Aéreas listam fatores que elevam preço das passagens
Custos de operação em certos destinos, ajuda governamental e número de viajantes foram citados
"Temos uma dificuldade tremenda de antecipar para onde vão os principais fatores de custo no próximo ano. O que é ponto pacífico aqui é que as companhias aéreas estão cobrando caro sem mostrar margens de lucro expressivas. Precisamos atacar isso de forma estruturada. O custo de operar no Brasil é muito alto. Mas também é preciso estar em um País que esteja satisfeito com crescimento de 1% ou 2%. Precisamos ter crescimento econômico, gerar empregos e, consequentemente, poder de compra para que mais pessoas façam viagens aéreas", afirmou Cadier.
Na sua vez, Abhi Shah citou alguns motivos, para além da economia brasileira, que impactam atualmente no valor das passagens. Alguns são conhecidos, como o alto valor do combustível e a dolarização da indústria no Brasil, mas o presidente da Azul foi além e falou sobre custos de operação em certos destinos, ajuda governamental e número de viajantes. Confira abaixo.
DESTINOS CAROS
"O preço das passagens tem muitos componentes, desde sazonalidade a custos. Em alguns dos lugares que voamos, como Fernando de Noronha (PE), os preços de operação são mais altos. Destinos mais remotos são mais caros. Mas acreditamos na conveniência para os nossos passageiros. Quando a Azul chega na Amazônia, por exemplo, você muda vida das pessoas. Essa conectividade traz demanda, cresce mercado, mas também muda vida das pessoas", explicou.
AJUDA GOVERNAMENTAL
Questionado por William Waack se acredita que as aéreas brasileiras deveriam ter recebido ajuda governamental, como ocorreu em outros países, Abhi afirmou: "Não sei, mas um fato é que não aconteceu. O preço do combustível está 119% maior do que em 2019. A American ganha em dólar, teve ajuda do governo e paga combustível 20% mais barato do que nós. E essas empresas são nossas concorrentes. Isso é um dos desafios que temos. Todas as etapas e cadeias do combustível tem contribuição para o alto valor das passagens. Combustível é produzido aqui e empresas estrangeiras pagam 20% a menos do que nós", afirmou.POUCOS VIAJANTES
Por último, um fator que Cadier e Shah demonstraram descontentamento é a quantidade (pequena) de brasileiros que viajam de avião, muito conectado à situação econômica citada pelo CEO da Latam. "O mercado dobrou. O mercado doméstico brasileiro vai ser maior em 2023 do que em 2019. Venderemos mais passagens aéreas. Mas se você olha o número de viagens por habitante brasileiro, temos uma média de 0,4 viagens anuais por pessoa. É muito pouco. Temos destinos. Brincamos que os brasileiros visitam mais Foz do Iguaçu do que Miami", disse.No mesmo assunto, Cadier afirmou que a Latam está trabalhando para gerar empregos no Brasil com o MRO de São Carlos (SP). "Estamos fornecendo serviços no Brasil, em São Carlos (SP), para aeronaves que são utilizadas em outros países. Geramos empregos e estamos fomentando essa roda econômica. Empregos geram renda, geram poder de compra. Quero sim que a empregada voe para Orlando, voe para Miami", afirmou o CEO da Latam.
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