Pedro Menezes   |   12/03/2025 19:25
Atualizada em 12/03/2025 22:16

Fórum PANROTAS: Azul, Gol e Latam debatem fusão pela primeira vez

Debate reuniu Abhi Shah, presidente da Azul, Celso Ferrer, CEO da Gol, e Jerome Cadier, CEO da Latam


PANROTAS / Emerson Souza
Celso Ferrer, CEO da Gol, Willian Waack, mediador e jornalista, Jerome Cadier, CEO da Latam Brasil, e Abhi Shah, presidente da Azul
Celso Ferrer, CEO da Gol, Willian Waack, mediador e jornalista, Jerome Cadier, CEO da Latam Brasil, e Abhi Shah, presidente da Azul

"Era melhor você (Abhi Shah) e Celso Ferrer terem sentado juntinhos neste sofá e eu ficava na poltrona". Essa frase é de Jerome Cadier, CEO da Latam Brasil, e apenas uma de diversas frases acaloradas que ditaram o tradicional painel das companhias aéreas, conhecido por encerrar o Fórum PANROTAS 2025, nesta quarta-feira (12). Foi a primeira vez que Azul, Gol e Latam debateram a fusão juntas, no mesmo palco!

Diversos assuntos foram colocados em pauta pelo moderador e jornalista Willian Waack, envolvendo economia, reforma tributária e acidentes recentes, mas esta matéria focará apenas na fusão. Além de Jerome Cadier, dono da frase que abre esta matéria, Abhi Shah, presidente da Azul, e Celso Ferrer, CEO da Gol Linhas Aéreas, também participaram do painel que debateu a possível união das companhias.

O Brasil está preparado para a fusão de Azul e Gol?

Azul

PANROTAS / Emerson Souza
Abhi Shah, presidente da Azul
Abhi Shah, presidente da Azul

O presidente da Azul, Abhi Shah, iniciou seu discurso citando o processo de reestruturação da companhia, que está trocando dívidas por ações e reduzindo custos de juros, justamente para que a empresa possa ter um maior fluxo de caixa. Além de trabalhar para ter uma Azul mais forte, o executivo afirmou que acredita na fusão porque também acredita no crescimento do Brasil e do setor aéreo nacional.

"Acreditamos no crescimento do Brasil, acreditamos que cidades como Goiânia e Campo Grande podem ter voos diretos para os Estados Unidos, acreditamos que o País precisa ter pelo menos 200 cidades atendidas. E com uma malha unificada, podemos chegar a este número. O exemplo que dou é da fusão de Azul e Trip, em 2012. Isto fez com que hoje, 13 anos depois, Confins e Recife tenham recorde de voos"

Abhi Shah, presidente da Azul

O executivo reiterou que acredita na fusão porque acredita no crescimento do Brasil. "E também acredito que precisamos de uma empresa que concorra globalmente por aeronaves, por motores, por peças e por mercado. A gente acredita que a fusão realmente trará crescimento para o Brasil e vantagens para os brasileiros. É claro que teremos medidas de mitigação, já esperamos isso, mas nada fora do normal", disse.

"A Azul existe para crescer e acredita no Brasil. Com uma malha conjunta (Azul e Gol), podemos crescer muito mais. E, honestamente, esta fusão cria uma grande oportunidade para o mercado de trabalho. Sozinha, a Azul já chegou a operar em 150 cidades. Logo, geramos empregos em todas elas"

Abhi Shah, presidente da Azul

Gol

PANROTAS / Emerson Souza
Celso Ferrer, CEO da Gol
Celso Ferrer, CEO da Gol

Celso Ferrer, CEO da Gol, afirmou que a prioridade número #1 da companhia é sair do Chapter 11 e finalizar seu processo de reestruturação. Ele lembra que a saída do processo nos EUA independe de qualquer fusão, já que quem apoia todo este plano é o Grupo Abra, holding que controla a companhia. Agora, sobre a fusão, Celso afirmou que a Abra tem a visão de um grupo cada vez mais forte, com maior estabilidade e presença global.

"A competição hoje acontece de maneira global pelo cliente e pela cadeia de suprimentos. Então, com certeza, a visão que temos é que, se a fusão acontecer, nos tornaremos uma companhia aérea muito mais forte, com mais estabilidade num ambiente que é difícil de operar. O momento já é melhor com nossa entrada para o Grupo Abra e certamente a fusão com a Azul estará neste mesmo viés: de sermos mais fortes"

Celso Ferrer, CEO da Gol

Celso Ferrer está confiante com relação às autoridades e afirmou que o Cade tem uma equipe técnica muito focada para analisar questões complexas como a possível fusão. Celso reconhece que o case é grande, já considerado o maior da história da aviação brasileira, um setor que todo mundo é "especialista, que todo mundo gosta e usufrui.

"Teremos muitas etapas (neste processo de fusão. É algo que vai demorar um tempo. E se passarmos por todas estas etapas, chegaremos num case de convencimento de que a fusão será melhor para a sociedade como um todo e também para nossos acionistas. Eu digo isso porque hoje, no setor aéreo, a gente compete contra nosso próprio assento vazio, com questões muito mais ligadas à colocação de capacidade, o que envolve o tamanho do avião, o número de assentos e o equilíbrio entre oferta e demanda, pontos que são determinantes para o preço do bilhete aéreo"

Celso Ferrer, CEO da Gol

Logo, segundo Ferrer, não podemos olhar a fusão de maneira geral. O CEO da Gol lembrou que a Azul já voa para muitos mercados sozinha, ou seja, há pouca sobreposição de rotas. "E se tiver, é onde teremos que estudar. Cada caso é um caso, porque tudo depende da oferta de cada mercado. O preço está ligado a oferta e a oferta está ligada ao custo de capital, ou seja, o preço vai ser melhor se custo for menor", disse Celso Ferrer.

Latam

PANROTAS / Emerson Souza
Jerome Cadier, CEO da Latam Brasil
Jerome Cadier, CEO da Latam Brasil

Jerome Cadier disse a frase que abre esta matéria (em tom de brincadeira!) porque no palco do Fórum PANROTAS 2025 havia um sofá e duas poltronas. Willian Waack sentou na poltrona da esquerda, Abhi Shah sentou na poltrona da direita, enquanto Jerome Cadier e Celso Ferrer dividiram o sofá no centro do palco.

No entanto, Jerome Cadier foi claro: ele não é contra a fusão de Azul e Gol! Ele é contra a fusão sem as medidas de mitigação necessárias para que não prejudique a concorrência e consequentemente os passageiros.

"Eu nunca me coloquei contra! Só acho que temos que tomar muito cuidado. A fusão de Gol e Azul é totalmente diferente da fusão de Lan e Tam, por exemplo, ou até mesmo da Webjet e Gol. São ordens de magnitude de concentração de mercado muito diferentes. O que eu sou contra é aprovar a fusão sem medidas de mitigação, ou seja, deixar que as companhias tenham, por exemplo, 88% de concentração em alguns aeroportos. Com isso, qual é o incentivo da Latam de competir? Baixíssimo! Logo, é preciso tomar muito cuidado com a fusão, porque não se pode aprovar uma fusão como essa sem pensar nas consequências competitivas que essa fusão trará"

Jerome Cadier, CEO da Latam Brasil

Jerome Cadier disse que as negociações com o Cade serão desafiadoras. Questionado sobre possíveis medidas de mitigação que poderiam ser aprovadas para que a fusão saia do papel, o CEO da Latam Brasil afirmou que o grande objetivo é fazer com que o consumidor tenha alternativas para voar.

"É fazer com que as companhias possam disputar cada cliente. Em um mercado que a concentração chega a 90%, não há uma disputa real. É preciso equilíbrio para que haja concorrência. Ninguém assiste a uma luta de boxe na qual se enfrentam um peso pesado e um peso pena, porque todo mundo já sabe o que vai acontecer. Uma luta de boxe só é interessante quando há equilíbrio entre os lutadores"

Jerome Cadier, CEO da Latam Brasil
PANROTAS / Emerson Souza
O CEO da Latam Brasil, Jerome Cadier, disse a frase que abre esta matéria porque, no palco do Fórum PANROTAS 2025, havia um sofá e duas poltronas
O CEO da Latam Brasil, Jerome Cadier, disse a frase que abre esta matéria porque, no palco do Fórum PANROTAS 2025, havia um sofá e duas poltronas

O executivo disse que nem está preocupado com o aeroporto de Congonhas, já que a concentração máxima de mercado por lá seria de 60%-40%. O que preocupa Jerome são as rotas com 90% de concentração de mercado, algo que ele citou durante todo o painel.

"A gente discorda, mas não discorda, porque existem condições que podem ser positivas para o Brasil. No entanto, como já falei, tudo isso depende de medidas de mitigação para cada caso. E neste ponto, eu confio no Cade, que tem um corpo técnico muito forte e fará uma análise gigante de toda a situação. O problema não é Congonhas, e sim os outros mercados, para que os clientes tenham alternativas e assim crie-se concorrência"

Jerome Cadier, CEO da Latam Brasil

Questionado sobre o aumento das tarifas, Jerome mais uma vez afirmou que depende da mitigação. "Há margem para a operação ser viável, para que haja disputa pelo passageiro, mas é preciso essas medidas. Margens mais altas de concentração de mercado, os preços acabam subindo. Resumindo, é difícil estimar o impacto da fusão sem saber as medidas de mitigação que serão impostas para a concorrência seguir ativa", finalizou Jerome Cadier.

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