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Danilo Teixeira Alves   |   03/09/2019 09:45   |   Atualizada em 03/09/2019 11:43

Aviação nos próximos meses - Parte 2: as aéreas low cost

Entre todos os assentos vendidos em 2018 (4,4 bilhões), 29% foram em aeronaves operadas por empresas de baixo custo. Leia agora a Parte 2 da série de aviação


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A chilena Jet Smart foi autorizada a voar para o Brasil na semana passada
A chilena Jet Smart foi autorizada a voar para o Brasil na semana passada

Na semana passada, mais uma empresa aérea de baixo custo (low cost) foi autorizada pela Anac a operar no Brasil. A Jet Smart, de propriedade do fundo norte-americano Indigo Partners é a quarta companhia deste modelo autorizada a voar no País, que já conta com a europeia Norwegian, a chilena Sky e a argentina Flybondi. Destas, duas já iniciaram suas operações: a Norwegian, que voa do Rio para Londres, e a Sky, que liga a capital Santiago a Florianópolis, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo.

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Não podemos esquecer da Globalia, responsável pela Air Europa, que desde maio deste ano está autorizada a operar voos domésticos no Brasil. Ela foi a primeira aérea internacional a solicitar outorga para constituição de empresa com 100% de capital estrangeiro em operação regular de passageiros no País.

A empresa mantém em sigilo os detalhes de sua operação no mercado doméstico brasileiro. Em maio, o CEO do grupo, Javier Hidalgo, se reuniu com representantes políticos para explicar um pouco de como pretender se estabelecer por aqui. "Teremos no menor tempo possível um plano de negócios e um estudo das possibilidades apresentadas com esta oportunidade", afirmou Hidalgo, que disse ainda que sua empresa pretende investir também na hotelaria brasileira, trazendo para cá o modelo de gestão que a empresa aplica na Europa e Caribe.

Para se ter ideia da grandiosidade deste mercado, basta analisarmos os últimos dados divulgadas pela Iata. Entre todos os assentos vendidos em 2018 (4,4 bilhões), 29% foram em aeronaves operadas por empresas de baixo custo. O segmento low cost foi o que apresentou a maior expansão em capacidade de transporte, subindo 13,4% na comparação com o ano anterior. Em 2004, por exemplo, o modelo de negócio foi responsável por 16% dos passageiros. E as chamadas aéreas tradicionais pegaram vários "ensinamentos" desse modelo de aérea, como a venda de serviços e os custos mais restritos.

Filip Calixto
O ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, está otimista com a chegada de novas aéreas
O ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, está otimista com a chegada de novas aéreas
Para o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, a expectativa para a chegada de novas empresas é a melhor possível. “Queremos revolucionar o mercado aéreo brasileiro,aumentar a oferta de voos, proporcionar passagens de baixo custo e, com isso, reafirmar o Turismo como centro da agenda econômica do País”, disse.

O otimismo também está presente no discurso do secretário de Aviação Civil, Ronei Saggioro Glanzmann, que afirmou que o governo tem recebido muitas empresas interessadas em investir e abrir operações no Brasil. Sem dar nomes, ele apenas detalhou que empresas latino americanas, europeias e até asiáticas já estão em estudos de viabilidade econômica. “Ainda deveremos ter novidades e anúncios importantes até o final de 2019”, afirmou ele, em entrevista ao Portal PANROTAS.

QUEDA DE PREÇOS
Álvaro Antonio vê, na entrada de novas entrantes no mercado aéreo, uma grande possibilidade de redução das tarifas, que aumentaram bastante após o fim das operações da Avianca Brasil.

“Com mais competidores internacionais no mercado, melhores serão os valores das passagens e mais empregos serão gerados no País. Para se ter uma ideia, Argentina e Chile, que têm um quarto da nossa população, têm mais do que o dobro de empresas aéreas operando”, afirma o ministro. Na opinião do líder do Turismo do Brasil, o número ideal de aéreas voando no País é muito mais do que o que temos hoje. “Nossa intenção é colocar uma quantidade de aéreas suficiente para resultar em aumento do número de rotas, melhoria de preços e qualidade de serviços. Acredito que um número ideal seria pelo menos oito empresas operando no território brasileiro.”

Segundo Glanzmann, a meta é que nos próximos cinco anos mais de 200 milhões de pessoas se utilizem do modal aéreo (nacional e internacional) para viajar. Esse número, de acordo com o secretário, é a soma dos clientes transportados pelas empresas que já operam no Brasil e os das que estão para chegar.


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Flybondi estreará no País já no próximo mês
Flybondi estreará no País já no próximo mês

ENTREVISTA EXCLUSIVA

Com mais de 570 funcionários, cinco Boeing 737-800 NG, 28 rotas, 18 destinos, mais de 1,7 milhão de passageiros transportados e taxa de ocupação de 87%, a Flybondi está pronta para voar para o Brasil. A empresa conectará o Aeroporto El Palomar, em Buenos Aires, com Rio de Janeiro (a partir de 11/10) e Florianópolis (20/12).

Flybondi é a primeira empresa aérea considerada ultra baixo custo na Argentina. Iniciou suas operações em 26 de janeiro de 2018. Sua oferta é composta de 28 rotas pelas quais conecta 18 destinos no país e na região. Todos os serviços são vendidos como adicionais: bagagens, marcação de assentos, embarque preferencial, entre outros.

Veja abaixo um bate papo com o CCO (Chief Commercial Officer) da Flybondi, Mauricio Sana:

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 Mauricio Sana, CCO da Flybondi
Mauricio Sana, CCO da Flybondi
PORTAL PANROTAS -
Hoje a Flybondi conta com dois destinos anunciados para o Brasil, Rio e Florianópolis, quais são as expectativas?

MAURÍCIO SANA - A venda de passagens aéreas de Flybondi para o Brasil gerou muita expectativa no mercado. Desde o primeiro trimestre já falávamos sobre nossas operações e nossos preços mais baixos (só em abril é que obtivemos as autorizações para voar no país), e isso fez com que nossa venda de passagens aéreas a partir de julho, para o trecho Rio de Janeiro - Buenos Aires, fosse realmente muito bem sucedida. Estamos tendo altos níveis de ocupação nos primeiros voos em outubro e já divulgamos aumentos de frequência para a alta temporada de verão (Rio de Janeiro terá uma quarta frequência semanal).

PP -
Quais serão os diferenciais da Flybondi em relação as aéreas brasileiras?

MS - Para responder a essa pergunta, é interessante olhar para as mudanças no mercado de aviação civil. Estamos convencidos de que a única maneira de gerar serviços e produtos aéreos adequados às necessidades do consumidor atual é gerar e incentivar a competitividade dos provedores de serviços (companhias aéreas), para que os clientes sejam realmente beneficiados e as economias anexas ou dependentes desse tipo de transporte se vejam realmente dinamizadas, energizadas. A questão do fim da gratuidade da bagagem no Brasil, por exemplo, torna o preço da passagem mais transparente, e agora o cliente pode ver quanto realmente vale o transporte da sua mala e decidir se compra esse item ou não. Quando existem restrições, os preços são simplesmente mascarados, e o cliente não sabe o que está comprando ou compra serviços de que não precisa.

Uma das grandes vantagens comerciais das companhias aéreas low cost é que elas lhe dão a liberdade de escolher quais serviços você usa e quais não, o que não necessariamente fará com que você tenha o preço mais alto.

Fora a questão dos extras que o consumidor decide se vai pagar ou não, temos as vantagens que são características das ultra low cost: otimização de escalas e de funcionamento da aeronave (nosso turnaround é de apenas 30 minutos, contra um mínimo de 45 minutos das companhias convencionais), aviões com 189 assentos sem distinção de classes, frota toda padronizada e aeroportos menores e alternativos, como El Palomar, em Buenos Aires, o terceiro aeroporto da capital argentina.

PP - A legislação brasileira já permite 100% de capital estrangeiro em uma aérea brasileira. A Flybondi vê a possibilidade de ter sua própria aérea aqui?

MS - Ainda não consideramos isso, mas quem sabe no futuro.... Em um primeiro momento, vamos querer mapear aeroportos alternativos e mais baratos no Brasil, exatamente como fazemos com Buenos Aires e El Palomar. Depois, gradualmente, o grande e verdadeiro desafio no Brasil é fazer com que o mercado e seus principais atores (passageiros, aeroportos, agências, etc.) nos conheçam, nos aceitem e nos prefiram.

PP - Por que só agora operar no Brasil? O que fez (leis, incentivos, mercado) a Flybondi olhar bastante para o Brasil nos últimos meses?

MS - O Brasil sempre foi um mercado natural para os argentinos e as janelas de oportunidade são apresentadas basicamente pelo fluxo de passageiros. Na verdade não existe um fator único que faça Flybondi voar para o Brasil, pelo contrário, há um conjunto de particularidades que nos ajudam a tomar a decisão. Eu também vejo da seguinte forma: Flybondi, na realidade, dinamizou todo o mercado aéreo gerando mudanças estratégicas mesmo nos concorrentes, e agora queremos alcançar algo semelhante no Brasil, onde não há operador ultra lowcost no momento.

Nossa série sobre Aviação continua amanhã e segue até sexta-feira. Não perca.

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