Danilo Teixeira Alves   |   06/09/2019 09:45
Atualizada em 06/09/2019 10:52

Especial Aviação (Final): sustentabilidade da aviação já é realidade?

Segundo muitos especialistas, este futuro só será possível se existir uma cooperação de toda a cadeia que compõe a indústria aeronáutica

Criar um futuro mais sustentável para a aviação é uma das premissas das principais companhias aéreas ao redor do mundo. Ou pelo menos, deveria ser. Segundo muitos especialistas, este futuro só será possível se existir uma cooperação de toda a cadeia que compõe a indústria aeronáutica. Protótipos de modelos mais econômicos, como aviões híbridos e elétricos, devem começar a operar a partir de 2020, com capacidade para 15 a 20 passageiros, que deve ser aumentada em 2035. O combustível sustentável já é realidade em muitos países, inclusive no Brasil.


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Segundo dados recentes da Associação Latino-Americana e do Caribe de Transporte Aéreo (Alta), suas companhias aéreas membro alcançaram eficiência anual de 3,5%, acima do objetivo traçado pela indústria aérea em 2010, de 1,5%. Entre as propostas, está “interromper o crescimento de emissões de CO2 a partir de 2020 e reduzir em 50% as emissões líquidas de CO2 a partir de 2050”.

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Em junho deste ano, a Boeing anunciou US$ 1 milhão em investimentos nos esforços do Brasil para estabelecer uma indústria de combustível sustentável para aviação. O investimento focará em iniciativas que maximizem benefícios sociais, econômicos e ambientais para as comunidades locais envolvidas no desenvolvimento de matérias-primas que possam ser usadas para produzir combustível sustentável para aviação (SAF, sigla em inglês). Em 2018, a empresa já havia investido outro US$ 1 milhão para as ações do setor no Brasil.

“O Brasil é uma potência em biocombustível e acreditamos que essa liderança pode se traduzir em benefícios para pequenos agricultores e comunidades que participam da cadeia de fornecimento de múltiplas matérias-primas que viabilizam a produção de biocombustível para aviação no país”, disse o vice-presidente sênior da Boeing e presidente da Parceria com a Embraer e das Operações do Grupo, Marc Allen.

Sua concorrente, a Airbus, “vende” o A350-900 como um dos aviões mais modernos e ecologicamente corretos do mundo. Emite 50% menos ruído, seus motores Rolls-Royce Trent XWB de última geração e a diminuição do peso da aeronave permitem reduzir as emissões de ruído para bem abaixo dos limites estabelecidos; 25% menos consumo de querosene e emissões, e seu consumo de querosene é 25% a menos que aeronaves similares.

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AS EMPRESAS AÉREAS NACIONAIS ESTÃO EMPENHADAS?
A Azul está desenvolvendo o seu primeiro relatório de sustentabilidade. Segundo a companhia, a partir daí a empresa desenvolverá uma estratégia para os próximos anos.

Uma outra iniciativa, o programa de reciclagem dos resíduos gerados a bordo das aeronaves, o ReciclAzul, já é uma realidade, por exemplo. “Ele existe para promover a coleta seletiva dos resíduos consumidos no serviço de bordo, onde as latinhas de alumínio são colocadas em sacolas diferentes para posterior reciclagem através de cooperativas. A renda recebida pela venda do alumínio é destinada a projetos sociais da Azul, como a compra e doação de cadeiras de rodas”, explica a gerente de Responsabilidade Social da aérea, Carolina Constantino.

“Também estamos avaliando um incremento mais significativo e eficiente do ReciclAzul, onde iremos separar todos os resíduos recicláveis, como copos de plástico, embalagens de snacks e caixas de suco tetrapak. Assim, praticamente eliminaremos os resíduos destinados a aterros.”

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O avião PR-AYX recebeu a pintura
O avião PR-AYX recebeu a pintura "Rumo a sustentabilidade. Pense verde. Voe Azul"
Em 2012, a Azul realizou um voo teste com bioquerosene, que foi batizado de Azul+Verde. A companhia abasteceu metade dessa aeronave com biocombustível de cana. "Na época, nós vimos que seria possível produzir o querosene de aviação (QAV) com esse combustível, mas, infelizmente, hoje não há escala comercial no mercado para suprir a demanda que surgiria”, afirma.

De acordo com a executiva, ainda assim, a companhia acredita que a adoção de biocombustíveis é a alternativa que trará resultados efetivos à questão de emissão de gases do efeito estufa pela aviação. Por isso, está engajada em participar das discussões sobre a produção, distribuição e consumo de BioQAV, em parceria com a Abear, a fim de garantir a qualidade, quantidade e viabilidade econômica desse tipo de combustível. “Entendemos que o tema é relevante para todos os stakeholders – desde investidores e clientes até nossos próprios tripulantes – e por isso estamos integrando os temas materiais de sustentabilidade no nosso planejamento estratégico”, afirma.

A Gol, por meio do seu diretor de Relações Institucionais da Gol, Claudio Borges, diz que atuou ativamente nas definições de obrigação assumidas pela indústria e seus países de origem para o estabelecimento do Carbon Offsetting and Reduction Scheme for International Aviation (Corsia), que obriga o crescimento neutro das emissões em operações internacionais ou sua compensação obrigatória.

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O diretor de Relações Institucionais da Gol, Claudio Borges
O diretor de Relações Institucionais da Gol, Claudio Borges
“Desde 2012, nós desenvolvemos um programa que fomenta ativamente a cadeia de valor do bioquerosene no Brasil e, em paralelo, melhorando sua eficiência operacional ano após ano, assim reduzindo o crescimento da emissão de gases GEE na atmosfera”, afirma Borges. Ele ressalta que a aérea acredita na construção de um cenário de desenvolvimento sustentável de suas operações, que reduzam o consumo de recursos naturais não renováveis e os níveis de emissões.

“Trabalhamos também para realizar a gestão responsável dos resíduos gerados pela operação e para isso, desenvolvemos um Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos (PGRS), presente em todas suas bases de Manutenção de Linha (em aeroportos e sede) e no Centro de Manutenção de Aeronaves (CMA), localizado no Aeroporto de Confins (MG). Entre as principais atividades do PGRS, está a gestão do armazenamento temporário, a triagem dos resíduos e a gestão sobre as empresas contratadas para realizar o seu transporte e destinação”, explica o executivo.

Mais de 1.000 colaboradores da Latam são voluntários em diversos programas sociais e ambientais apoiados pela empresa. “Sendo conscientes dos impactos gerados pela indústria da aviação (responsável por aproximadamente 2% das emissões de gases do efeito estufa atribuídos às atividades humanas), desenvolvemos no Grupo Latam Airlines uma estratégia que nos permite abordar iniciativas em âmbitos de impacto e rentabilidade, com ações diretamente relacionadas aos efeitos de nossas operações”, afirma o diretor de Vendas Indiretas e Marketing da Latam Brasil, Igor Miranda.

Partindo da necessidade de alcançar os níveis máximos de eficiência no consumo de combustíveis, a Latam Airlines unificou, em 2015, os programas de eficiência no consumo de combustíveis de suas operações regionais e gerou o Latam Fuel Efficiency Program, programa interdisciplinar que analisa as operações de voo e de solo, buscando sempre oportunidades de redução no consumo. Ele inclui projetos operacionais e tecnológicos que vão desde fazer as operações mais eficientes até melhorar a gestão de tráfego aéreo e a inclusão de adaptações e melhorias estruturais nas aeronaves.

Emerson Souza
Igor Miranda, diretor de Vendas Indiretas e Marketing da Latam
Igor Miranda, diretor de Vendas Indiretas e Marketing da Latam
Tomando como base o ano de 2012, estes esforços já respondem, segundo dados da companhia, por uma queda de 3,3% na média de consumo anual de combustível. Isso traz um importante resultado para a organização, além de contribuir significativamente para a redução na emissão de gases de efeito estufa.

“Contamos, no Brasil, com um sistema de Gestão Ambiental e de Resíduos robusto e implementado em todas as bases e localidades em que a companhia opera, inclusive no centro de manutenção em São Carlos (interior de São Paulo). No Brasil, cerca de 83% dos resíduos gerados pela operação e gerenciados pela Latam Airlines Brasil são reciclados. Os 17% restantes são enviados para aterros ou são incinerados. A companhia trabalha diariamente para melhorar o aproveitamento dos recursos”, finalizou o executivo.

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