Taxa de R$ 50 da Gol gera revolta de agentes no Abav MeetingSP; entenda
Painel de companhias aéreas do evento da Abav-SP / Aviesp debateu o tema nesta quinta-feira (7)
A principal notícia do Turismo ontem (6) foi a aplicação de uma taxa de atendimento de R$ 50 por ligação e passageiro às agências de viagens pela Gol Linhas Aéreas. Hoje (7), durante painel de companhias aéreas do Abav MeetingSP, o tema não foi ignorado. Após breve pergunta do mediador Luti Guimarães, presidente do conselho da Air Tkt, Anderson Wolff, representando a aérea, praticamente replicou o comunicado divulgado pela companhia mais cedo, explicando que a cobrança será realizada apenas para serviços disponíveis no site, em uma tentativa de tornar o atendimento da Gol mais eficiente.
"A Gol trabalha em trazer funcionalidades para que o agente possa ter independência nos canais diretos para suprir todas as demandas referente à Gol nesse canal digital, no venda e no pós-venda, trazendo eficiência no atendimento ao passageiro. Em virtude disso, tomamos decisões buscando otimizar o trabalho da nossa equipe de CRC para demandas que ainda não temos pleno funcionamento em nosso site, que serão atendidas por telefone sem cobrança", afirmou Wolff.
No entanto, o assunto não morreu. Quando as perguntas foram abertas, Fernando Santos, ex-presidente da Abav-SP | Aviesp e ainda cooperando na associação, provocou um novo debate com colocação assertiva que gerou salva de palmas dos agentes de viagens presentes.
"Não deveríamos pagar para resolver um problema que a companhia aérea criou. Aí o viajante chega no balcão e o agente que é tido como vilão e precisa encarar um processo judicial."
Fernando Santos
Na sequência, Luti tentou acalmar os ânimos fazendo uma análise sóbria da aplicação da taxa: "É difícil de acreditar no modelo, porque acreditamos muito no atendimento humano. A Gol está distanciando isso, mas é uma estratégia da companhia. Uma escolha da companhia". E foi rapidamente retrucado por um agente de viagens: "Assim como é uma escolha das agência vender ou não Gol".
Judicialização
Logo, o debate foi tratar da judicialização no setor aéreo, assunto tão citado pelos CEOs como fator para o valor das tarifas. Marcelo Oliveira, assessor jurídico da Abav-SP | Aviesp, questionou o porquê das agências de viagens não serem eliminadas dos processos envolvendo erros de companhias aéreas.
"Não tem sentido as agências seguirem processos judiciais se as agências não fizeram nada de errado", afirmou Oliveira, que foi prontamente complementado por Luti: "Quem perde bagagem no aeroporto não é a agência de viagens".
A judicialização do setor, como todas as considerações acima comprovam, é muito mais que apenas um segundo câncer para as empresas aéreas brasileiras. O debate promete ser amplo. E imprevisível.