American Airlines diz não ter vínculo comercial com 123Milhas; entenda
Reportagem do jornal O Globo aponta que aérea pede a distribuidores que não vendam a agências on-line
Com os desdobramentos da situação da 123Milhas, que na útima sexta-feira (18) anunciou a suspensão de seus pacotes da linha Promo123, uma reportagem publicada nesta terça-feira (22) pelo O Globo mostra a fragilidade do modelo de venda de pacotes flexíveis, prática adotada pela OTA e também pela Hurb, que vem enfrentando, desde abril, sua maior crise.
Além de estes cancelamentos deixarem os clientes inseguros, também restringe e encarece o crédito a agências e operadoras. O Ministério do Turismo anunciou ontem (21), por exemplo, que suspendeu o Cadastur da 123Milhas.
O veículo afirma ainda que as companhias aéreas também começaram a agir, como é o caso da American Airlines, que, segundo O Globo, "divulgou comunicado a empresas que distribuem seus bilhetes, pedindo que não vendam a agências de viagem on-line, como por exemplo a 123Milhas. A companhia aérea tem canal próprio para venda de passagens a plataformas digitais. Procurada, não respondeu até a publicação desta reportagem."
O Portal PANROTAS entrou em contato com a assessoria da American para saber se esta recomendação por parte da aérea procedia. No entanto, a companhia informou que não possui nenhum vínculo com a OTA.
"A American Airlines não possui qualquer vínculo com a 123Milhas. Dessa forma, não temos qualquer declaração/posicionamento/recomendação específico para compartilhar sobre este assunto."
Sabe-se, no entanto, que distribuidores de passagens aéreas acabam servindo de emissores para as OTAs milheiras, como a 123, que não possuem contrato com as companhias aéreas e são inclusive criticadas pelas empresas de aviação. Dessa forma, via distribuidores credenciados pelas aéreas, o cliente acaba comprando uma passagem da American, por exemplo, na 123, mesmo com a OTA não tendo contrato com a empresa americano. Daí a notícia do Globo sugerindo que a AA teria reforçado o pedido a seus revendedores para não alimentarem a indústria das milheiras, que este ano está tomando um de seus mais duros golpes, em uma crise evidenciada no ano passado, quando o CEO da Latam, Jerome Cadier, disse que essas milheiras eram o câncer do Turismo.
MTur avalia modelo de negócios da 123Milhas
O ministro do Turismo, Celso Sabino, disse hoje (22) que a pasta que comanda está avaliando o modelo de negócio praticado pela 123Milhas.
“Algumas empresas têm milhagens aéreas no mercado na mão de clientes com o valor nominal muito parecido ao atual da empresa. Então, nós estamos analisando isso [o modelo do negócio]. Temos técnicos muito competentes do Ministério do Turismo para avaliar o modelo de negócio praticado por essa companhia”, adiantou o ministro.
Sabino, que participou da audiência pública na Comissão de Desenvolvimento Regional e Turismo do Senado Federal, explicou que a análise chegará ao fim com uma das duas conclusões:
“Se o modelo de negócio é seguro, possui eficiência, eficácia e é um modelo que vai ajudar a desenvolver o Turismo no Brasil, ótimo. Nesse caso específico, dessa companhia, vamos identificar quem são os culpados e não penalizaremos os consumidores. Ou, a segunda conclusão poderá ser: ‘esse modelo de negócio é arriscado, é perigoso e não possui sustentabilidade’. Aí, o governo vai atuar a fim de garantir: primeiro, a economia nacional, o direito do consumidor e a proteção do cidadão brasileiro”, destacou.
Na audiência pública, o senador Irajá Silvestre Filho (PSD-TO) fez um apelo ao governo federal para mediar uma solução que defenda os consumidores, sem necessariamente, fechar a empresa 123Milhas.
“Diante de um problema tão crônico que a empresa enfrenta, acho que uma situação conflituosa é sempre o pior caminho. Precisamos mediar uma solução que possa ser amigável, defendendo os interesses dos consumidores brasileiros, que compraram esses pacotes e passagens promocionais de boa-fé, mas, nós não podemos, de forma nenhuma, punir a empresa, o CNPJ da empresa. Nós temos que punir os responsáveis, os seus dirigentes e, eventualmente, depois de apuradas essas investigações, apontar os responsáveis por essa crise em que a empresa se encontra e, aí, sim, responsabilizar e puni-los, conforme a legislação”.
Após ouvir os questionamentos dos parlamentares, Sabino garantiu que o poder público não ficará em silêncio diante desta situação considerada por ele como importante para o consumidor e o desenvolvimento do Turismo no Brasil.
“É farto o arcabouço de proteção ao direito consumidor e, inclusive, daquele consumidor que se sentiu lesado e, se não quiser o voucher, pode, imediatamente, recorrer aos órgãos administrativos ou judiciários. Com toda certeza, lhe será assegurado o direito de receber o que ele pagou e, possivelmente, até mesmo uma indenização”, orientou o ministro.
DA AGÊNCIA BRASIL