Ele voltou: Carlos Vazquez assume BRT Consolidadora; o que esperar?
Depois de mais de 5 anos fora desse mercado, Carlinhos quer levar a BRT a todo o Brasil
Carlos Vazquez, conhecido no mercado como Carlinhos, está de volta. Ele foi anunciado hoje, 2 de abril, como novo sócio e responsável pela consolidadora do Grupo BRT, comandado por Eraldo Palmerini e com sede em Curitiba. Depois de um período de mais de cinco anos de non-compete, por ter vendido sua antiga consolidadora, a Esferatur, para a CVC Corp, Vazquez está pronto para a rotina que mais ama (e da qual é especialista): o relacionamento com agentes de viagens, colaboradores e fornecedores - à frente de uma consolidadora.
Um dos ícones desse segmento, com passagens por Oremar, Leiser, Flytour e Esferatur, Carlinhos, hoje com 63 anos, é contemporâneo de outras referências na consolidação, como Goiaci Guimarães, Elói Oliveira, Juarez Cintra e Marcelo Sanovicz. Desses apenas Juarez continua à frente de uma grande consolidadora, a Ancoradouro, e os demais deixaram o mercado pelo mesmo motivo de Carlos Vazquez: a venda de suas empresas.
Mas ele voltou, em um projeto oferecido pelo fundador da BRT, Eraldo Palmerini, que aposta no crescimento do grupo pelo Brasil e também em mais produtos. Para isso, precisava de um nome forte para tocar a consolidadora, enquanto Marco Aurélio Di Ruzze, também sócio do grupo, se dedica a outras frentes, como a operadora, o BRT Lounges e coisas novas que estão no forno.
Sócios na BRT
Vazquez faz questão de destacar que a sua chegada na BRT é para somar com Di Ruzze e Luciano Palmerini, filho de Eraldo e quarto sócio da empresa. “Vamos trabalhar juntos, cada um dedicado a seus projetos, mas com muita sinergia. No tamanho que a BRT chegou, com quase R$ 2 bilhões em vendas no ano passado, não dava pro Marco Aurélio tocar sozinho a expansão e o Eraldo, sabendo que meu non compete acabaria agora em abril, me fez a proposta de sociedade”, conta Vazquez, que tem 49 anos de atuação em consolidadoras (sim, começou aos 14 anos), mais até que a própria BRT, que este ano celebra 46 anos.
"Tenho uma relação antiga com o Carlinhos e esperei ele terminar o non-compete para trazê-lo para nosso projeto de crescer. Ele tem uma expertise muito grande com aviação, na consolidação, e isso vai nos dar mais tempo (a mim e aos outros sócios, meu filho Luciano e o Marco Aurélio Di Ruzze) para que pensemos nas estratégias de crescimento. O Luciano fica com o financeiro, sua especialidade, o Marco Aurélio tem expertise em tecnologia e gestão e o Carlinhos focado no comercial, na consolidação. É o que ele faz melhor e estamos muito contentes com a chegada dele, nesse momento em que estamos fortes em todo o País, aos 46 anos de empresa", disse Eraldo Palmerini à PANROTAS.
Marco Di Ruzze complementa dizendo que a empresa precisa crescer como um todo, em todas as áreas e a chegada de Vazquez vai ajudar nisso. "Funcionaremos como três vice-presidentes sob a liderança do presidente Eraldo, mas cargo não é importante nesse momento e sim a expertise de cada um dos três nesse projeto de crescimento."
"Vim para ser vendedor", resume Carlos Vazquez. "Realmente não importa o cargo e sim a relação com os demais sócios e a força da marca BRT. Sou um vendedor e é isso que vim fazer na BRT", diz.
O grupo
No ano passado, o Grupo BRT, que tem cerca de 250 colaboradores, vendeu quase R$ 2 bilhões e a meta para este ano é crescer 20%. O grupo tem 16 bases físicas no País: Curitiba, São Paulo e Rio de Janeiro são as três maiores na rede, que conta também com Porto Alegre, Florianópolis, Londrina, Maringá, Bauru, Ribeirão Preto, Belo Horizonte, Vitória, Salvador, Natal, Fortaleza, Goiânia e Brasília. Há ainda profissionais em home-office em 20 outras cidades.
Conversamos com Carlos Vazquez sobre sua volta ao mercado, no Grupo BRT:
O que vai fazer
“Vou cuidar da consolidadora, da operação e do comercial. Isso dará tempo e ferramentas para o Marco Aurélio (Di Ruzze) tocar o projeto de expansão do Grupo BRT, que tem ainda a operadora, a consolidadora de hotéis, o BRT Lounges e projetos que vão ser anunciados em breve. Vim para ser vendedor”
Como foi a proposta
“Eu e Eraldo (Palmerini) temos uma relação de 30 anos. E era um desejo dele que trabalhássemos juntos e agora deu certo. A empresa precisa crescer em outras áreas, o projeto é bastante ousado, e fico feliz em me juntar à BRT, ao lado dos demais sócios, Luciano Palmerini e Marco Di Ruzze.”
O que mudou na consolidação?
“A consolidação não mudou nesses cinco anos em que estive fora. Mais de cinco anos, aliás, pois a venda foi anunciada em agosto de 2018, a compra aprovada em abril de 2019 e por isso só hoje terminou meu non-compete. Mas a consolidação continua com os mesmos players e os mesmos pilares: a relação com os agentes de viagens e uma boa equipe, e isso é minha especialidade.”
Fama de durão
“Sim, sou um chefe duro, pois cobro a todos os instantes. Acompanho tudo de perto. Mas sei liderar, incentivar, entregar. Sei valorizar cada colaborador e nossos relacionamentos no mercado.”
Fama de agressivo com a concorrência
“Na verdade a concorrência tem medo de perder colaboradores, mas é normal quando temos uma empresa que se destaca pela liderança e pelo time azeitado, que as pessoas queiram trabalhar lá. E isso vai ocorrer com a BRT. Já ocorre, aliás. Um concorrente tentou tirar funcionários da BRT em Curitiba e sabe quantos levou? Nenhum. O Eraldo já tem essa base de investir na equipe e agora isso só vai melhorar.”
Mas tem ou não o estilo agressivo comercialmente?
“Isso está no DNA. É como o time da Holanda. Ataca em leque e defende em funil. Ser agressivo pra mim significa ser ágil, saber ver as oportunidades, ser acessível, o que eu sou com todo mundo, ter uma equipe preparada e bom relacionamento com o mercado. Podem esperar isso dessa nova fase da BRT Consolidadora.”
Como viu o fim da Air Tkt?
“Acho que esse fim (da Air Tkt) já estava escrito, já estava previsto. Mas a união dos consolidadores precisa continuar, talvez fortalecendo outras entidades, como a Abav, ou a Braztoa, já que temos uma operadora.”
Rotina
“Passarei as terças e quartas-feiras em Curitiba, mas o comercial estará todo concentrado em São Paulo. Nosso objetivo é crescer em todo o Brasil e agregar mais colaboradores em todas as regiões. Não vamos mexer na estrutura que está ganhando em Curitiba e outras praças. A BRT tem um projeto Brasil que vai fazer jus a esse legado construído com austeridade e seriedade pelo Palmerini.”
Recebeu outras propostas?
“Sim e até pensei em abrir minha própria empresa, começar do zero. Mas minha relação com o Eraldo e a BRT é muito boa e o projeto está bem redondo. Agentes de viagens e fornecedores sempre me perguntavam quando eu iria voltar... Chegou esse dia.”
Diferencial de uma consolidadora
“Sem dúvida é a equipe e o relacionamento com o mercado. A BRT já tem várias lideranças que trabalharam comigo na Esferatur e outras empresas, estou sendo muito bem recebido por todos. Hoje o diferencial de uma consolidadora não é mais o incentivo ou o motor de reservas, que está parecido em todas as empresas, e sim nas pessoas. Da liderança aos profissionais de vendas e backup.”
Você disse que a consolidação não mudou muito, mas alguns fornecedores estão investindo em ações contra a venda indireta...
“Na verdade, tem apenas uma empresa com atitude mais agressiva em relação a isso, mas digo a todos vocês, o agente de viagens é muito mais forte que qualquer ação como essa da American Airlines. A consolidação vai crescer, a venda via agências vai crescer, assim como o Turismo em geral.”
Vazquez hoje está em Curitiba sendo apresentado aos colaboradores da BRT pelos sócios Eraldo e Luciano Palmerini e Marco Aurélio Di Ruzze.
Seu e-mail na nova empresa é cpv@grupobrt.com.br.