Assim começa o dia de um expedicionário na Ponant - parte 7
O diário de bordo segue aqui no Portal PANROTAS, hoje com a sétima parte da série de relatos
ANTÁRTICA - A expedição a bordo da Ponant se aproximava do fim e a conversa entre os passageiros girava em torno de como as expectativas haviam sido pulverizadas a esta altura da viagem. Eu achava que a Antártica já tinha apresentado tudo o que tinha, mas na parte 7 do meu diário de bordo eu mostro o quão errado eu estava.
David Marionneau-Châtel anunciara ao jantar que a manhã seguinte seria intensa. A programação indicava que as atividades começariam cedo, mas o capitão do Le Soléal sugeria um despertar antecipado. No sistema de som ele repetia Lemaire Channel isso, Lemaire Channel aquilo. Ele navega a região há dez anos e tem a seu dispor tecnologia suficiente para prever um céu perfeito. Ele cravava que valia o esforço, porque eu não confiaria?
Eu havia me preocupado em colocar o alarme para me acordar, mas não foi preciso. Os relógios ainda não marcavam 7 horas quando um fio dourado encontrou caminho pela cortina da minha cabine. As pálpebras cerradas foram inundadas por luz: o sol gritava, vem me ver.
As cortinas escancaradas revelaram o cenário. Diante do movimento do navio, o astro parecia querer brincar. Seus raios inundavam a varanda para logo se reclusarem por trás de alguma montanha. E então retornavam quando o monte da vez não conseguia mais conter o inevitável. O sol neste dia raiaria soberano.
PACOTE COMPLETO
Não tínhamos ventos exagerados e o frio era algo totalmente contornável com todo aquele aparato que vestíamos. A água estava calma e o sol permanecia a aquecer nossos corpos. Marionneau-Châtel estava certo, o dia hoje beiraria a perfeição.
A manhã, que já havia iniciado cedo com a navegação cênica por Lemaire, seria ainda preenchida por um passeio pelos arredores da Ilha Pleneau. A bordo do Zodiac, foram 90 minutos de uma experiência que, ao descrevê-la, provavelmente soará como um texto publicitário de catálogo da temporada.
Por entre o jardim de icebergs eu contemplava formas e texturas de gelo que jamais havia visto. Pela versatilidade do pequeno barco de suporte era possível se aproximar da matéria flutuante e ver de perto, linha por linha, mancha por mancha, detalhes que passam despercebidos quando avistados do alto do navio.
Em pouco tempo o grupo já havia ganhado companhia. Por vezes largados em icebergs, em outros momentos ágeis debaixo d'água, focas estavam curiosas com a nossa presença - duas delas até provaram da borracha dos botes em mordiscadas curiosas (capazes de aguentar eventos como estes, os Zodiacs sofreram perfurações mas seguiram navegando).
Mais preguiçosas e interessadas em seus próprios sonos, as focas caranguejeiras queriam aproveitar o sol. As focas leopardo, diferentemente, queriam entender melhor quem éramos nós. Alheia a isso tudo, uma baleia minke seguia seu caminho pela costa que visitávamos. A sensação era a de estar presenciando tudo o que a Antártica tinha de mais vivo em uma única atividade.
CHARCOT
Pela tarde desembarcaríamos em Port Charcot, pedaço de uma baía cartografada pela primeira vez pelo explorador francês Jean-Baptiste Charcot e nomeada em homenagem não a si próprio mas a seu pai, o neurologista Jean-Martin Charcot. O local teve suma importância na terceira expedição antártica da França, que por ali se resguardou durante o inverno de 1904.
Alguns resquícios da expedição ainda estavam presentes, devidamente apontados e explicados pelos naturalistas. Mas não é só por sua história que o lugar é um das paradas mais populares entre os cruzeiros turísticos. O jardim de icebergs avistado durante o passeio da manhã era agora contemplado desde o topo de um monte, me deixando com ainda mais dúvidas sobre as dimensões de tudo aquilo que eu via. De perto ou de longe, a impressão que eu tinha era de que, naquele dia, a Ponant havia proporcionado aos passageiros, com ajuda do tempo e da vida selvagem, uma expedição impecável.
O diário de bordo segue esta semana aqui no Portal PANROTAS. O cruzeiro expedicionário da Ponant rumo à Antártica também é destaque na edição desta semana da Revista PANROTAS, não deixe de conferir!
O Portal PANROTAS viajou a convite da Qualitours e da Ponant
David Marionneau-Châtel anunciara ao jantar que a manhã seguinte seria intensa. A programação indicava que as atividades começariam cedo, mas o capitão do Le Soléal sugeria um despertar antecipado. No sistema de som ele repetia Lemaire Channel isso, Lemaire Channel aquilo. Ele navega a região há dez anos e tem a seu dispor tecnologia suficiente para prever um céu perfeito. Ele cravava que valia o esforço, porque eu não confiaria?
Eu havia me preocupado em colocar o alarme para me acordar, mas não foi preciso. Os relógios ainda não marcavam 7 horas quando um fio dourado encontrou caminho pela cortina da minha cabine. As pálpebras cerradas foram inundadas por luz: o sol gritava, vem me ver.
As cortinas escancaradas revelaram o cenário. Diante do movimento do navio, o astro parecia querer brincar. Seus raios inundavam a varanda para logo se reclusarem por trás de alguma montanha. E então retornavam quando o monte da vez não conseguia mais conter o inevitável. O sol neste dia raiaria soberano.
PACOTE COMPLETO
Não tínhamos ventos exagerados e o frio era algo totalmente contornável com todo aquele aparato que vestíamos. A água estava calma e o sol permanecia a aquecer nossos corpos. Marionneau-Châtel estava certo, o dia hoje beiraria a perfeição.
A manhã, que já havia iniciado cedo com a navegação cênica por Lemaire, seria ainda preenchida por um passeio pelos arredores da Ilha Pleneau. A bordo do Zodiac, foram 90 minutos de uma experiência que, ao descrevê-la, provavelmente soará como um texto publicitário de catálogo da temporada.
Por entre o jardim de icebergs eu contemplava formas e texturas de gelo que jamais havia visto. Pela versatilidade do pequeno barco de suporte era possível se aproximar da matéria flutuante e ver de perto, linha por linha, mancha por mancha, detalhes que passam despercebidos quando avistados do alto do navio.
Em pouco tempo o grupo já havia ganhado companhia. Por vezes largados em icebergs, em outros momentos ágeis debaixo d'água, focas estavam curiosas com a nossa presença - duas delas até provaram da borracha dos botes em mordiscadas curiosas (capazes de aguentar eventos como estes, os Zodiacs sofreram perfurações mas seguiram navegando).
Mais preguiçosas e interessadas em seus próprios sonos, as focas caranguejeiras queriam aproveitar o sol. As focas leopardo, diferentemente, queriam entender melhor quem éramos nós. Alheia a isso tudo, uma baleia minke seguia seu caminho pela costa que visitávamos. A sensação era a de estar presenciando tudo o que a Antártica tinha de mais vivo em uma única atividade.
CHARCOT
Pela tarde desembarcaríamos em Port Charcot, pedaço de uma baía cartografada pela primeira vez pelo explorador francês Jean-Baptiste Charcot e nomeada em homenagem não a si próprio mas a seu pai, o neurologista Jean-Martin Charcot. O local teve suma importância na terceira expedição antártica da França, que por ali se resguardou durante o inverno de 1904.
Alguns resquícios da expedição ainda estavam presentes, devidamente apontados e explicados pelos naturalistas. Mas não é só por sua história que o lugar é um das paradas mais populares entre os cruzeiros turísticos. O jardim de icebergs avistado durante o passeio da manhã era agora contemplado desde o topo de um monte, me deixando com ainda mais dúvidas sobre as dimensões de tudo aquilo que eu via. De perto ou de longe, a impressão que eu tinha era de que, naquele dia, a Ponant havia proporcionado aos passageiros, com ajuda do tempo e da vida selvagem, uma expedição impecável.
O diário de bordo segue esta semana aqui no Portal PANROTAS. O cruzeiro expedicionário da Ponant rumo à Antártica também é destaque na edição desta semana da Revista PANROTAS, não deixe de conferir!
O Portal PANROTAS viajou a convite da Qualitours e da Ponant