Artur Luiz Andrade   |   20/12/2021 00:14
Atualizada em 20/12/2021 00:32

Trade comenta indignado suspensão de voos da Itapemirim

Empresa suspendeu operações por falta de caixa e criou esquema para atender clientes impactados


A notícia da suspensão dos voos da Ita Transportes Aéreos, do Grupo Itapemirim, por falta de caixa, revoltou e chocou o setor, que lotou as redes sociais da PANROTAS de comentários. Um dos posts noInstagram teve duas mil curtidas e 341 comentários. Os mais de 20 stories sobre o tema tiveram média de 4 mil visualizações cada. O Portal PANROTAS chegou a uma média 30 mil visitantes únicos na sexta-feira, 17, e no sábado 18. No domingo, mais de 20 mil.

Muitos indignados e questionando as autoridades, como a Anac. Outros levantando a bandeira da necessidade de revisão da lei de responsabilidade solidária, injusta para os agentes de viagens. Alguns lembraram que Sidnei Piva esteve poucos dias antes no Fórum PANROTAS, no painel que reuniu os CEOs da empresas aéreas nacionais (e ele é um dos 4).

Vários comentários diziam que já não vendiam Ita há muito tempo, alguns por sugestão de consolidadores. Um deles, a Ancoradouro, disse que não tinha contrato com a Ita.

A empresa passou o final de semana tentando atender os clientes, priorizando quem tinha de voltar para casa e oferecendo reembolso para os demais. A companhia não soube precisar quantos passageiros foram impactados e quantos já haviam sido atendidos. Estima-se que o número chegue a 80 mil passageiros atingidos, 43 mil somente com dois grandes players do mercado.

Também na entrevista concedida ao Portal PANROTAS no dia 16 de dezembro, um dia antes da suspensão, descobrimos que o aporte de um fundo árabe, no valor de R$ 500 milhões, anunciado por Sidnei Piva no lançamento da Ita, nunca chegou. E que a companhia esperava um investimento de de R$ 200 milhões de um fundo nacional, que também, pelo visto, recuou.

O presidente da aérea, Adalberto Bogsan, chegou a dizer que o sistema da empresa havia sido hackeado em outubro, mas fontes ouvidas pela PANROTAS negam a versão e dizem que o call center saiu do ar por falta de pagamento. A companhia esperava operar com break-even depois da entrada em operação da oitava aeronave. Até sexta-feira apenas cinco estavam operando.

Confira abaixo alguns dos comentários deixados no Instagram do Portal PANROTAS (@portalpanrotas).


“Tragédia anunciada! Por este motivo que nós da Ancoradouro não assinamos o contrato para consolidar está companhia aérea e nunca emitimos um único bilhete”, informou o fundador do Grupo Ancoradouro, Juarez Cintra Filho. As consolidadoras demoraram a assinar contrato com a Ita e algumas delas, como a Ancoradouro, se recusaram a vender a empresa.

“Estou aqui no aeroporto nesse exato momento centenas de passageiros aguardando alguma posição do que vai ser feito”, Chrystian Richard, cliente Ita que enviou fotos e vídeos ao Portal PANROTAS. A ajuda não chegou e ele precisou comprar uma passagem de ônibus para chegar a Porto Alegre e ver a família. Em um dos vídeos, Chrystian mostrou os escritórios da Ita em Guarulhos abandonados.

“Trabalho no aeroporto em uma agência de viagens e é um absurdo o que aconteceu. Pessoas já na sala do embarque receberam essa notícia e simplesmente nenhum funcionário da ITAPEMIRIM para dar informação”, escreveu Marciliane Moraes.
“O agente de viagens não tem um dia de paz, Senhor”, registrou a Gaiah Tur.

“Uma derrota para o Turismo! Quem achou que 2020 foi difícil, 2021 está sendo 20x pior”, disse Thiago Krull.

“Muito triste, mas meu consolidador já tinha me alertado sobre isso. Como já tinha sofrido com a Avianca, achei melhor ouvi-lo. Perdi algumas vendas (inclusive um grupo para o Réveillon), porém hoje estou tranquila. Essa dor de cabeça não vou ter. Essa, pelo menos”. Depoimento de Ana Paula Avanzi, da B4B Turismo.

“Agora neste país com leis injustas, sobra pra agência de viagens, que ganhou por seus serviços 10% sobre a tarifa, a responsabilidade de ressarcir o passageiro”, pontuou a Leorri Viagens.

“Mas essa companhia não acabou de entrar no mercado, gente?”, se espantou Camila Azevedo.

“Como assim? Viajei há duas semanas com eles e tinha adorado a experiência. Poxaaaa!”, lamentou o perfil Ela que ama viajar.

“Uma vergonha”, disse a diretora da Marriott, Bruna Duarte.

“Sem falar que ele abriu uma empresa de R$ 6 bilhões no Reino Unido”, postou Guilherme Franco, referindo-se à notícia dada um dia antes.

“É um absurdo isso. Tem de mudar as leis do Brasil. Punição severa para esses empresários. Onde vai estourar? Nas agências de viagens. Responsabilidade solidária. Mudança na lei. Punição aos verdadeiros responsáveis. Consumidor não pode ficar sem proteção e nem as agências de viagens. Políticos, olhem isso”, Rita Vasconcelos.

“O governo federal não pode ajudar neste momento? Alta temporada, muitos passageiros prejudicados”, perguntou Sergio S. Viana.

“Como chama mesmo o órgão que deveria fiscalizar? Alguém os viu? Porque para chegar a esse ponto, eles já começaram devendo muito. Será que a Anac não sabia o que estava de fato acontecendo”, indaga a Treex Viagens.

“Mais uma tristeza pro nosso trade. Não deveria nem ter liberado a Ita para voar. Irresponsabilidade”, opinou Fabiana Checco.

“E o cara pagando de empresário renomado no Fórum PANROTAS. Que vergonha para a aviação brasileira e para o Turismo, que fica babando desses sem noção”, escreveu o perfil @rogeriosbeghi_oficial.

Entidades como a Abav, Anac e Abear se manifestaram no final de semana, assim como empresas como CVC Corp e BeFly.

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