Da Redação   |   28/09/2020 12:56
Atualizada em 28/09/2020 14:13

Retomada já acontece e Turismo vai se superar, diz especialista

Leia o novo artigo do especialista em Branding Luis Grottera no Portal PANROTAS


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Luis Grottera
Luis Grottera
Depois de escrever um dos artigos de maior audiência durante este período de pandemia no Portal PANROTAS, o especialista em Branding, Marketing e Gestão Luis Grottera, da Rosenberg Grottera Business e Branding, reforçou sua opinião, agora com dados e não em tom de previsão. Para ele, o Turismo ganhará muita força pós-crise, devido à natureza humana, à demanda represada e outros fatores, mas o setor não será exatamente reinventado, com mudanças drásticas. Aliás, isso já vem acontecendo, segundo Grottera.

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Imagem enviada pelo articulista mostra o arpoador no feriado de 7 de setembro
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Leia o artigo na íntegra:

Conforme anunciado, a Retomada já Acontece. Indústria do Turismo vai ganhar mercado

Por Luis Grottera*

Em abril de 2020, ano que será inesquecível por tantas tristezas, tive a ousadia de escrever a respeito de um sentimento que me fazia pensar e chegar sempre na mesma conclusão: apesar da grande porrada tomada pela pandemia (imaginem que o REVPAR de julho de 2020 foi 76% abaixo do mesmo mês em 2019, sendo que nas grandes capitais, como São Paulo, 87% a menos, segundo a HotelInvest), o Turismo ia se recuperar mais rapidamente do que naquele momento se previa. Mais do que isso, todas as lógicas que conseguia analisar naquele momento, me indicavam que em médio prazo o segmento terá um crescimento real.

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Imagem enviada pelo articulista mostra praia de Bournemouth, na Inglaterra
Imagem enviada pelo articulista mostra praia de Bournemouth, na Inglaterra
Eu não acredito no ‘novo normal’. Acredito que coisas vão mudar. Talvez um pouco mais rápido que no velho normal. Mas não consigo ver uma revolução de hábitos e nem mudanças de paradigmas muito além do que o ser humano já vem fazendo.

Em 14 de abril, o Portal PANROTAS publicou meu artigo A indústria vai ganhar mercado pós-crise. Foi uma verdadeira catarse. Recebi mensagens por diferentes canais, até de profissionais e pessoas desconhecidas, concordando ou aceitando ou pelo menos, agradecendo, para em um momento tão difícil, trazer uma fotografia alentadora da realidade. Mas não foram poucos os que me chamaram apenas de ‘otimista’. A todos repeti a mesma mensagem: o que distingue um planejador é sua capacidade de ler o futuro. Especialmente na área de branding. Eu não “chuto” sobre o futuro, eu faço previsões. Prever é uma técnica e uma habilidade, cuja base é formada por um tripé: fatos + lógica + intuição. Isso não quer dizer que eu não erre. É impossível não errar, quando se propõe a imaginar o futuro. Mas minha vida profissional de 50 anos como publicitário, marqueteiro e, nos últimos dez, de brander, me deixam seguro que os acertos são em número bem maior que os erros. Os cases estão aí.

A essência do raciocínio em que se baseia o artigo passava por essa reflexão: o Turismo vai sofrer transformações. Como em toda recessão, alguns players do setor vão ganhar share, outros perderão, os que já vinham com problemas correrão risco sério. Mas não creio que terá mudanças estruturais e que haverá uma reinvenção. Até porque o Turismo é uma indústria que já vem passando por transformações profundas na última década. Não conheço nenhuma indústria que mudou tanto na área de comercialização e distribuição. Não há nenhum negócio tão multichannel.

Por outro lado, acredito que haverá uma mudança dos valores dos consumidores pós-coronavírus: "o crescimento da importância do SER, em contraposição ao TER. Nada adiantou TER um supercarro, parado durante a quarentena. Nada adiantou TER a maior e melhor televisão do mercado, se o dono dela ficou com os olhos grudados para assistir a notícias ruins, que só ampliavam o seu medo. Armários lotados de roupas não utilizadas, relógios caros que marcavam um tempo inerte. Em compensação, fez muita diferença SER uma pessoa com a cabeça mais aberta, com uma visão de mundo mais ampla, com a dimensão da vida pelo País e pelo mundo, com uma relação mais íntima com a natureza.”

Passados cinco meses. A indústria do Turismo está em rebuliço. Muita coisa acontecendo. Muitas empresas se mexendo. Há um frenesi no sentido de se recuperar o mercado, para se fazer mais e melhor. Os players, os métodos, os processos estão sendo recriados. E pouco a pouco, vai se revelando uma foto que tem tudo a ver com o que fotografei no auge da quarentena.

No dia 23 de setembro, o Portal PANROTAS publicou uma matéria com Leonel Andrade, presidente da CVC Corp, com suas 1,2 mil lojas vivendo de vender Turismo, na qual afirma que “o Réveillon já está esgotado e os preços em recuperação”. Claro que alguns poderão dizer que estou sendo otimista, afinal a CVC registra uma movimentação de 40% dos níveis pré-pandemia e estima fechar o ano com 50%. As empresas aéreas do Brasil estão estimando chegar em dezembro e janeiro com 70% do volume de um ano antes. A mesma CVC comunicou a contratação de 150 voos fretados para o Nordeste na alta estação.

Afinal, o copo está meio vazio ou meio cheio? Claro que um pessimista vai chorar o mercado perdido. Caia na real! O seu plano de negócios fechado no ano passado virou pura ficção. A realidade é outra. Do ponto de vista econômico, a covid-19 foi pior que uma guerra mundial. Conversei com inúmeros economistas que me afirmaram que a humanidade tem informação acumulada para estudar efeitos de uma guerra. Mas a semi-paralisação da economia, por decisão própria, em 90% da economia global, ninguém sabe como lidar com isso. Para mim, chegar ao final do ano com 50% da estimativa pré-pandemia, no trade líder de mercado, é para se comemorar! Fechar o ano com 20% a 30% abaixo do pré-pandemia é um luxo só!

Há muitas e diversas fontes do setor dando boas notícias. Peguem como exemplo o caso de Campos do Jordão (SP). Olhem essa imagem do levantamento realizado pelo Situr, uma ferramenta poderosa que cada vez mais municípios vão conhecendo, com base em dados da plataforma Booking.com. Perceba como o número de ofertas vai caindo semana após semana, e os preços médios vão subindo. Sinais evidentes de demanda. Segundo o Secretário de Turismo de Campos, André Barbedo, “a fase de flexibilização com 70% de disponibilidade foi plenamente alcançada e agora a cidade de está se preparando para a liberação de 100% de ocupação". Com preços chegando próximos das médias históricas.

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Falando com a dirigente da maior operadora da Serra Gaúcha, Any Brocker Guimarães, da Brocker Turismo, o nível de negócios de setembro já foi muito bom. E projeta um final de ano acima de todas expectativas em dezembro. O Secretário de Turismo de Canela, Ângelo Thuler, confirma a informação.

Os negócios estão crescendo em todas as áreas. Conversei com Glênio Cedrim, Presidente do Maceió Convention e Visitors Bureau, e os hotéis urbanos da cidade vão entrar em outubro entre 50% e 60% de ocupação. Dezembro estima-se 80%. E a expectativa que o famoso Réveillon de Barra de São Miguel, assim como o de Milagres, vá repetir a performance dos últimos anos. Alagoas, diga-se de passagem, está há 14 semanas com quedas constantes de número de mortos pela covid-19.

Outro segmento de Turismo muito esperançoso é o de aventura, um setor que tem uma infinidade de players, muitos de pequenos empresários, e que já começam a ver seus negócios ganharem giro. Vinícius Martins, sócio proprietário da MSV Adventure e diretor de Mercados da Abeta, resume aqui um exemplo da retomada nesse setor: “A charmosa cidade verde, localizada na região do Vale do Paranhana, tem como uma de suas vocações o Turismo de Natureza e Aventura. O maior case de aventura do Sul do Brasil volta a respirar, os três parques e cinco operadoras do destino retomaram suas atividades no dia 5 de setembro com redução de capacidade de carga, respeitando todos os protocolos sanitários e medidas de distanciamento social. O destino já opera com 50% da sua capacidade atual.”

O segmento que mais vem enfrentando problemas são os hotéis urbanos, das grandes cidades brasileiras, especialmente dependente das viagens corporativas. Em reunião com Guilherme Martini, COO da Atlântica Hotels, me traçou um cenário claro e muito profissional. O segmento, em abril, amargou menos de 10% de ocupação. Mas a Atlântica já está em torno de 30% e chega em dezembro nos 40%. “Os sinais positivos vão aparecendo dia a dia. Em setembro tivemos um aumento de 75% de receita contra agosto, diretamente no nosso site, mostrando que pode estar havendo uma mudança no perfil de viagem a lazer”, resumiu Martini. Para melhorar as perspectivas do setor, em 24 de setembro foi assinado o protocolo que permite a volta de eventos em São Paulo.

O Turismo vai experimentando novas ideias, novos conceitos. Como se diz na cultura popular, ‘a necessidade é mãe da criatividade”. Pegue o exemplo da venda de diárias promocionais para usar até o final do ano. Uma solução inteligente para atenuar a crise do caixa. Ou analise o que Gustavo Syllos, consultor na área de Marketing e Trade destaca: “...acho importante ressaltar que o brasileiro aprendeu e ampliou a transacionar on-line. Isso muda a relação de distribuição, setor que já se destacava nisso. Nunca foi tão importante o conceito de simplicidade e usabilidade, seja para intermediários ou para os fornecedores".

E pra encerrar, uma frase do blogueiro Ricardo Freire, do Viaje na Viagem, um dos maiores conhecedores do segmento no Brasil, com um site de mais de quatro milhões de page views: “No momento em que as pessoas se sentirem seguras, muita gente vai marcar viagem ao mesmo tempo e, se a gente tiver verão, será uma temporada fortíssima, porque todo mundo vai querer se vingar dessa quarentena.” Infelizmente bem antes do carnaval a vingança já se manifestou, como pode ver visto nas fotos das praias inglesas e brasileiras em 7 de setembro. A "vingança" já começou.

Juntando tudo isso, me parece um cenário muito parecido com o que eu descrevi em abril, que o Turismo ia sair dessa e ganhar mercado a médio prazo. Segundo estudo bastante conservador na minha avaliação, da Hotel Invest, no cenário otimista, a hotelaria em maio de 2023 já estará com o REVPAR 15% acima que ano anterior a pandemia.

É uma indústria de grande importância na vida das pessoas. E deveria ser de grande importância para o País. Bastaria ser levado a sério pelos órgãos públicos. Tudo que avançamos é com a força e o talento do empreendedor brasileiro.

*Luis Grottera
é Consultor Sênior da ROSENBERG GROTTERA BUSINESS E BRANDING, criador da metodologia BRANDING COMO MODELO DE GESTÃO. Foi o responsável pelo rebranding do Beach Park em 2012 e, desde então, começou a ganhar mercado no setor de turismo. Já tem em seu portfólio projetos como Atlântica, Grupo GPK de Gramado, Costa do Sauípe, Snowland, Termas de Jurema, Slaviero, somando mais de 20 negócios que foram revisitados pelo “Branding como Modelo de Gestão”.

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