Renato Machado   |   06/03/2020 09:10
Atualizada em 06/03/2020 10:58

Uma baleia cruzou o meu caminho - parte 4

Na semana que vem, na Revista PANROTAS, leia um mergulho mais profundo no produto expedição marítima


Renato Machado
Baleia jubarte faz sua dança durante passeio pela Antártica
Baleia jubarte faz sua dança durante passeio pela Antártica
ANTÁRTICA - É dado como fato que quem está a bordo de um cruzeiro expedicionário para a Antártica é um amante da natureza e da vida selvagem. Se não amante, um aficionado. Se não aficionado, pelo menos alguém um quê interessado no assunto. Quem não liga para isso, definitivamente não deveria estar ali. A bordo do Le Soléal, da Ponant, eu me deparava com pessoas de lugares diversos, com caminhadas diferentes e, em comum, um mesmo entusiasmo em relatar as experiências que haviam ocorrido nos dias anteriores.

Esse entusiasmo, sorte nossa, também era dividido pelo capitão da embarcação, David Marionneau-Châtel. O que significa ter um aficionado pela natureza comandando um navio repleto de outros aficionados pela natureza? Na prática, significava priorizar sempre a experiência do passageiro.


A corrida para testemunhar o nado das baleias havia começado logo nos primeiros dias de águas antárticas. Elas estão por aqui, eu sei. As pessoas estão comentando. Ontem alguém diz ter visto uma aparição breve. Os passageiros estavam ficando inquietos.


A bordo do navio, os naturalistas da Ponant não prometiam nada. A natureza é assim, talvez as baleias venham, talvez não. Essa é uma zona em que comumente elas aparecem. Navegamos agora por um canal que serve como rota para alimentação delas.


Essa expectativa não é criada nem alimentada pela tripulação. É um trabalho consistente elaborado em poucos dias por duas centenas de estranhos, uma espécie de primeiros passos para alguma forma de delírio coletivo.


Renato Machado
Mãe e filha jubarte vistas do navio
Mãe e filha jubarte vistas do navio
É CHEGADA A HORA

Bonjour mesdames et messieurs. Pelo sistema de comunicação o capitão fazia um convite. Há algumas baleias jubarte em volta do navio, elas parecem curiosas com a nossa presença. Eu recomendo que vocês corram ao deck 6 para admirar essa beleza. Vou desligar os motores e depois retomamos a navegação.


Na dúvida se esse anúncio era real ou não, todos correram para lá. O verbo usado é "correr" mesmo. Conversas são interrompidas, refeições, adiadas. Talvez uma parada na cabine para pegar o básico, jaquetas para o frio e câmeras para o baile.


Lá estavam elas, no plural. Mãe e filha jubarte dançavam em volta de uma fin adulta. A pequena jubarte já do tamanho da fin, que é naturalmente bem menor. Nessa hora não há diferenças culturais ou linguísticas. A comoção ao ver uma baleia, assim de forma tão clara pela primeira vez, é quase comunhão quando o momento é compartilhado.


Tornaram a mergulhar, num nado calmo, no ritmo delas. Fiz a foto, me afastei do visor e olhei para o deck. Ao meu lado uma senhorinha japonesa me fitava com olhos arregalados, sobrancelhas lá no alto, cabeça acenando num sim frenético e um sorriso largo cheio de dentes. Retribuí o sorriso e rimos uma risada larga. Nesse olhar conversamos, sobre o carinho entre mãe e filha baleias, a beleza da existência de um ser tão grande quanto aquele, a efemeridade da vida.


Fique ligado nos próximos dias no Portal PANROTAS para acompanhar a jornada completa a bordo do Le Soléal e viaje com a gente em uma expedição de luxo, aventura e experiências para toda a vida. E na semana que vem, na Revista PANROTAS, um mergulho mais profundo no produto "expedição marítima", uma das especialidades da Ponant e da Qualitours.


O Portal PANROTAS viajou a convite da Qualitours e da Ponant


Renato Machado
O esperado momento do mergulho
O esperado momento do mergulho

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