Filip Calixto   |   11/03/2021 13:47
Atualizada em 12/03/2021 11:00

Oyo dá passo atrás em sua participação na América Latina

A Oyo optou por encerrar a operação padrão no continente e atender apenas de maneira remota


Divulgação
Fundada em 2013, a Oyo Hotels ganhou o mundo e chegou ao Brasil no fim de 2018
Fundada em 2013, a Oyo Hotels ganhou o mundo e chegou ao Brasil no fim de 2018
Empresa indiana especializada em hotéis de baixo custo, a Oyo decidiu diminuir de maneira significativa sua operação na América Latina. A rede optou por encerrar a operação padrão nos países onde mantinha escritórios - Brasil e México - e agora passa a trabalhar em um modelo de serviço exclusivamente digital. A extensão dos efeitos da pandemia de covid-19 na região foi o motivo alegado para a medida.

Além de modificar a relação com todos os clientes e proprietários de hotéis parceiros, a novo formato de trabalho da Oyo implica na diminuição da força de trabalho contratada pela corporação.

Em comunicado, a empresa resume a situação. “Infelizmente, esta mudança no modelo de serviço significa que teremos que dizer adeus à maioria dos nossos companheiros de equipe que admiramos e valorizamos”, diz um trecho da nota. “Somos extremamente gratos a todos os nossos funcionários e temos o compromisso de tornar essa transição o mais humana possível”, completa.

A startup não deu números exatos de quantos colaboradores perderam suas vagas.

Oyo Romms/Divulgação
A empresa nasceu buscando oferecer oferta padronizada em destinos secundários e terciários
A empresa nasceu buscando oferecer oferta padronizada em destinos secundários e terciários
Além do fechamento de postos de trabalho, a mudança no formato de atendimento brecou uma parceria obtida recentemente. Com o novo modelo de operação, o acordo com o Softbank para a América Latina deixará de ter efeito. A parceria havia sido anunciado em setembro passado e envolvia uma injeção de US$ 75 milhões para ajudar na retomada dos negócios na região.

Mesmo reconhecendo que a novidade significa um passo para trás no desenvolvimento da marca para a região, a Oyo reitera que ainda é um caminho viável para empresários do setor e para hóspedes.

“Não prevemos qualquer interrupção nas reservas já existentes durante esta transição e entraremos em contato com nossos hotéis parceiros, hóspedes e outras partes interessadas nos próximos dias com mais informações”, sustenta o comunicado.

MODELO DE NEGÓCIOS MODIFICADO
A curva no formato de atuação que estava em vigor por aqui é apenas mais um desvio de rota numa empresa que, desde sua fundação, em 2013, já realizou modificações significantes. A Oyo nasceu como Oyo Rooms estabelecendo acordos com hotéis em cidades secundárias e terciárias para distribuir apenas alguns quartos dessas propriedades.

A ideia naquele momento era ter ofertas pontuais com preços atraentes e estrutura padronizada ligadas a uma companhia global. Com o tempo e o reconhecimento, a empresa passou a fazer acordos mais abrangentes com esses empreendimentos, dando uma espécie de sobrenome a essas propriedades que, como contrapartida, ganhavam a força de distribuição num modelo mais parecido com as franquias tradicionais.

Emerson Souza
Carolina Haro, diretora da Mapie e representante da Phocuswright na América Latina, acompanhou o desenvolvimento da Oyo
Carolina Haro, diretora da Mapie e representante da Phocuswright na América Latina, acompanhou o desenvolvimento da Oyo
“Nesse modelo de franquia, contudo, o proprietário espera mais do que a força de distribuição. Espera know-how de gestão, um atributo que a marca ainda estava desenvolvendo”, pontua a diretora da Mapie e representante da Phocuswright na América Latina, Carolina Sass de Haro. De acordo com ela, por participar do desenvolvimento de estudos com a Phocuswright, a evolução da Oyo foi acompanhada de perto.

A respeito da decisão de atender as unidades brasileiras apenas de maneira remota, Carolina avalia que pode haver problemas de adaptação, principalmente por conta da proximidade que o processo de hospedagem corporativa ainda requer dos empresas hoteleiras.

“Principalmente para a hotelaria de negócios, a distribuição ainda é muito local. Está amparada em empresas que existem no entorno dos empreendimentos. Então quando não há equipe instalada no país esse conhecimento se perde, sem acesso a essas empresas e relacionamentos”, pondera. “Com isso, a proposta de ter força na distribuição acaba ficando enfraquecida”, completa.

Pintando esse panorama, a executiva opina ainda que muitos dos donos de hotéis que fecharam acordos com a Oyo podem buscar em breve a saída da parceria, embora ainda existam algumas vantagens nela. A especialista também aponta que há outras empresas com serviços similares aos da companhia indiana surgindo por aqui. “Existem algumas alternativas”, reforça.

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