Diretor da Onfly analisa números da retomada para OTAs e CVC Corp
Onfly e seu fundador, Marcelo Linhares, fizeram um levantamento de cinco empresas importantes do setor
A retomada das viagens está acontecendo e as companhias do Turismo vêm registrando cada vez mais buscas e aumento de reservas. Para medir como está a corrida pela recuperação do volume transacionado dos principais players do setor do Brasil, América Latina e mundo, a Onfly e seu fundador, Marcelo Linhares, fizeram um levantamento em formato de artigo de cinco empresas importantes da indústria.
Confira a seguir a posição de cada uma delas, no levantamento da Onfly, com análises do próprio Linhares:
"1 – AIRBNB
Em primeiro lugar está o Airbnb. É a única empresa que está com volume de reservas superior ao terceiro trimestre de 2019. No 3T19, foram US$ 9,7 bilhões em reservas e, no mesmo período de 2021, a plataforma atingiu US$ 11,9 bilhões, o que representa 123% do valor de 2019.
A companhia soube capturar melhor que os outros players este novo consumidor, que está misturando home-office com viagem e ficando em estadas longas. Clientes do Airbnb não estão apenas se hospedando, mas também morando nas hospedagens, algo completamente impensável há dois anos.
2 – BOOKING
A Booking Holdings também divulgou bons resultados no terceiro trimestre deste ano, anunciando, inclusive, recentemente, a compra da Getaroom por aproximadamente US$ 1,2 bilhão para buscar uma maior relevância no mercado de distribuição B2B, hoje dominado pela Expedia.
No último trimestre, a empresa registrou US$ 23,6 bilhões de volume transacionado, 93% do volume do mesmo período de 2019. É provável que, no próximo trimestre, a Booking ultrapasse o volume da pré-pandemia.
Além disso, Booking e Airbnb devem liderar a disputa global pelo setor de Turismo pelos próximos anos.
3 – EXPEDIA
A Expedia, embora com volume de reservas próximo da Booking, sempre teve margens menores que sua concorrente, parte pelo modelo de negócios, que tem uma grande relevância no B2B, que possui margens menores. E também pela participação da Egencia, player do mercado corporativo, que recentemente foi vendida para a Amex.
Para fins de conhecimento, a Egencia fez, em 2019, US$ 8,2 bilhões de volume transacionado, com US$ 608 milhões em receita, um take rate baixo (7,4%) para a indústria. O que pode ter motivado a Expedia a fazer o acordo com a Amex.
No total, a companhia fez US$ 18,7 bilhões no 3T21, contra US$ 23,9 bilhões no mesmo período de 2019, o que representa apenas 78%.
4 – CVC
A CVC hoje é o maior player do segmento de Turismo do Brasil e segunda empresa de capital aberto da América Latina (atualmente, a maior é a Despegar, com US$ 872 milhões).
Já contei sobre o gigantismo da CVC aqui e deixei claro como ela não tinha nenhuma chance de pedir recuperação judicial na pandemia.
A CVC é a empresa com melhor estrutura de capital do setor, com uma capacidade de captação de investimento alta, e arrumou todas as confusões que tinha em relação aos balanços e auditorias do passado, então, fique tranquilo, pode comprar qualquer pacote de viagem com a CVC que você vai ser feliz.
Por outro lado, a empresa está sofrendo com uma concorrência grande de players como 123Milhas e Hurb. O Hurb, inclusive, anunciou que realizou R$ 3,2 bilhões em vendas em 2020. A operadora fez R$ 6,3 bilhões.
A 123Milhas parece que fagocitou toda mídia disponível na internet e no mundo off-line e está se saindo muito maior que seus concorrentes no pós-covid. No estudo que fizemos, baseado nos dados da Similarweb, inclusive, Hurb e 123Milhas estão entre os sites mais acessados do Turismo no Brasil.
Toda esta concorrência parece que está impedindo a CVC de atingir o volume de reservas que ela tinha na pré-pandemia.
Olhando especificamente Brasil, no terceiro trimestre de 2019, a empresa fez R$ 4 bilhões em reservas e, no mesmo período deste ano, ela atingiu R$ 2,5 bilhões, apenas 65% do valor.
O desafio da CVC é provar que ela consegue continuar sendo relevante e protagonista neste novo momento, de pós-covid, com vários insurgentes surgindo, com muita tecnologia e um caminhão de marketing querendo o volume dela.
Submarino Viagens está “apenas” na posição 47, ou seja, no mundo digital, a relevância da CVC ainda é muito baixa.
5 – DESPEGAR/DECOLAR
A Despegar (Decolar) foi, de longe, a que mais sofreu com remarcação e cancelamento de bilhetes. Basta dar uma olhada no Reclame Aqui da empresa que, em 2019, tinha uma nota 7 (classificada como bom) e, agora, está em 4.9, não recomendada segundo critérios do Reclame Aqui.
Outra coisa que influenciou a comparação entre os mesmos períodos é o câmbio. Vamos lembrar que, em 2019, neste período estávamos com um dólar perto de R$ 4. Não imaginávamos que ainda tinha espaço para subir tanto, chegando a uma cotação de R$ 5,56.
Divulgando a receita em dólar, para ter a mesma receita do mesmo período do terceiro trimestre de 2019, a empresa teria de vender 39% a mais.
Se olharmos em número de transações, estamos falando que a companhia atingiu 70% do volume pré-pandemia, sendo 1,9 milhão de transações neste trimestre, contra 2,7 milhões no 3T19. Isto reforça que o maior ofensor do resultado da Despegar é realmente o câmbio.
Além disso, é interessante que, em relação a valor de mercado, a Despegar hoje já está em 83% do valor de mercado pré-pandemia, valendo em bolsa US$ 872 milhões, sendo a maior empresa de Turismo de capital aberto da América Latina."
Confira a seguir a posição de cada uma delas, no levantamento da Onfly, com análises do próprio Linhares:
"1 – AIRBNB
Em primeiro lugar está o Airbnb. É a única empresa que está com volume de reservas superior ao terceiro trimestre de 2019. No 3T19, foram US$ 9,7 bilhões em reservas e, no mesmo período de 2021, a plataforma atingiu US$ 11,9 bilhões, o que representa 123% do valor de 2019.
A companhia soube capturar melhor que os outros players este novo consumidor, que está misturando home-office com viagem e ficando em estadas longas. Clientes do Airbnb não estão apenas se hospedando, mas também morando nas hospedagens, algo completamente impensável há dois anos.
2 – BOOKING
A Booking Holdings também divulgou bons resultados no terceiro trimestre deste ano, anunciando, inclusive, recentemente, a compra da Getaroom por aproximadamente US$ 1,2 bilhão para buscar uma maior relevância no mercado de distribuição B2B, hoje dominado pela Expedia.
No último trimestre, a empresa registrou US$ 23,6 bilhões de volume transacionado, 93% do volume do mesmo período de 2019. É provável que, no próximo trimestre, a Booking ultrapasse o volume da pré-pandemia.
Além disso, Booking e Airbnb devem liderar a disputa global pelo setor de Turismo pelos próximos anos.
3 – EXPEDIA
A Expedia, embora com volume de reservas próximo da Booking, sempre teve margens menores que sua concorrente, parte pelo modelo de negócios, que tem uma grande relevância no B2B, que possui margens menores. E também pela participação da Egencia, player do mercado corporativo, que recentemente foi vendida para a Amex.
Para fins de conhecimento, a Egencia fez, em 2019, US$ 8,2 bilhões de volume transacionado, com US$ 608 milhões em receita, um take rate baixo (7,4%) para a indústria. O que pode ter motivado a Expedia a fazer o acordo com a Amex.
No total, a companhia fez US$ 18,7 bilhões no 3T21, contra US$ 23,9 bilhões no mesmo período de 2019, o que representa apenas 78%.
4 – CVC
A CVC hoje é o maior player do segmento de Turismo do Brasil e segunda empresa de capital aberto da América Latina (atualmente, a maior é a Despegar, com US$ 872 milhões).
Já contei sobre o gigantismo da CVC aqui e deixei claro como ela não tinha nenhuma chance de pedir recuperação judicial na pandemia.
A CVC é a empresa com melhor estrutura de capital do setor, com uma capacidade de captação de investimento alta, e arrumou todas as confusões que tinha em relação aos balanços e auditorias do passado, então, fique tranquilo, pode comprar qualquer pacote de viagem com a CVC que você vai ser feliz.
Por outro lado, a empresa está sofrendo com uma concorrência grande de players como 123Milhas e Hurb. O Hurb, inclusive, anunciou que realizou R$ 3,2 bilhões em vendas em 2020. A operadora fez R$ 6,3 bilhões.
A 123Milhas parece que fagocitou toda mídia disponível na internet e no mundo off-line e está se saindo muito maior que seus concorrentes no pós-covid. No estudo que fizemos, baseado nos dados da Similarweb, inclusive, Hurb e 123Milhas estão entre os sites mais acessados do Turismo no Brasil.
Toda esta concorrência parece que está impedindo a CVC de atingir o volume de reservas que ela tinha na pré-pandemia.
Olhando especificamente Brasil, no terceiro trimestre de 2019, a empresa fez R$ 4 bilhões em reservas e, no mesmo período deste ano, ela atingiu R$ 2,5 bilhões, apenas 65% do valor.
O desafio da CVC é provar que ela consegue continuar sendo relevante e protagonista neste novo momento, de pós-covid, com vários insurgentes surgindo, com muita tecnologia e um caminhão de marketing querendo o volume dela.
Submarino Viagens está “apenas” na posição 47, ou seja, no mundo digital, a relevância da CVC ainda é muito baixa.
5 – DESPEGAR/DECOLAR
A Despegar (Decolar) foi, de longe, a que mais sofreu com remarcação e cancelamento de bilhetes. Basta dar uma olhada no Reclame Aqui da empresa que, em 2019, tinha uma nota 7 (classificada como bom) e, agora, está em 4.9, não recomendada segundo critérios do Reclame Aqui.
Outra coisa que influenciou a comparação entre os mesmos períodos é o câmbio. Vamos lembrar que, em 2019, neste período estávamos com um dólar perto de R$ 4. Não imaginávamos que ainda tinha espaço para subir tanto, chegando a uma cotação de R$ 5,56.
Divulgando a receita em dólar, para ter a mesma receita do mesmo período do terceiro trimestre de 2019, a empresa teria de vender 39% a mais.
Se olharmos em número de transações, estamos falando que a companhia atingiu 70% do volume pré-pandemia, sendo 1,9 milhão de transações neste trimestre, contra 2,7 milhões no 3T19. Isto reforça que o maior ofensor do resultado da Despegar é realmente o câmbio.
Além disso, é interessante que, em relação a valor de mercado, a Despegar hoje já está em 83% do valor de mercado pré-pandemia, valendo em bolsa US$ 872 milhões, sendo a maior empresa de Turismo de capital aberto da América Latina."