Transição sustentável elevará custos das empresas aéreas em 30%, diz Iata
Com várias medidas de transição até 2050, US$ 744 bilhões seriam adicionados ao custo final do combustível
Que o Brasil possui uma grande oportunidade de se tornar um líder na global na produção de SAF (Combustível Sustentável de Aviação), muita gente já sabe. Embora o setor da aviação esteja avançando numa jornada mais sustentável, ainda há uma série de desafios que devem ser superados para uma adoção global do combustível.
Tudo para pavimentar um caminho mais sustentável para aviação. No entanto, esta transição custa e vai custar muito caro para as companhias aéreas. A International Air Transport Association (Iata), por exemplo, estima que esse custo adicional atingirá o nível mais alto em 2050, com US$ 744 bilhões.
Se as empresas aéreas não tivessem que enfrentar a transição, o custo com combustível cresceria de US$ 291 bilhões em 2024 para US$ 692 bilhões em 2050, como resultado do aumento projetado de tráfego (2.4x entre 2024 e 2050). Acrescentando o custo de transição de US$ 744 bilhões, só o custo total de combustível chegaria a US$ 1,4 trilhão em 2050 - mais que o dobro do cenário sem transição.
"O custo total das empresas aéreas em 2024 deve chegar a US$ 936 bilhões, com a parcela do querosene de aviação representando 31%. Impulsionado pelo crescimento esperado do tráfego aéreo, o custo total das empresas aéreas em 2050 pode chegar a US$ 2,23 trilhões no caso “sem NetZero”"
Dany Oliveira, Country Director da Iata no Brasil
As parcelas do custo de combustível e não combustível permaneceriam inalteradas nesse caso, em comparação com as parcelas em 2024. No entanto, se as empresas aéreas adotarem várias medidas de transição até 2050, isso acrescentaria US$ 744 bilhões ao custo do combustível.
"Nesse caso, o custo total das empresas aéreas aumentaria para US$ 2,97 trilhões em 2050, com a parcela do custo do combustível subindo de 31% para 45%, e outros 3% viriam do uso de remoções de CO2. O aumento de 30% no custo total das empresas aéreas, de US$ 2,23 trilhões para US$ 2,97 trilhões na transição para o NetZero, é impossível de ser absorvido em um setor com uma margem de lucro líquido de 3%"
Dany Oliveira, Country Director da Iata no Brasil
Com uma margem operacional de 6% em 2050 (a mesma de 2024), a receita total do setor poderia chegar a US$ 2,37 trilhões em 2050. Isso ficaria US$ 601 bilhões abaixo do custo total para as empresas aéreas por conta da transição.
Portanto, segundo Dany, um forte apoio político, com volumosos incentivos financeiros, precisa ajudar a fechar essa lacuna de receita, visando o diferencial de preço entre o combustível SAF e o querosene de aviação, a fim de tornar a transição NetZero um sucesso.