EXCLUSIVO: CEO da FaturePag promete FIDC para março e diz que Turismo precisa de união
Alan Barros se diz surpreso com a crise da ViagensPromo e que vai se reunir com Renato Kido nesta semana
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Em outubro do ano passado, a FaturePag prometeu o lançamento de um FIDC – Fundo de Investimento de Direitos Creditórios dedicado ao setor de Turismo. A fintech, que tem a ViagensPromo como parceira na indústria, assegurou que o fundo seria lançado em até 60 dias: início de dezembro. Ou seja, como confirmado pelos líderes da FaturePag e da ViagensPromo, um montante estaria disponível para viabilizar os planos de crescimento da operadora.
O CEO da FaturePag, Alan Barros, disse hoje ao Portal PANROTAS que o prazo não foi cumprido devido à conjuntura econômica global, mas garante que nos próximos dias o mercado terá "uma surpresa boa", que o FIDC ainda está em pé e sendo estruturado. O executivo ainda afirma que soube da crise da ViagensPromo pela imprensa, que tem reunião marcada com Renato Kido, CEO da operadora, nesta semana e que está perplexo com a "falta de união do Turismo".

"FIDC para o Turismo está em pé"
Desde que foi anunciado, em outubro de 2024 pela FaturePag ao lado da ViagensPromo, o lançamento do FIDC para o Turismo não deixou em nenhum momento de ser cogitado, diz Alan Barros.
"O prazo precisou ser readequado por conta de uma mudança no cenário econômico global: alta na taxa de juros, custo do dólar, entre outras nuances no mundo financeiro. Nosso FIDC tem um modelo tailor-made, é uma operação verdadeiramente estruturada, algo que não existe no mercado de Turismo, mas estamos felizes com o andamento e certos de que vai acontecer. Conforme foi evoluindo, as coisas têm de se adequar à realidade. Quando começamos, o processo era um, depois consideramos outras possibilidades no pré-pagamento. Enfim, os detalhes estão acertados e agora é uma questão de finalização de todos os processos"
Alan Barros
"Deixo claro mais uma vez que este não é um fundo comum ao setor de Turismo, pois é um fundo para aquisição de estoques por meio de pré-pagamento ou liquidação de estoques que já estejam comprados, mas ainda para ser usados em médio e longo prazos", pondera o CEO da FaturePag.
Alan Barros conta que testes foram realizados em novembro, no período de Black Friday, e que os resultados foram muito interessantes. "Aqui fazemos tudo em teste, com terreno controlado, para que as expectativas sejam atendidas, para que todos os atores participantes possam enxergar cada atividade que vai ocorrer. O FIDC vai ajudar não só quem vai consumir, mas também quem está entregando lá na ponta. Em princípio, não pensávamos o FIDC para pequenas operações, mas durante esses testes de novembro e dezembro, vimos que é viável para negócios de menor porte também", afirma o CEO.
Surpreendido pela situação da ViagensPromo
Muito embora tenha reforçado a proximidade com a ViagensPromo, inclusive subindo ao palco com Renato Kido em eventos ano passado, Alan Barros diz que soube dos desafios enfrentados pela operadora só pela imprensa.
"Renato Kido é meu parceiro há mais de dois anos, sempre foi sério e firme. Só tenho elogios a fazer sobre sua competência. No entanto, a FaturePag é um veículo financeiro, eu não faço parte do Turismo nem tampouco administro as operações dos meus clientes. Não converso com meus clientes a respeito das operações deles. Meu trabalho é na FaturePag, é a minha empresa que devo administrar. Agora, ciente do momento da ViagensPromo, me reunirei com Kido essa semana para saber como posso ajudar."
Alan Barros
"No Turismo as coisas são mais complicadas"
Alan Barros diz que tem mais de 30 anos de atuação no mercado financeiro e nunca viu um setor de tanta desunião como é o do Turismo. Isso não é bom para ninguém, segundo o CEO da FaturePag.
"Concorrência não é guerra. No varejo, todos se abraçam quando uma companhia está com dificuldade. Redes de supermercado se ajudam, pois uma quebra não é bom para ninguém. No agro, idem. Um se aproxima do outro, entende as dificuldades e tenta ajudar. No Turismo, uma empresa compra da outra nas horas boas. Por que não contribuir nas horas ruins? Não é bom que uma empresa referência feche as portas. Em nenhum setor. Os players de Turismo deveriam repensar, contribuir, por meio de associações, entre si, por meio dos fóruns etc."
Segundo ele, o FIDC poderá, sim, ser uma saída para a ViagensPromo superar o momento por que está passando. No entanto, o Portal PANROTAS apurou que o fundo não está inscrito na CVM, e questionou Alan Barros sobre o prazo, visto que especialistas apontam um caminho de seis meses para um fundo como este depois de inscrito na CVM. A reportagem também questionou sobre os vários atores envolvidos necessários para levantar um FIDC.
"O FIDC ainda não está na CVM, mas todos os atores estão trabalhando para viabilizar o fundo. Nossa intenção é de que em março esteja tudo em operação. Vai dar certo. Não tenho dúvida de que o fundo vai sair e fazer diferença no setor. Não sei de onde as pessoas tiraram a ideia de que um FIDC é algo de outro mundo que ninguém nunca viu funcionar, que não existe", dispara Alan Barros.
R$ 1,5 bilhão por ano?
A cifra inicial que o FIDC poderia alcançar, quando anunciado em 2024, espantou muitos do mercado de Turismo, pois R$ 1,5 bilhão é alto para os patamares da indústria. "Pode até ser mais do que isso", responde Alan Barros. "Pois a expectativa é que movimente cerca de R$ 100 milhões por mês. Existem variáveis no setor financeiro que são diferentes das variáveis do Turismo e não podemos deixar de considerar."