Gol crê em Chapter 11 rápido; Azul e Latam ponderam sobre compra
Tema foi debatido com os CEOs das companhias aéreas em painel do Fórum PANROTAS 2024
A recente entrada da Gol em Chapter 11, e nem poderia ser diferente, foi tema na tarde desta quarta-feira (6) no Fórum PANROTAS 2024 em painel com os CEOs da três principais companhias aéreas brasileiras. Celso Ferrer, CEO da Gol, disse estar impressionado com a maturidade do processo de recuperação judicial nos Estados Unidos e acredita que no segundo semestre já estará falando em saída bem-sucedida do processo.
"Operar em um setor que não cresce, lidar com volatilidade de câmbio, além da pandemia, colocou a companhia em uma fragilidade de balanço. Então optamos pelo Chapter 11 para voltar a ter um balanço positivo. Encontramos no Chapter 11 um caminho seguro para endereçar a estrutura de capital da companhia. Plano segue sendo posicionar a companhia para o crescimento com a otimização das operações. O Chapter 11 não impacta nossa capacidade e segurança operacional."
Celso Ferrer, CEO da Gol
Questionado pelo jornalista William Waack, mediador do painel, sobre movimentação recente em que avalia a compra da Gol, John Rodgerson driblou a pergunta e deu resposta política reforçando necessidade de empresas fortes: "Acho que nossa indústria é muito mal entendida. Fazemos muito pelo crescimento do PIB do País. Então o Brasil precisa de companhias fortes que trazem os melhores equipamentos. Azul fez a própria renegociação fora do Chapter 11 e estamos bem."
Jerome Cadier, CEO da Latam, perguntado sobre se é a "hora de comprar a Gol", continuou em tom político, mas foi mais objetivo: "Não sei se é a hora. A resposta depende da estratégia de cada companhia. No nosso caso, estamos crescendo nos últimos três anos e buscando mais oportunidades de crescimento". Recentemente, a Latam demonstrou interesse em comprar aeronaves utilizadas atualmente pela Gol.
Comparação com Latam
Tentando estabelecer um paralelo do atual Chapter 11 da Gol com o que a Latam passou durante a pandemia, Cadier explicou que "é muito difícil comparar". "Cada empresa tem características e situações diferentes. Entramos no Chapter 11 em um momento sem demanda e sem receita, mas tínhamos aviões sobrando. Entramos com muito caixa porque entramos cedo. É muito dificil comparar. É outra situação comparada a da Gol".
Mesmo sem poder estabelecer paralelos, Ferrer afirmou que o Chapter 11 da Gol é um "caso muito simples" e "processo bem menos complexo" devido principalmente à sua frota única e manutenção de equipes e operações atuais, quando a companhia conta com demanda.
"Entramos no Chapter 11 depois da pandemia porque tentamos muito a negociação fora de corte. Vantagem disso é que agora todos lessores já tem um desenho de todas as negociações, e agora dentro do processo estamos chancelando a maioria desses planos e estamos avançando muito rápido", elaborou o CEO da Gol.
Momento difícil
Mas, apesar das diferenças entre os processos, Jerome Cadier conseguiu dar dicas a Celso Ferrer sobre o lado pessoal de toda a situação: "Lado pessoal é extremamente difícil. A conversa com credores sempre é complicada. Além da nossa inexperiência nessa situação em relação aos assessores financeiros que passam por isso todo mês".
Celso Ferrer agradeceu as palavras de tranquilização e afirmou: "Minha vida está muito intensa, principalmente para coordenação da equipe desses assessores financeiros. Mas é uma indústria qualificada e um processo transparente e público."
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