Incêndios no Pantanal derrubam ocupação a 5%; FBHA pede ações
Região depende do ecoturismo e incêndios inviabilizam retomada pós-pandemia
O presidente da Federação Brasileira de Hospedagem e Alimentação (FBHA), Alexandre Sampaio, pede, no artigo abaixo, ações imediatas de governos e da sociedade para o combate aos incêndios que atingem a região do Pantanal, no centro-oeste brasileiro. “Com a pandemia, tivemos uma queda expressiva do faturamento dos empreendimentos de hospedagem e alimentação do Pantanal. Agora, com esses incêndios, vemos uma situação muito preocupante que, inclusive, tende a se agravar”, diz ele.
Em agosto, a ocupação dos meios de hospedagem na região chegou a apenas 5%. “O Turismo local depende da movimentação de viajantes e, em 2020, já estávamos enfrentando grandes adversidades para dar sequência às atividades da região. Não temos mais tempo para esperar uma intervenção natural. É preciso reunir ainda mais esforços para extinguir os incêndios no Pantanal”, continua ele, que prevê tempos difíceis para o Turismo e moradores da região e também pede medidas para que a situação não se repita em 2021 e anos adiante.
Confira abaixo a íntegra do artigo do presidente da FBHA.
“Incêndio no Pantanal traz preocupações a longo prazo para o nosso País
Alexandre Sampaio, presidente da Federação Brasileira de Hospedagem e Alimentação (FBHA)
Sabe-se que o Pantanal é uma das maiores extensões úmidas contínuas do planeta, com área aproximada de 150.355 km², de acordo com o mapeamento realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2004. Devido à importância - e abundância - da fauna e da flora, a região foi declarada como Patrimônio Natural da Humanidade, pela Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco). Em 2018, o bioma já apresentava 3,5 mil espécies de plantas, 325 variedades de peixes, 53 tipos diferentes de anfíbios, 98 répteis, 656 aves e 159 mamíferos.
Apesar da amplitude e da riqueza, passamos, anualmente, por situações preocupantes que colocam em risco toda a ecologia nacional. Isso porque o nosso País sofre com secas intensas em determinados períodos do ano e, com isso, os incêndios em áreas ambientais ocorrem com mais incidência, afetando todo o equilíbrio natural de diferentes regiões.
Como se já não bastasse esse sufoco, estamos enfrentando, este ano, uma situação atípica: o fogo perdeu o controle e a capacidade de retenção por inúmeras semanas. Unindo-se às chamas em Nova Gales do Sul, no Ártico Siberiano e na costa oeste dos Estados Unidos, os incêndios no Pantanal foram considerados os maiores dos últimos 18 anos, com elevadas taxas de emissões de CO².
Apenas em 2020, foi registrado um crescimento de 210% dos incêndios no Mato Grosso e Mato Grosso do Sul – regiões que abrangem o complexo do Pantanal. Os dados foram apontados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Especiais (Inpe), que contabilizou 125.031 queimadas no país, sendo o maior registro para o período desde 2010. De acordo com o G1, somente nas duas primeiras semanas de setembro deste ano foram registrados 5,3 mil focos de calor apenas no Pantanal.
No último fim de semana, o calor na região foi amenizado graças às chuvas que atingiram Poconé, município do Estado de Mato Grosso, localizado cerca de 100 quilômetros de Cuiabá. Embora em pouca quantidade, foi possível diminuir a velocidade de propagação das chamas, amenizando o incêndio local. A natureza está agindo, mas ainda é insuficiente para erradicar o fogo.
Tivemos um suporte tardio do governo para combater os incêndios florestais, ocasionando uma insuficiência no combate às chamas. Sabendo das particularidades da região, principalmente neste período do ano, é preciso de uma força-tarefa mais atuante para que a situação não cresça da forma que está hoje em dia. É extremamente frustrante acompanhar as proporções desta situação. Vemos, diariamente, animais carbonizados e milhões de hectares sem vida. O cenário é preocupante, triste e exige total atenção para ser controlado.
Posteriormente, é possível que tenhamos que lidar com um desequilíbrio na biodiversidade, impactando a funcionalidade local. Além disso, a perda é estrutural: a economia também sentirá o peso dos incêndios deste ano. O exemplo mais factível em relação a este assunto se refere ao ecoturismo. A modalidade, no ano de 2014, por exemplo, movimentou R$ 492 bilhões no Brasil com atividades diretas, indiretas e induzidas. Com a região severamente comprometida, será inviável trabalhar neste meio até que a natureza consiga se reerguer após as chamas.
A região é extremamente turística e mundialmente famosa. Recebemos milhares de turistas internacionais por conta da diversidade e riqueza do ecossistema. Com a pandemia, tivemos uma queda expressiva do faturamento dos empreendimentos de hospedagem e alimentação do Pantanal. Agora, com esses incêndios, vemos uma situação muito preocupante que, inclusive, tende a se agravar.
Numericamente, podemos dizer que, em agosto, conseguimos registrar uma taxa de ocupação nos meios de hospedagem de apenas 5,30%. A queda do faturamento estava em cerca de 90% no setor. Nossa região está severamente comprometida no que diz respeito ao meio ambiente e também ao que conseguimos movimentar como lucro para sobrevivência de quem é da região. Para o ano que vem, os tempos podem ser nebulosos.
O Turismo local depende da movimentação de viajantes e, em 2020, já estávamos enfrentando grandes adversidades para dar sequência às atividades da região.
Não temos mais tempo para esperar uma intervenção natural. É preciso reunir ainda mais esforços para extinguir os incêndios no Pantanal. Além disso, é mais do que necessário discutir medidas preventivas para que o mesmo não ocorra em 2021. É inviável passar por uma situação parecida – ou, quem sabe, ainda pior – futuramente.
A conscientização e a união para combater às chamas serão primordiais para evitarmos que os animais e a vegetação enfrentem novamente esse problema que, a cada ano, deteriora mais a nossa região.”
Em agosto, a ocupação dos meios de hospedagem na região chegou a apenas 5%. “O Turismo local depende da movimentação de viajantes e, em 2020, já estávamos enfrentando grandes adversidades para dar sequência às atividades da região. Não temos mais tempo para esperar uma intervenção natural. É preciso reunir ainda mais esforços para extinguir os incêndios no Pantanal”, continua ele, que prevê tempos difíceis para o Turismo e moradores da região e também pede medidas para que a situação não se repita em 2021 e anos adiante.
Confira abaixo a íntegra do artigo do presidente da FBHA.
“Incêndio no Pantanal traz preocupações a longo prazo para o nosso País
Alexandre Sampaio, presidente da Federação Brasileira de Hospedagem e Alimentação (FBHA)
Sabe-se que o Pantanal é uma das maiores extensões úmidas contínuas do planeta, com área aproximada de 150.355 km², de acordo com o mapeamento realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2004. Devido à importância - e abundância - da fauna e da flora, a região foi declarada como Patrimônio Natural da Humanidade, pela Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco). Em 2018, o bioma já apresentava 3,5 mil espécies de plantas, 325 variedades de peixes, 53 tipos diferentes de anfíbios, 98 répteis, 656 aves e 159 mamíferos.
Apesar da amplitude e da riqueza, passamos, anualmente, por situações preocupantes que colocam em risco toda a ecologia nacional. Isso porque o nosso País sofre com secas intensas em determinados períodos do ano e, com isso, os incêndios em áreas ambientais ocorrem com mais incidência, afetando todo o equilíbrio natural de diferentes regiões.
Como se já não bastasse esse sufoco, estamos enfrentando, este ano, uma situação atípica: o fogo perdeu o controle e a capacidade de retenção por inúmeras semanas. Unindo-se às chamas em Nova Gales do Sul, no Ártico Siberiano e na costa oeste dos Estados Unidos, os incêndios no Pantanal foram considerados os maiores dos últimos 18 anos, com elevadas taxas de emissões de CO².
Apenas em 2020, foi registrado um crescimento de 210% dos incêndios no Mato Grosso e Mato Grosso do Sul – regiões que abrangem o complexo do Pantanal. Os dados foram apontados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Especiais (Inpe), que contabilizou 125.031 queimadas no país, sendo o maior registro para o período desde 2010. De acordo com o G1, somente nas duas primeiras semanas de setembro deste ano foram registrados 5,3 mil focos de calor apenas no Pantanal.
No último fim de semana, o calor na região foi amenizado graças às chuvas que atingiram Poconé, município do Estado de Mato Grosso, localizado cerca de 100 quilômetros de Cuiabá. Embora em pouca quantidade, foi possível diminuir a velocidade de propagação das chamas, amenizando o incêndio local. A natureza está agindo, mas ainda é insuficiente para erradicar o fogo.
Tivemos um suporte tardio do governo para combater os incêndios florestais, ocasionando uma insuficiência no combate às chamas. Sabendo das particularidades da região, principalmente neste período do ano, é preciso de uma força-tarefa mais atuante para que a situação não cresça da forma que está hoje em dia. É extremamente frustrante acompanhar as proporções desta situação. Vemos, diariamente, animais carbonizados e milhões de hectares sem vida. O cenário é preocupante, triste e exige total atenção para ser controlado.
Posteriormente, é possível que tenhamos que lidar com um desequilíbrio na biodiversidade, impactando a funcionalidade local. Além disso, a perda é estrutural: a economia também sentirá o peso dos incêndios deste ano. O exemplo mais factível em relação a este assunto se refere ao ecoturismo. A modalidade, no ano de 2014, por exemplo, movimentou R$ 492 bilhões no Brasil com atividades diretas, indiretas e induzidas. Com a região severamente comprometida, será inviável trabalhar neste meio até que a natureza consiga se reerguer após as chamas.
A região é extremamente turística e mundialmente famosa. Recebemos milhares de turistas internacionais por conta da diversidade e riqueza do ecossistema. Com a pandemia, tivemos uma queda expressiva do faturamento dos empreendimentos de hospedagem e alimentação do Pantanal. Agora, com esses incêndios, vemos uma situação muito preocupante que, inclusive, tende a se agravar.
Numericamente, podemos dizer que, em agosto, conseguimos registrar uma taxa de ocupação nos meios de hospedagem de apenas 5,30%. A queda do faturamento estava em cerca de 90% no setor. Nossa região está severamente comprometida no que diz respeito ao meio ambiente e também ao que conseguimos movimentar como lucro para sobrevivência de quem é da região. Para o ano que vem, os tempos podem ser nebulosos.
O Turismo local depende da movimentação de viajantes e, em 2020, já estávamos enfrentando grandes adversidades para dar sequência às atividades da região.
Não temos mais tempo para esperar uma intervenção natural. É preciso reunir ainda mais esforços para extinguir os incêndios no Pantanal. Além disso, é mais do que necessário discutir medidas preventivas para que o mesmo não ocorra em 2021. É inviável passar por uma situação parecida – ou, quem sabe, ainda pior – futuramente.
A conscientização e a união para combater às chamas serão primordiais para evitarmos que os animais e a vegetação enfrentem novamente esse problema que, a cada ano, deteriora mais a nossa região.”