Marcelo Cohen (Belvitur) compra Grupo Flytour de Elói Oliveira
Cohen vai criar holding com 15 empresas e quer chegar a 20 em até 60 dias
De um lado um grupo mineiro, sólido, com 58 anos de atividades, 250 colaboradores, dez empresas e a liderança de David e Marcelo Cohen, pai e filho, donos da Belvitur. De outro, mais um grupo icônico no Turismo, fundado por Elói D’Ávila de Oliveira em 1974, que dispensa apresentações, e que criou um império chamado Flytour.
Em um encontro para muitos improvável e impulsionado pela pandemia, Marcelo Cohen, que criou no ano passado um fundo de investimentos próprio para negócios no Turismo, oficializou hoje a compra da Flytour, em um negócio de R$ 500 milhões, envolvendo investimento em dinheiro na empresa e transações financeiras para sanear o grupo adquirido. Com a aquisição, a expectativa é que o novo grupo volte aos patamares de vendas de 2019, na ordem de R$ 6,2 bilhões, e até final de 2023, acima de R$10 bilhões. A meta é ser a maior plataforma de Turismo no Brasil.
Segundo Cohen, que conversou com o Portal PANROTAS, as negociações com a Flytour começaram em março, depois da aproximação feita por um amigo. Feita a due diligence e com um profundo mergulho na companhia, Marcelo Cohen viu a oportunidade de criar um ecossistema grandioso, abrangente, inovador e único, juntando as nove unidades de negócio da Flytour com as empresas da Belvitur e outras que ele comprou de março de 2020 para cá, especialmente na área de tecnologia.
Uma holding está sendo criada (o nome será divulgado nas próximas semanas) para abranger e gerir as 15 empresas atuais e mais cinco devem vir dentro de um mês, no máximo dois, entre elas operadoras e mais empresas de tecnologia. Com as novas aquisições, o grupo passará a embarcar mais 700 mil passageiros/mês, 1 milhão de room nights/mês, se tornando a maior empresa de Turismo de capital fechado da América Latina, terceiro maior player na mesma região e a maior de capital fechado também no âmbito geral.
Marcas independentes, com gestões individuais, mas com o corporativo fornecendo soluções, ferramentas e sinergias a todas elas, será o modelo da holding, que já conta com TMCs, operadoras, consolidadora, sites de venda de passagens aéreas e seguros, franquias de lojas de lazer e corporativo, eventos, tecnologia e aviação.
NOVA ESTRUTURA
Além da diretoria corporativa, que conta com nomes como Daniel Rodrigues, como diretor executivo, Flávia Possani, como diretora de Marketing, Fábio Castro, como CFO, diversas contratações já foram feitas nas últimas semanas, incluindo profissionais da área de viagens corporativas (Reifer Souza e Gregório Polaino), de consolidação (Flávio Marques e Fernando Lermi), hotelaria (Sandro Reis), entre muitos outros.
A Flytour hoje conta com 1.050 colaboradores, contra 2,5 mil em 2016, logo após a fusão com a Gapnet. Por falar em fusão, o nome Gapnet não existe mais na consolidadora e todos os sócios antigos deixam o negócio. Saem os Oliveira, entram os Cohen. Marcelo Cohen assume 100% da empresa e da gestão familiar anterior ficam o fundador Elói Oliveira, que terá uma cadeira no conselho e ajudará na transição, e o diretor das franquias, Fábio Oliveira, filho de Elói.
Capitalizada, com ambições de atrair novos investimentos e nichos, com novos talentos e a seriedade e tradição de dois importantes grupos (Belvitur e Flytour), a Nova Flytour fará parte da holding criada por Marcelo Cohen, novo CEO da Flytour, e retorna ao lugar de destaque que tinha antes da crise, sempre uma das referências do setor.
Confira a seguir a entrevista exclusiva que fizemos com Marcelo Cohen:
PANROTAS – Como você começou com Turismo, Marcelo?
MARCELO COHEN – Comecei aos 17 anos na Belvitur. Meu pai fundou a agência há 58 anos e também tinha construtora, mas eu optei por trilhar o caminho no Turismo e passei por todas as áreas da empresa. A Belvitur é referência em viagens corporativas em Minas Gerais, passou a ser líder da região depois que a Bradesco Turismo fechou, e sempre teve um braço de lazer que aos poucos fui diversificando.
PANROTAS – E como foi essa evolução ao lado do seu pai, um dos pioneiros do Turismo brasileiro?
COHEN – Nós sempre decidimos tudo juntos, sempre estivemos lado a lado, pensamos da mesma forma, temos uma sintonia incrível. Aprendi tudo que sei com ele, meu grande professor. Não apenas do negócio, mas também de ética, humildade, justiça, fazer tudo de forma correta.
PANROTAS – E quando a diversificação dos negócios ganhou força?
COHEN – Quando eu vi que trabalhava e vendia mais a cada ano, mas ganhava menos. Precisava diversificar para aumentar a margem do negócio, que só diminuía no corporativo. Vieram as lojas de lazer, os sites, o estacionamento de Confins, o hotel de Guarulhos, as empresas de tecnologia... Uma visão de ecossistema que hoje se torna mais evidente com a compra da Flytour. Tenho uma equipe excelente na Belvitur e demais empresas, que abraçaram a proposta e com quem faço tudo a quatro mãos. Gosto de delegar e tenho colaboradores com anos e décadas de empresa.
PANROTAS – Veio a pandemia e mais oportunidades. Como chegou a Flytour na sua mesa?
COHEN – Nos 15 primeiros dias da pandemia fiquei assustado. Depois, com calma analisei melhor a situação e as possibilidades. Sabia que tinha caixa e patrimônio para manter a Belvitur, mas decidi criar um fundo próprio de investimentos para investir nas oportunidades do Turismo. Tinha acabado de lançar um hangar, um espaço de coworking, depois comprei empresas de tecnologia parcial ou integralmente, mas não estava vislumbrando algo tão grandioso como a Flytour. Um amigo me levou para conversar com o Elói, que já estava mirando uma reestruturação e vi que era uma grande oportunidade. Muito trabalho, mas que valeria a pena. Iria comprar, se tudo desse certo, como deu, a maior empresa de Turismo de capital fechado da América Latina.
PANROTAS – E o que te atraiu tanto no negócio?
COHEN – A força da marca no mercado, muito querida; a complementariedade com o ecossistema que eu já estava vislumbrando; a excelência no atendimento, especialmente no corporativo... Claro, uma empresa inchada, com problemas e processos que precisavam ser mudados, mas que casavam com os produtos de tecnologia em que eu já vinha investindo.
PANROTAS – Comprou por quanto?
COHEN – Entre investimentos, caixa e transações financeiras de saneamento, é um negócio de R$ 500 milhões. Dinheiro próprio, que vem dos 58 anos da Belvitur, dos negócios que criamos ao longo dos anos. A Flytour está capitalizada e com um projeto sólido. Vamos falar com todos os fornecedores e sentimos deles algo que eu nunca tinha visto: a torcida pela volta da força da Flytour. Fiquei impressionado com a receptividade dos fornecedores. E também dos agentes de viagens, que queriam voltar a comprar da Flytour. Já aumentamos a base de agências ativas em 40% e chegamos a 1,7 mil. Vamos dobrar esse número em seis meses.
PANROTAS – Quem assessorou todo o processo?
COHEN – A Flytour já tinha um projeto de reestruturação sendo desenhado e o Banco Master foi o advisor de toda a transação.
PANROTAS – Como fica a consolidadora, que deu origem ao grupo?
COHEN – A consolidadora será tocada por Márvio Mansur e Flávio Marques, que foi anunciado ontem na empresa. Vamos aumentar as bases pelo Brasil, melhorar o back-office e implantar foco total no agente de viagens.
PANROTAS – A TMC acaba de renovar contrato com a Amex. Continua sendo o carro-chefe da empresa?
COHEN – Sem dúvida. Fiquei impressionado com a excelência do atendimento nas contas globais. Na pandemia, a Flytour Business Travel ganhou 130 novas contas, a maioria locais. Quem está à frente é a Dalva Camargo, que tem sete anos de Flytour.
PANROTAS – As franquias Flytour e Vai Voando continuam?
COHEN – Sim. Temos 72 na Flytour e a meta é chegar a 150 em 2022. O Fábio Oliveira continua à frente. Na Vai Voando são mais de 300 pontos de venda, com o comando do Luiz Andreazza. Na Flytour eventos está a Natália Kherlakian.
PANROTAS – A operadora está aberta?
COHEN – Sim, mas passando por reestruturação. Terá foco em nichos, visando às classes A e B.
PANROTAS – Você é o novo CEO do Grupo Flytour?
COHEN – Sim. O Elói continua na empresa, com uma cadeira no conselho e nos ajudando na transição e fazendo o que ele mais gosta e sabe fazer, atendendo os clientes.
PANROTAS – Como reconquistar a confiança de quem se afastou durante a crise do grupo?
COHEN – A Flytour está e vai continuar falando com todos os fornecedores e a recepção, como disse, tem sido excelente, algo que eu nunca vi. A Belvitur sempre pagou suas contas em dia, mesmo na pandemia, então é algo que eu nunca vivenciei, essa vontade de colaborar dos fornecedores. Os agentes de viagens também estão voltando, já há reflexo do vislumbre de uma nova Flytour.
PANROTAS – Qual a sensação de comprar um grupo icônico do Turismo brasileiro, que fez história e ajudou a construir nossa indústria, com diversos pioneirismos e a história ímpar do Elói?
COHEN – Sensação de muita responsabilidade. De não poder errar de novo. De trabalhar muito, com uma equipe do bem. Profissionais pensando lá na frente, unidos.
Em um encontro para muitos improvável e impulsionado pela pandemia, Marcelo Cohen, que criou no ano passado um fundo de investimentos próprio para negócios no Turismo, oficializou hoje a compra da Flytour, em um negócio de R$ 500 milhões, envolvendo investimento em dinheiro na empresa e transações financeiras para sanear o grupo adquirido. Com a aquisição, a expectativa é que o novo grupo volte aos patamares de vendas de 2019, na ordem de R$ 6,2 bilhões, e até final de 2023, acima de R$10 bilhões. A meta é ser a maior plataforma de Turismo no Brasil.
Segundo Cohen, que conversou com o Portal PANROTAS, as negociações com a Flytour começaram em março, depois da aproximação feita por um amigo. Feita a due diligence e com um profundo mergulho na companhia, Marcelo Cohen viu a oportunidade de criar um ecossistema grandioso, abrangente, inovador e único, juntando as nove unidades de negócio da Flytour com as empresas da Belvitur e outras que ele comprou de março de 2020 para cá, especialmente na área de tecnologia.
Uma holding está sendo criada (o nome será divulgado nas próximas semanas) para abranger e gerir as 15 empresas atuais e mais cinco devem vir dentro de um mês, no máximo dois, entre elas operadoras e mais empresas de tecnologia. Com as novas aquisições, o grupo passará a embarcar mais 700 mil passageiros/mês, 1 milhão de room nights/mês, se tornando a maior empresa de Turismo de capital fechado da América Latina, terceiro maior player na mesma região e a maior de capital fechado também no âmbito geral.
Marcas independentes, com gestões individuais, mas com o corporativo fornecendo soluções, ferramentas e sinergias a todas elas, será o modelo da holding, que já conta com TMCs, operadoras, consolidadora, sites de venda de passagens aéreas e seguros, franquias de lojas de lazer e corporativo, eventos, tecnologia e aviação.
NOVA ESTRUTURA
Além da diretoria corporativa, que conta com nomes como Daniel Rodrigues, como diretor executivo, Flávia Possani, como diretora de Marketing, Fábio Castro, como CFO, diversas contratações já foram feitas nas últimas semanas, incluindo profissionais da área de viagens corporativas (Reifer Souza e Gregório Polaino), de consolidação (Flávio Marques e Fernando Lermi), hotelaria (Sandro Reis), entre muitos outros.
A Flytour hoje conta com 1.050 colaboradores, contra 2,5 mil em 2016, logo após a fusão com a Gapnet. Por falar em fusão, o nome Gapnet não existe mais na consolidadora e todos os sócios antigos deixam o negócio. Saem os Oliveira, entram os Cohen. Marcelo Cohen assume 100% da empresa e da gestão familiar anterior ficam o fundador Elói Oliveira, que terá uma cadeira no conselho e ajudará na transição, e o diretor das franquias, Fábio Oliveira, filho de Elói.
Capitalizada, com ambições de atrair novos investimentos e nichos, com novos talentos e a seriedade e tradição de dois importantes grupos (Belvitur e Flytour), a Nova Flytour fará parte da holding criada por Marcelo Cohen, novo CEO da Flytour, e retorna ao lugar de destaque que tinha antes da crise, sempre uma das referências do setor.
Confira a seguir a entrevista exclusiva que fizemos com Marcelo Cohen:
PANROTAS – Como você começou com Turismo, Marcelo?
MARCELO COHEN – Comecei aos 17 anos na Belvitur. Meu pai fundou a agência há 58 anos e também tinha construtora, mas eu optei por trilhar o caminho no Turismo e passei por todas as áreas da empresa. A Belvitur é referência em viagens corporativas em Minas Gerais, passou a ser líder da região depois que a Bradesco Turismo fechou, e sempre teve um braço de lazer que aos poucos fui diversificando.
PANROTAS – E como foi essa evolução ao lado do seu pai, um dos pioneiros do Turismo brasileiro?
COHEN – Nós sempre decidimos tudo juntos, sempre estivemos lado a lado, pensamos da mesma forma, temos uma sintonia incrível. Aprendi tudo que sei com ele, meu grande professor. Não apenas do negócio, mas também de ética, humildade, justiça, fazer tudo de forma correta.
PANROTAS – E quando a diversificação dos negócios ganhou força?
COHEN – Quando eu vi que trabalhava e vendia mais a cada ano, mas ganhava menos. Precisava diversificar para aumentar a margem do negócio, que só diminuía no corporativo. Vieram as lojas de lazer, os sites, o estacionamento de Confins, o hotel de Guarulhos, as empresas de tecnologia... Uma visão de ecossistema que hoje se torna mais evidente com a compra da Flytour. Tenho uma equipe excelente na Belvitur e demais empresas, que abraçaram a proposta e com quem faço tudo a quatro mãos. Gosto de delegar e tenho colaboradores com anos e décadas de empresa.
PANROTAS – Veio a pandemia e mais oportunidades. Como chegou a Flytour na sua mesa?
COHEN – Nos 15 primeiros dias da pandemia fiquei assustado. Depois, com calma analisei melhor a situação e as possibilidades. Sabia que tinha caixa e patrimônio para manter a Belvitur, mas decidi criar um fundo próprio de investimentos para investir nas oportunidades do Turismo. Tinha acabado de lançar um hangar, um espaço de coworking, depois comprei empresas de tecnologia parcial ou integralmente, mas não estava vislumbrando algo tão grandioso como a Flytour. Um amigo me levou para conversar com o Elói, que já estava mirando uma reestruturação e vi que era uma grande oportunidade. Muito trabalho, mas que valeria a pena. Iria comprar, se tudo desse certo, como deu, a maior empresa de Turismo de capital fechado da América Latina.
PANROTAS – E o que te atraiu tanto no negócio?
COHEN – A força da marca no mercado, muito querida; a complementariedade com o ecossistema que eu já estava vislumbrando; a excelência no atendimento, especialmente no corporativo... Claro, uma empresa inchada, com problemas e processos que precisavam ser mudados, mas que casavam com os produtos de tecnologia em que eu já vinha investindo.
PANROTAS – Comprou por quanto?
COHEN – Entre investimentos, caixa e transações financeiras de saneamento, é um negócio de R$ 500 milhões. Dinheiro próprio, que vem dos 58 anos da Belvitur, dos negócios que criamos ao longo dos anos. A Flytour está capitalizada e com um projeto sólido. Vamos falar com todos os fornecedores e sentimos deles algo que eu nunca tinha visto: a torcida pela volta da força da Flytour. Fiquei impressionado com a receptividade dos fornecedores. E também dos agentes de viagens, que queriam voltar a comprar da Flytour. Já aumentamos a base de agências ativas em 40% e chegamos a 1,7 mil. Vamos dobrar esse número em seis meses.
PANROTAS – Quem assessorou todo o processo?
COHEN – A Flytour já tinha um projeto de reestruturação sendo desenhado e o Banco Master foi o advisor de toda a transação.
PANROTAS – Como fica a consolidadora, que deu origem ao grupo?
COHEN – A consolidadora será tocada por Márvio Mansur e Flávio Marques, que foi anunciado ontem na empresa. Vamos aumentar as bases pelo Brasil, melhorar o back-office e implantar foco total no agente de viagens.
PANROTAS – A TMC acaba de renovar contrato com a Amex. Continua sendo o carro-chefe da empresa?
COHEN – Sem dúvida. Fiquei impressionado com a excelência do atendimento nas contas globais. Na pandemia, a Flytour Business Travel ganhou 130 novas contas, a maioria locais. Quem está à frente é a Dalva Camargo, que tem sete anos de Flytour.
PANROTAS – As franquias Flytour e Vai Voando continuam?
COHEN – Sim. Temos 72 na Flytour e a meta é chegar a 150 em 2022. O Fábio Oliveira continua à frente. Na Vai Voando são mais de 300 pontos de venda, com o comando do Luiz Andreazza. Na Flytour eventos está a Natália Kherlakian.
PANROTAS – A operadora está aberta?
COHEN – Sim, mas passando por reestruturação. Terá foco em nichos, visando às classes A e B.
PANROTAS – Você é o novo CEO do Grupo Flytour?
COHEN – Sim. O Elói continua na empresa, com uma cadeira no conselho e nos ajudando na transição e fazendo o que ele mais gosta e sabe fazer, atendendo os clientes.
PANROTAS – Como reconquistar a confiança de quem se afastou durante a crise do grupo?
COHEN – A Flytour está e vai continuar falando com todos os fornecedores e a recepção, como disse, tem sido excelente, algo que eu nunca vi. A Belvitur sempre pagou suas contas em dia, mesmo na pandemia, então é algo que eu nunca vivenciei, essa vontade de colaborar dos fornecedores. Os agentes de viagens também estão voltando, já há reflexo do vislumbre de uma nova Flytour.
PANROTAS – Qual a sensação de comprar um grupo icônico do Turismo brasileiro, que fez história e ajudou a construir nossa indústria, com diversos pioneirismos e a história ímpar do Elói?
COHEN – Sensação de muita responsabilidade. De não poder errar de novo. De trabalhar muito, com uma equipe do bem. Profissionais pensando lá na frente, unidos.