Rodrigo Vieira   |   07/10/2020 13:38
Atualizada em 07/10/2020 18:01

Viajow é nova empresa da MGM? Advogado garante que não; entenda

André Dias Andrade garante independência e promete modelo inovador com a startup Viajow


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André Dias Andrade, ex-advogado da MGM e um dos sócios da Viajow
André Dias Andrade, ex-advogado da MGM e um dos sócios da Viajow
Aos agentes de viagens do Brasil está sendo prometida, para os próximos meses, uma nova opção de venda, descrita pelos sócios-proprietários como "um negócio 360 graus, totalmente digital, avançado tecnologicamente, que une todas as pontas e garante proteção se algum dos elos quebrar". Esta startup tem a proposta de juntar operadoras, consolidadoras e outros fornecedores em uma só plataforma, e mais detalhes serão revelados em breve, como prometem os idealizadores.

O nome desta empresa é a Viajow Tour Operator e DMC, e muitos agentes de viagens já conhecem a marca, mas não exatamente pelas oportunidades de venda. Em mensagens enviadas ao Portal PANROTAS e em redes sociais, os profissionais se queixavam de que um dos sócios-fundadores da Viajow, André Dias Andrade, consta em processos como advogado da MGM, operadora curitibana que encerrou as atividades durante a pandemia e sofre acusações de não ter honrado com pagamentos junto a fornecedores, deixando desguarnecidos agentes de viagens e seus clientes.

O Portal PANROTAS entrou em contato com André Andrade, que reconhece a legitimidade das acusações, isto é, de fato foi advogado da MGM, mas garante que o deixou de ser por vários motivos, inclusive inadimplência. Ele relata que a Viajow é fruto de um projeto antigo e rechaça as acusações de que esta seria a tentativa de dar calote com a MGM para limpar seu nome com um novo CNPJ.

"Deixei de advogar para a MGM Operadora há alguns meses, ainda na pandemia. Larguei meu vínculo com eles por vários motivos, dentre os quais a falta de resposta dos sócios às minhas chamadas em plena pandemia, período em que a demanda cresceu muito devido a todos os problemas que vinham passando. Meu papel na MGM não passava do papel de um advogado, tal como atuo para outras cerca de 20 pequenas e médias empresas. E também ressalto que não fui o único advogado que atuou para a MGM neste período", esclarece Andrade, que não sabe precisar exatamente por quanto tempo defendeu a MGM na justiça. "Vários anos."

Outro argumento que segundo André Andrade mostra ausência de vínculos com a MGM é a própria data em que a Viajow "despertou". "Tivemos a ideia, eu e meus sócios, em 2018. É um projeto antigo que estamos colocando em prática agora, pois tempos de crise podem ser interessantes para investimentos como o que estamos criando", ressalta.

Apesar de ter sido registrada em 2018, a empresa iniciou os procedimentos de formalização em janeiro deste ano. "Assim é o funcionamento de uma startup", acrescenta Fabrício Stedile, outro sócio da Viajow. "Sou empresário em vários segmentos, tenho 23 negócios no País e um no Exterior, atuo em diversos ramos, dentre os quais esportivo, de tecnologia, de contratos digitais, e minha experiência mostra que uma startup demora tempo para sair do papel. A data de abertura próxima ao fechamento da MGM é uma coincidência. Temos de deixar isso bem claro. É um pensamento equivocado, uma miopia deste mercado. O André foi advogado da MGM, e não atuou como executivo. Eu, Fabrício, nunca tive qualquer vínculo com eles, e sou um dos idealizadores da Viajow desde 2018", argumenta Stedile.

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Fabricio Stedile, empresário multisetorial, um dos sócios da Viajow
Fabricio Stedile, empresário multisetorial, um dos sócios da Viajow

FUNCIONÁRIOS
Além de refutar qualquer laço com a MGM, Stedile diz que apesar de compreender a ira dos agentes de viagens, a situação o está incomodando. A Viajow contratou dois executivos de Vendas da MGM durante esta pandemia.

"Nós contratamos talentos de vários segmentos, de empresas como Vivo, GVT, Câmara de Contratos. Não é porque recrutamos bons profissionais da MGM que temos relação com a empresa. Não temos nada a ver com a MGM. Não queremos essa associação, até porque eles fecharam, e nós só estamos no início da caminhada. Estou à disposição para esclarecer detalhe por detalhe para tirar esse incômodo da nossa frente", afirma Stedile, que no Turismo já teve relação, no passado, com a NewLine, quando Paulo Finger atuava na empresa.

"Entendo a situação, mas lamento que os agentes de viagens pensem assim. Trabalho com vários mercados competitivos e acho péssimo quando um concorrente meu quebra, pois isso desestabiliza toda uma classe. Infelizmente a MGM fechou e coincidiu de o André trabalhar para eles, mas ele também trabalha para mim e para mais dezenas de clientes. Queremos começar a relação com os agentes de viagens com o pé direito e isso só se inicia com uma relação transparente."

Ambos também ressaltam que André Andrade não terá papel de executivo na Viajow, não será um profissional "de balcão".

Sobre o lançamento oficial da Viajow, os sócios concordam que "ainda não é o momento". Eles se restringem a dizer que será "algo totalmente inovador" e que estão ansiosos para comunicar o negócio a todo mercado. "Vamos abrir de forma bem inovadora, sem precedentes, com novos buscadores, novo modelo de atendimento e plataforma 100% digital em toda a experiência do cliente. Os planos de negócios, no entanto, não terminarão no lançamento. Vão até 2024. Uma das etapas, que seria acoplar operadoras e consolidadoras, aconteceria neste ano, mas a pandemia adiou os planos. A Viajow terá várias verticais de negócio: tecnologia, viagens e até fintechs estão no planejamento."

Para entrar em contato: relacionamento@viajow.com

ERRATA
Por falha da reportagem, informamos que a empresa havia sido aberta em outubro deste ano como MEI, quando na verdade a Viajow é LTDA e cadastrada no Cadastur, tendo sido registrada em 2018. Os procedimentos de formalização da Viajow se iniciaram em janeiro deste ano.

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