CEO da Latam lamenta consequências do aumento de voos em Congonhas
Jerome Cadier foi contra ao aumento da capacidade operacional do aeroporto em 2023
A vida não foi fácil para os passageiros que tiveram que embarcar e desembarcar no Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, na última semana. Devido às condições meteorológicas e por ajuste de malha das companhias aéreas, houve 37 partidas e 35 chegadas canceladas na quinta-feira passada (28) e outras 15 partidas e 28 chegadas canceladas na última sexta-feira (29).
Em meio a maior reforma de sua história, Congonhas opera hoje com 80% da capacidade máxima (44 movimentos por hora), de acordo com a Aena Brasil. Já segundo reportagem recente do Estadão, o terminal estaria no limite de sua capacidade, com negociações até para as companhias abrirem mão de slots e desafogarem operações.
Em 2022, por exemplo, eram 41 movimentos por hora. No entanto, em 2023, a Aena Brasil decidiu aumentar a capacidade operacional do terminal para 44 movimentos por hora. Na época, o CEO da Latam, Jerome Cadier, foi contra. Ele disse que 10% a mais de voos sem investimento em infraestrutura seria um erro. Hoje, lamenta a decisão.
"Fui muito criticado quando me opus ao aumento de capacidade do aeroporto de Congonhas aprovado ano passado, antes da conclusão das obras necessárias na infraestrutura (que só foram iniciadas agora). Estamos vivendo uma das consequências desta decisão"
Jerome Cadier, CEO da Latam Brasil
Mas quantos movimentos o aeroporto de fato comporta? Congonhas opera bem do jeito que está hoje, com 44 movimentos por hora? Segundo o CEO da Latam Brasil, Jerome Cadier, a resposta não é nada fácil. Depende de muitos fatores, que ele citou em mais uma de suas postagens no LinkedIN.
É bom lembrar que Jerome é CEO da companhia que acabou tendo a colisão de duas aeronaves ainda em solo, durante taxiamento, algo que ele deixou para Cenipa investigar. "Não vou me pronunciar sobre a colisão dos aviões da Latam ontem porque precisamos esperar a investigação do Cenipa (minha opinião aqui é irrelevante)", disse.
"Começa antes do aeroporto, com o tráfego aéreo, a eficiencia das aproximações e 'rotas no céu'. Passa pela infraestrutura do aeroporto, das operações de solo (como abastecimento, espaço para manutenção e movimentação de equipamentos e carga), espaço no embarque e desembarque, de passageiros eficiencia do “raio x”, quantidade de embarques remotos ou por ponte, até a eficiencia da chegada e saída dos veículos e transporte público… Passa também por condições climáticas (não só chuva, mas intensidade e, pasmen, direção do vento). Aqui vale uma curiosidade sobre Congonhas: a direção do vento importa muito porque a facilidade de acesso à pista é muito diferente dependendo da direção dos pousos/decolagens. E também perdemos tempo quando temos que “inverter a cabeceira” na hora em que o vento muda (pois todo o trafego, no solo e no ar, tem que ser reordenado)"
Jerome Cadier, CEO da Latam Brasil, sobre capacidade operacional de um aeroporto
Além disso, o fato de existir “curfew” em aeroportos centrais como Congonhas, que não opera entre 23h00 e 06h00, faz com que alguns atrasos não sejam recuperados e gerem cancelamentos. "Mais um dos motivos pelos quais ser pontual na aviação não é nada fácil", complementou.