De Soléal a Elephant Point, os primeiros passos na Antártica - parte 2
Ao longo dos próximos dias, relato com detalhes a experiência - do planejamento às descobertas
ANTÁRTICA - A bordo do Le Soléal, navio expedicionário da Ponant, eu estava a caminho da Antártica. As primeiras 36 horas de mar eram passado, havíamos vencido o temido Drake e, pouco a pouco, nos aproximávamos de algo totalmente genérico: a Península Antártica. Porque a Antártica é algo bem genérico, não é? Até então o continente para mim era um pedaço enorme de terra coberto de gelo, morada de animais diversos, frequentado por cientistas e visitado por um punhado de países que ali instalaram bases militares e de pesquisa.
É isso sim, mas é também mais. Um Drake generoso nos soprou ventos a popa e entregou o Soléal às primeiras ilhas antárticas antes do programado. Entre balanços e sorrisos amarelos, a tripulação havia aproveitado a Passagem de Drake para preparar os cruzeiristas para as expedições. Caminhar na Antártica não é exatamente um passeio pelo parque. Era preciso nos inteirar sobre as estritas regras de visitação da região (controladas pela IAATO, Associação Internacional das Operadoras de Turismo Antártico), depois distribuir o equipamento: galochas de borracha, dessas de loja de material de construção, e a parka, um grosso casaco vermelho que me transportava diretamente para aqueles documentários sobre lugares remotos com climas extremos. Tudo é explicado, ensinado e detalhado nessas conversas a bordo, enquanto desfrutamos do luxo da gastronomia e dos ambientes do navio.
QUEM MANDA
Em poucas horas desembarcaríamos em um bote militar rumo ao primeiro destino antártico. A parada inusitada foi uma primeira prova de que quem desenha um cruzeiro pela Antártica não é o capitão, nem a armadora. As datas de embarque e desembarque serão respeitadas, os portos de partida e chegada são sabidos. As paradas em ilhotas, praias e geleiras, no entanto, serão definidas única e exclusivamente pela vontade do intempestivo clima local. Na Antártica o tempo é rei e quis ele que visitássemos Elephant Point, um refúgio de elefantes marinhos em Livingston, nas Ilhas Shetland do Sul.
Da proa no deck 2, um a um os passageiros eram colocados em Zodiacs, o bote inflável que realiza os traslados entre navio e costa. Oito passageiros por barco e em dez minutos meus pés tocavam os primeiros pedregulhos que formam as praias na Antártica. A recepção não poderia ser mais caricata: um dúzia, ou duas ou três, de pinguins saltitavam desengonçados entre curiosos e prevenidos. De cara descobri o quão intenso e barulhento pode ser o vento na Antártica e aprendi que há muito mais do que gelo na região. Os tons de marrom levemente salpicados de um verde tímido eram a prova de que a imagem da Antártica que eu carregava no meu imaginário era ridiculamente pobre.
Eu teria 60 minutos para caminhar por uma zona pré-determinada pelos especialistas da Ponant. Caminhar, tirar fotos, admirar, mexer as mãos que congelam porque esqueci minhas luvas, tirar fotos, admirar. Era tempo suficiente. Para assistir à comédia chapliniana que os pinguins promovem cada vez que correm. Para observar a disputa de espaço entre elefantes marinhos, com direito a urros, olhares intensos e coçadas de nadadeira.
LEIA AQUI A PARTE 1 DE NOSSA SÉRIE
Aquele tempo-rei que eu mencionei há pouco reforçava sua majestade e nos mandava embora. O vento se rebelou a um ponto em que tornou o mar uma incógnita. Entre desembarcar novos passageiros e tirar aqueles que já estavam na ilha, os especialistas da Ponant escolheram a segunda opção. A segurança era prioridade e alguns hóspedes não conseguiram visitar Elephant Point. Caras feias não foram evitadas, mas foi a Antártica que preferiu assim, vai questionar? Mais adiante, haveria muitas compensações. E expedição é assim mesmo: preparo, planejamento, conhecimento, expertise... e sorte.
Fique ligado nos próximos dias no Portal PANROTAS para acompanhar a jornada completa a bordo do Le Soléal e viaje com a gente em uma expedição de luxo, aventura e experiências para toda a vida.
Veja mais fotos no álbum abaixo
O Portal PANROTAS viajou a convite da Qualitours e da Ponant
É isso sim, mas é também mais. Um Drake generoso nos soprou ventos a popa e entregou o Soléal às primeiras ilhas antárticas antes do programado. Entre balanços e sorrisos amarelos, a tripulação havia aproveitado a Passagem de Drake para preparar os cruzeiristas para as expedições. Caminhar na Antártica não é exatamente um passeio pelo parque. Era preciso nos inteirar sobre as estritas regras de visitação da região (controladas pela IAATO, Associação Internacional das Operadoras de Turismo Antártico), depois distribuir o equipamento: galochas de borracha, dessas de loja de material de construção, e a parka, um grosso casaco vermelho que me transportava diretamente para aqueles documentários sobre lugares remotos com climas extremos. Tudo é explicado, ensinado e detalhado nessas conversas a bordo, enquanto desfrutamos do luxo da gastronomia e dos ambientes do navio.
QUEM MANDA
Em poucas horas desembarcaríamos em um bote militar rumo ao primeiro destino antártico. A parada inusitada foi uma primeira prova de que quem desenha um cruzeiro pela Antártica não é o capitão, nem a armadora. As datas de embarque e desembarque serão respeitadas, os portos de partida e chegada são sabidos. As paradas em ilhotas, praias e geleiras, no entanto, serão definidas única e exclusivamente pela vontade do intempestivo clima local. Na Antártica o tempo é rei e quis ele que visitássemos Elephant Point, um refúgio de elefantes marinhos em Livingston, nas Ilhas Shetland do Sul.
Da proa no deck 2, um a um os passageiros eram colocados em Zodiacs, o bote inflável que realiza os traslados entre navio e costa. Oito passageiros por barco e em dez minutos meus pés tocavam os primeiros pedregulhos que formam as praias na Antártica. A recepção não poderia ser mais caricata: um dúzia, ou duas ou três, de pinguins saltitavam desengonçados entre curiosos e prevenidos. De cara descobri o quão intenso e barulhento pode ser o vento na Antártica e aprendi que há muito mais do que gelo na região. Os tons de marrom levemente salpicados de um verde tímido eram a prova de que a imagem da Antártica que eu carregava no meu imaginário era ridiculamente pobre.
Eu teria 60 minutos para caminhar por uma zona pré-determinada pelos especialistas da Ponant. Caminhar, tirar fotos, admirar, mexer as mãos que congelam porque esqueci minhas luvas, tirar fotos, admirar. Era tempo suficiente. Para assistir à comédia chapliniana que os pinguins promovem cada vez que correm. Para observar a disputa de espaço entre elefantes marinhos, com direito a urros, olhares intensos e coçadas de nadadeira.
LEIA AQUI A PARTE 1 DE NOSSA SÉRIE
Aquele tempo-rei que eu mencionei há pouco reforçava sua majestade e nos mandava embora. O vento se rebelou a um ponto em que tornou o mar uma incógnita. Entre desembarcar novos passageiros e tirar aqueles que já estavam na ilha, os especialistas da Ponant escolheram a segunda opção. A segurança era prioridade e alguns hóspedes não conseguiram visitar Elephant Point. Caras feias não foram evitadas, mas foi a Antártica que preferiu assim, vai questionar? Mais adiante, haveria muitas compensações. E expedição é assim mesmo: preparo, planejamento, conhecimento, expertise... e sorte.
Fique ligado nos próximos dias no Portal PANROTAS para acompanhar a jornada completa a bordo do Le Soléal e viaje com a gente em uma expedição de luxo, aventura e experiências para toda a vida.
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O Portal PANROTAS viajou a convite da Qualitours e da Ponant