Braztoa denuncia práticas de mercado que podem comprometer agentes de viagens e clientes
Associação pede para desconfiar de comissionamentos elevados e discrepantes, bem como ganhos extras

A Associação Brasileira das Operadoras de Turismo (Braztoa) divulgou uma carta aberta ao mercado sobre riscos que podem comprometer agentes de viagens e clientes finais na hora de realizar a compra de uma viagem. O documento foi divulgado na manhã desta segunda-feira (17), após entrevista com o próprio Fabiano Camargo, presidente do Conselho da Braztoa, sobre a crise de empresas no setor.
A carta aberta pode ser lida na íntegra logo abaixo, mas separamos abaixo, em tópicos, os principais pontos. Entre eles, o fato da Braztoa afirmar que "ofertas muito abaixo do mercado podem indicar problemas financeiros ou fragilidade operacional da empresa ofertante, o que pode afetar o cumprimento dos serviços contratados".
- A Braztoa cita desafios que impactam a segurança e a credibilidade do mercado. Entre eles, riscos inerentes às ações comerciais inadequadas, que podem comprometer agentes de viagens e clientes finais.
- A associação pede que o Turismo esteja atento a práticas que podem parecer vantajosas à primeira vista, mas que escondem riscos elevados. "O preço de um mesmo produto pode variar entre diferentes fornecedores, mas variações extremas de valor devem sempre ser analisadas com cautela", informa.
- A Braztoa pede para desconfiar de comissionamentos elevados e discrepantes, bem como ganhos extras (os chamados "overs") muito acima da média. "Se algo parece bom demais para ser verdade, há um grande risco de que, no longo prazo, o modelo de negócio não se sustente", frisou.
- Outro ponto de atenção são as condições de parcelamento. Ela ressalta que longos parcelamentos não é necessariamente um sinal de alerta, mas se, para certo produto, o parcelamento médio das empresas é de 3 a 5 vezes, seria estranho que outras conseguissem financiar em 10 ou 12 vezes sem juros.
- A Braztoa cita ainda o modelo de risco de fretamento de voos, que hoje, segundo a associação, é evitado por grande parte das empresas devido aos altos custos e desafios logísticos. "O mercado tem optado por bloqueios em voos comerciais, estratégia que dilui riscos e melhora a segurança operacional", diz.
"Nenhuma dessas práticas isoladamente representa um risco imediato, mas a combinação de vários desses fatores acende um sinal de alerta que não pode ser ignorado. O histórico do mercado comprova que negócios insustentáveis sempre acabam impactando negativamente toda a cadeia de turismo, inclusive os agentes de viagem e clientes, gerando prejuízos que poderiam ser evitados com maior atenção às práticas comerciais adotadas"
Braztoa, em carta aberta ao mercado
Leia na íntegra:
"Carta aberta ao Mercado
O ÓBVIO TAMBÉM PRECISA SER DITO: RISCOS NO TURISMO
Diante das recentes notícias e discussões que têm ganhado espaço na mídia, a Braztoa decidiu abordar um tema essencial para a indústria do turismo, um setor dinâmico e que está sempre em transformação. Há um movimento constante de inovação, tendências e novos panoramas, mas é igualmente necessário falar dos desafios que impactam a segurança e a credibilidade do mercado. Entre esses desafios, um dos mais recorrentes e preocupantes são os riscos inerentes às ações comerciais inadequadas, que podem comprometer tanto os agentes de viagem quanto os clientes finais.
É fundamental que todos os profissionais do turismo estejam atentos a práticas que podem parecer vantajosas à primeira vista, mas que escondem riscos elevados. O preço de um mesmo produto pode variar entre diferentes fornecedores, mas variações extremas de valor devem sempre ser analisadas com cautela. Ofertas muito abaixo do mercado podem indicar problemas financeiros ou fragilidade operacional da empresa ofertante, o que pode afetar o cumprimento dos serviços contratados.
Outro aspecto de atenção envolve comissionamentos elevados e discrepantes, bem como ganhos extras (os chamados "overs") muito acima da média. Se algo parece bom demais para ser verdade, há um grande risco de que, no longo prazo, o modelo de negócio não se sustente. Empresas que operam com margens reduzidas ou inexistentes podem até conseguir crescimento rápido, mas, quando esse crescimento desacelera, a capacidade de honrar compromissos se torna insustentável. O mercado já testemunhou diversos casos em que esse tipo de prática resultou em prejuízos significativos, amplamente divulgados na mídia.
Além disso, muitas empresas não possuem reservas financeiras para lidar com crises, flutuações cambiais ou perdas judiciais, levando a cancelamentos sem aviso prévio ou à prestação de serviços abaixo do prometido. Existem inúmeras formas de mitigar estas situações utilizando-se de boa gestão, seja com reservas estratégicas, operações de hedge cambial ou seguros de responsabilidade civil, para citar alguns. Infelizmente há inúmeros relatos de consumidores que, ao chegarem ao destino, descobriram que suas reservas não haviam sido feitas ou que precisaram arcar com taxas inesperadas.
Outro ponto de atenção são as condições de parcelamento oferecidas. Embora isso seja uma facilidade importante para o consumidor, prazos excessivamente longos sem um modelo de negócio sustentável podem ser um alerta de que a empresa está buscando criar caixa para quitar vendas passadas. Isso aumenta o risco de recuperação judicial ou falência antes mesmo da viagem acontecer, deixando os clientes sem reembolso e sem viagem. A análise da taxa SELIC e das condições de crédito do mercado deve ser levada em consideração: com juros mais altos, a tendência natural é a redução dos prazos de parcelamento. Ressaltamos que apenas um parcelamento estendido não é necessariamente um sinal de alerta, mas se, para determinado produto, o parcelamento médio das empresas é de 3 a 5 vezes, seria estranho que outras conseguissem financiar em 10 ou 12 vezes sem juros.
A recorrência de desacordos comerciais e mudanças frequentes de parceiros também deve ser vista com atenção. A maior parte das empresas utiliza intermediários nacionais ou internacionais para ampliar sua capilaridade de vendas, e problemas recorrentes com esses fornecedores podem indicar dificuldades financeiras ou operacionais. Assim como mudanças constantes no quadro de funcionários não costumam ser anunciadas sem necessidade, mudanças abruptas em modelos de parceria e distribuição amplamente anunciados frequentemente sinalizam riscos operacionais que devem ser observados.
Um exemplo clássico de modelo de risco é o fretamento de voos, que hoje é evitado por grande parte das empresas devido aos altos custos e desafios logísticos. O mercado tem optado por bloqueios em voos comerciais, estratégia que dilui riscos e melhora a segurança operacional. O mesmo se aplica à venda exclusiva de ingressos para parques e serviços de baixa margem de lucro, que podem comprometer a sustentabilidade financeira do negócio. Empresas sólidas priorizam produtos e práticas que garantam a viabilidade da operação no longo prazo.
Nenhuma dessas práticas isoladamente representa um risco imediato, mas a combinação de vários desses fatores acende um sinal de alerta que não pode ser ignorado. O histórico do mercado comprova que negócios insustentáveis sempre acabam impactando negativamente toda a cadeia de turismo, inclusive os agentes de viagem e clientes, gerando prejuízos que poderiam ser evitados com maior atenção às práticas comerciais adotadas.
Diante desse cenário, é essencial que Operadores de Turismo, Agentes de Viagem e consumidores estejam atentos aos sinais de risco, pesquisem a reputação das empresas, leiam avaliações recentes de outros viajantes e evitem ofertas que pareçam excessivamente vantajosas sem justificativa clara. Para garantir maior segurança, um bom ponto de partida é consultar as 56 operadoras de turismo associadas à Braztoa, disponíveis em www.braztoa.com.br. Todas passaram por um rigoroso processo de seleção e contam com a chancela do mercado.
Viagens são investimentos em experiências, e a segurança e a tranquilidade dos clientes devem ser prioridade para todos os profissionais do setor. Escolher bons parceiros e adotar práticas responsáveis é a melhor forma de garantir que cada viagem ocorra exatamente como planejado, sem surpresas desagradáveis.
BRAZTOA – Associação Brasileira das Operadoras de Turismo"