Aéreas não querem subsídio, mas sim políticas para reduzir custos
CEOs da Azul, Gol e Latam compartilharam dores da aviação brasileira no Fórum PANROTAS 2024
Parafraseando John Rodgerson, CEO da Azul Linhas Aéreas, "o mundo foi dividido em dois após a pandemia": em países que prestaram ajuda governamental às suas companhias aéreas e em países que não fizeram o mesmo. Atualmente, Azul, Gol e Latam competem com empresas que foram subsidiadas por seus governos em rotas internacionais.
Ainda assim, o principal pedido do setor não é subsídio, mas sim políticas de desenvolvimento para a aviação que permitam reduzir o custo das operações no Brasil. Esta foi uma das pautas do tradicional painel de companhias aéreas do Fórum PANROTAS 2024 com os CEOs das principais aéreas brasileiras.
"Precisamos ter uma política de desenvolvimento do setor. Sem custo baixo, não tem preço baixo. Precisamos trabalhar no custo. Financiamento, mão de obra, combustível, judicialização. O preço para operar no Brasil está realmente alto e, com ele, Brasil não terá o crescimento que precisa ter. Estamos perdendo para países da América Latina. Isso é frustrante."
Jerome Cadier, CEO da Latam
William Waack, jornalista da CNN Brasil e mediador do painel, apoiou a causa das companhias com números. Em 2023, o acréscimo na receita das aéreas foi de 21%, enquanto seus custos subiram 28%. No mesmo ano, as companhias recolheram R$ 55 bilhões em receita e gastaram R$ 57 bilhões. Então, os executivos foram convidados a responder a seguinte pergunta: "De quais políticas públicas a aviação precisa para lidar com números que não fecham?".
Recentemente, o governo federal anunciou um pacote de socorro às companhias aéreas brasileiras entre R$ 4 bilhões e 6 bilhões, mas o termo "socorro" não agrada muito ao CEO da Azul e não parece ser a resposta ideal para os CEOs. "Fico p*** com esse negócio de socorro. É um acesso a crédito que ajuda o próprio País. Quando você dá retorno para o banco, não é subsídio. Ninguém está pedindo subsídio do governo brasileiro", afirmou John Rodgerson.
Celso Ferrer, CEO da Gol, completou: "Minha posição é: subsídio que cria distorção não é bom. Estamos falando de custo e competitividade. Competimos com aéreas estrangeiras na mesma rota com um custo muito maior."
Jerome Cadier, CEO da Latam, foi o que mais insistiu na questão do custo: "O problema é custo mais do que acesso ao crédito. Passamos por um processo duro de reestruturação, e estamos gerando caixa. Mas não estamos conseguindo crescer porque existem entraves. Brasil perde por não ter uma perspectiva de estabilidade regulatória. Daqui a pouco vou precisar colocar manutenção de aeronaves em outros países porque os custos trabalhistas só sobem. Precisamos definir políticas para a indústria da aviação."
Entre os altos custos, foram citados aqueles que já são tema das companhias aéreas, e até mesmo de outras edições deste painel do Fórum PANROTAS nos anos anteriores, como: câmbio, combustível e judicialização. "O Brasil tem 3% dos voos globais e 90% dos processos judiciais. Se atacarmos essas questões, podemos colocar capacidade", completou Rodgerson.
O Fórum PANROTAS 2024 conta com a aliança institucional da CNC Sesc Senac e o patrocínio da Accor, Aerolineas Argentinas, Ancoradouro, Assist Card, Aviva, B2B Reservas, Beach Park, Bee2Pay, BeFly, BWH Hotels, ClickBus, Copastur, Coris, CVC, Decolar, Disney Cruise Line/Walt Disney World, Easy Travel Shop, Elo, Enjoy Hotéis e Resorts, Expotelecom, EZLink, Fortaleza, FundturMS, Gol Linhas Aéreas, Gramado Parks, Grupo Cataratas, Grupo R1, GTA Assist, Iberia British Airways, Kaluah, Latam Delta, Localiza, Losango Bradesco Financiamentos, Metrô de São Paulo, Mondiale, Omnibees, Orinter, Paytrack, Quero Passagem, República Dominicana, Sabre, Sebrae, Setur Alagoas, Sheraton São Paulo WTC Hotel, Shift, Smiles Viagens, SMTur, Tes Cenografia, Tour House, Tyller Consolidadora, ViagensCorp, ViagensPromo e Visite São Paulo/SPCVB.