Juliana Monaco   |   25/11/2020 15:23

Adoção dos protocolos globais pode acelerar retomada da aviação

A retomada da indústria aérea foi tema discutido no evento Air Connect DX, na última terça-feira (24)


Divulgação
A expectativa para 2021 é de que sejam necessários mais US$ 70 bilhões para as aéreas
A expectativa para 2021 é de que sejam necessários mais US$ 70 bilhões para as aéreas
O processo de retomada do transporte aéreo e as perspectivas da indústria da aviação para 2021 foram temas discutidos na última terça-feira (24), no evento Air Connect DX, durante o painel Agenda Estratégica da Abear, Iata e Alta: Cenários Futuros da Aviação Comercial. Mediado pelo presidente da Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear), Eduardo Sanovicz, o debate contou com a participação do diretor-executivo e CEO da Associação Latino-Americana e do Caribe de Transporte Aéreo (Alta), José Ricardo Botelho, e do diretor Brasil da Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata), Dany Oliveira.

Segundo Botelho, os países latino-americanos que se alinharam aos protocolos desenhados pelo grupo CART, da Organização da Aviação Civil Internacional (Oaci), observam agora um retorno gradual do crescimento do mercado doméstico. O diretor-executivo defendeu ainda, em caso de exigência de exames antes do embarque, a testagem padronizada de passageiros, ao invés da adoção da quarentena. "A quarentena impacta a demanda. Quem vai querer viajar sabendo que deve passar 14 dias isolado ao chegar ao destino? Quando o passageiro percebe que existem protocolos que estão sendo seguidos desde o momento em que ele pisa no aeroporto, no embarque, durante o voo e até o desembarque, ele passa a voar com tranquilidade e isso é comprovado pelas pesquisas", disse.

ATUAÇÃO PÚBLICO-PRIVADA
Os participantes enfatizaram a atuação conjunta de governos e setor privado no mundo para fazer frente à crise na aviação durante 2020. "A partir da declaração de pandemia no primeiro semestre e após o fechamento das fronteiras, houve uma dificuldade inicial de padronizar o modo de operação, mas para que a indústria sobrevivesse, houve um trabalho intenso de adaptação de todo ecossistema", ressaltou Dany Oliveira.

Em relação ao apoio financeiro dos governos à indústria, Oliveira informou que os valores chegaram a US$ 173 bilhões em 2020 e que, para 2021, a expectativa é de que sejam necessários pelo menos mais US$ 70 bilhões para as companhias aéreas. O diretor da Iata no Brasil ressaltou ainda que esse suporte deve ser pensado como investimento nos benefícios econômicos e sociais que a cadeia da aviação traz, citando o plano de mobilização que as empresas terão que montar para a distribuição das vacinas para a covid-19.

Botelho mencionou que, diante da segunda onda de covid-19, as companhias aéreas europeias já negociam mais ajuda ao setor com seus respectivos países. "Na Europa, os países estão na segunda onda da ajuda econômica, entendendo que tudo depende do catalizador que é a aviação civil. Buscar soluções econômicas para ajudar - entre aspas - companhias aéreas, é ajudar o setor inteiro, pois há uma cadeia que depende da indústria aérea, como restaurantes, setor hoteleiro etc", disse.

PERSPECTIVAS PARA 2021 NO BRASIL
Quanto às perspectivas para a aviação civil em 2021, todos os participantes do painel concordaram que, além dos aspectos relacionados à pandemia, há três temas que devem ser trazidos de volta à agenda no Brasil: o combate ao excesso de judicialização no setor, a revisão da precificação do querosene de aviação e a atenção ao processo de eficiência da infraestrutura aeroportuária.

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