionamento entre hotéis, locadoras e operadoras. Em 2027 a previsão é de que o share dos canais on-line caia para 46%, as OTAs chegariam a 27%, mesmo índice previsto para a venda direta dos fornecedores.
De qualquer forma a venda indireta (canais tradicionais mais OTAs) continuará dominando o panorama, com 73% do total de vendas de viagens.
Venda direta
Como já dito em estudos anteriores, os maiores crescimentos têm vindo da venda direta de fornecedores. Em 2023, esse incremento foi de 33%, alcançando US$ 15,7 bilhões. Um aumento de 51% comparado com dados de 2019, antes da pandemia.
Trata-se de algo sem volta mas que traz insights para os agentes de viagens e demais canais:
- a diferenciação (dos demais canais, como as agências de viagens) em relação à venda direta é cada vez mais importante, seja mostrando assistência e expertise, quanto ter todos os produtos em um só lugar;
- o bolo todo deve crescer e se em share o off-line cairá, em volume haverá crescimento;
- o off-line somado às OTAs continuarão sendo a maior fatia absoluta das vendas de viagens, com cerca de 75% do mercado. Portanto, com muito poder de negociação com os fornecedores;
- em share absoluto o off-line continuará líder isolado, com 46%;
- as vendas diretas dos fornecedores no mobile terão crescimentos substanciais (chegando a 29% do total de suas vendas on-line). Seus concorrentes devem, portanto, estar atentos na sua estratégia para esse dispositivo;
- especialmente a aviação terá destaque na venda direta via mobile, com 66% de share na venda direta via dispositivos móveis na região;
- e ainda: muitas OTAs são associadas a meios off-line e os grupos de Turismo tendem a consolidar ainda mais. Portanto, não se trata de uma conta exata.
Dito isso, doa a quem doer, os fornecedores aprenderam a usar as ferramentas e canais certos para vender diretamente aos clientes finais. Na pandemia, vimos como foi problemática a relação com quem queria reembolsos e remarcações, em uma crise de atendimento sem precedentes. Então, não que seja um céu de brigadeiro para todos os fornecedores, que querem crescer a venda direta, mas sabem que há um limite. Até que novas tecnologias mudem tudo de novo.
Destaques do setor aéreo:
- As vendas das companhias aéreas excederam, em 2023, os valores pré-pandemia, chegando a US$ 28,1 bilhões. Elas transportaram 452 milhões de turistas. A maior companhia aérea da região é a Latam Airlines, com forte operação em três dos grandes mercados da América Latina: Chile, Brasil e Colômbia.
- Três companhias aéreas entraram na cena mexicana em 2023: Aerus, Señor Air e uma relançada Mexicana.
- O setor aéreo na região deve encolher 3%, apesar dos bons resultados da maioria das empresas. Além da crise de desvalorização das moedas do México e Argentina, algumas empresas sucumbiram à crise econômica e estão em recuperação, como a brasileira Gol.
O estudo completo da Phocuswright traz em detalhes como é a distribuição em cada segmento (Aviação, Hotelaria, Locadoras e Operadoras) e uma análise de cada um deles nos países, incluindo o Brasil.
Saiba mais em www.phocuswright.com. A empresa é representada no Brasil pela Mapie, que pode ser contatada pelo e-mail da sócia Carolina Sass de Haro: carolina@mapie.com.br.
A PANROTAS viaja a convite da Phocuswight, Delta Air Lines e BWH Hotels, com proteção GTA, e é media partner oficial da Phocuswright Conference 2024