Mercado multipropriedade entra em fase madura e seguirá em alta, diz Calfat
Presidente da Adit Brasil falou sobre desafios e tendências do mercado de multipropriedade e timeshare
Em entrevista ao Portal PANROTAS durante o evento Adit Share 2024, realizado no de 21 a 24 de maio no Tauá Resort & Conventions, em Atibaia (SP), o presidente da Adit (Associação para Desenvolvimento Imobiliário e Turístico) Brasil, Caio Calfat, falou sobre temas e tendências do mercado de multipropriedade e timeshare no Brasil, além da expectativa de aumentar o número de associados da Adit até o fim de seu mandato.
Confira a entrevista abaixo:
Portal PANROTAS - Qual a sua expectativa de crescimento no número de associados da Adit Share para os próximos anos?
CAIO CALFAT - Ao observarmos a quantidade de pessoas que temos recebido em nossos eventos e ao considerarmos que no Adit Share deste ano havia de 25% a 30% novos visitantes, e que boa parte deles são jovens, isso se traduz como longevidade na minha interpretação.
Se considerarmos também que o associado da Adit não paga inscrição nos eventos (paga apenas a mensalidade) até duas pessoas por empresa e que muita gente ali é nova, com quase certeza teremos um percentual de pagantes maior do que nos anos anteriores. Isso resulta em novos associados, que gostaram do evento. Vale lembrar que quando assumi pela primeira vez a presidência da Adit, há cinco anos, ela tinha 150 associados e hoje já passa de 500. Então, tenho o desafio de chegar ao fim do meu mandato, daqui um ano, com 700 associados.
PANROTAS - O senhor partilha da expectativa dos principais palestrantes de expansão do mercado de multipropriedade e timeshare no Brasil?
CALFAT: Sim. Esse mercado cresceu em períodos de crise, em que não havia o suporte da lei, e em uma época em na qual ainda era desconhecido. Depois da crise, com a lei já promulgada há cinco anos e o mercado amadurecido, fatalmente vai crescer com mais velocidade com que cresceu em meio às crises, principalmente em meio à pandemia. Em relação ao timeshare, também digo que sim, pelos números que vimos nos números que o Pedro Cipriano apresentou no evento. O timeshare vem se consolidando ano a ano, se tornando um produto no qual o mercado confia, gosta e aprova. E a aprovação dos clientes é traduzida pelos números apresentados em nosso evento.
PANROTAS - Passada a pandemia, o senhor acredita que o crescimento desse mercado deve ser maior nos anos seguintes?
CALFAT - Sim. O Brasil hoje vive um momento mais tranquilo, tanto na economia quanto na política. Se continuar dessa forma, tudo indica que a multipropriedade, por estar também em um período mais maduro, ter mais empresas de porte e grandes bandeiras (tanto no aspecto de operação hoteleira quanto no aspecto de incorporadoras) participando, crescerá no Brasil, especialmente em períodos fora de crise.
PANROTAS - Qual região o senhor acredita que irá liderar os próximos e novos projetos de propriedade compartilhada?
CALFAT - Sem dúvida o Nordeste, que demorou um pouco para arrancar. Talvez pelo fato de o Centro-Oeste, o Sudeste e também o Sul, especificamente por causa da Gramado e Foz do Iguaçu, terem crescido e largado na frente, o Nordeste demorou a pegar, mas quando pegou, começou a desenvolver de uma forma bem mais extensa, até porque a extensão da costa nordestina é muito grande. É a maior costa do Brasil e o desejo de consumo dos grandes turistas, tanto do próprio País quanto os internacionais. Nesses dois últimos anos o Nordeste deu uma arrancada e já está no segundo lugar. Passar para o primeiro lugar é so questão de tempo, e se consolidar nessa posição também.
PANROTAS - Qual o maior desafio desse mercado, hoje, em solo brasileiro?
CALFAT - Ainda é o mesmo desafio de sempre, a credibilidade do público. Ele deve confiar que está comprando um produto imobiliário em que vai ter a sua cota registrada em cartório e seu patrimônio, podendo deixá-lo para a família usufruir quando quiser. Enfim, por ser um produto novo, sempre depende do tempo e da constância, especialmente das notícias boas sobre o setor para se consolidar no mercado. Já começou e floresceu, cresceu um pouco e agora está passando para a maturidade.
Tem lei, regulamentos, tem pessoas que cuidam desse setor eu me considero um guardião dele, considerando que tenho um manual de melhores práticas orientando os empreendedores. Tudo isso serve para tornar o produto mais confiável, seguro, juridicamente forte e aquele relatório que apresentamos sobre a reação dos clientes compradores de multipropriedade nos dá a certeza de que estamos caminho certo.
PANROTAS - Quais dicas você daria para quem pretende ingressar nesse mercado?
CALFAT - Pensando em um empreendedor, as dicas seriam: aprenda sobre este mercado, ele é diferente dos outros produtos que são desenvolvidos no mercado imobiliário convencional. Ele é diferente, se vende de outra forma e tem um serviço hoteleiro pendurado nele. Além disso, há uma questão de compartilhamento, que não é vista nos outros modelos de empreendimentos imobiliários.
Ele é diferente na concepção, no modelo jurídico, no projeto e na operação. Então, são várias diferenças. O empreendedor não deve se encantar com o volume brutal de VGV que a gente anuncia, porque tem que ver os bônus e os ônus. Esse modelo não é para pra qualquer empreendedor. É preciso que ele tenha uma reserva significativa para fazer frente à exposição de caixa brutal que se tem, especialmente no começo do processo de vendas.
Contrate um consultor para assessorá-lo, principalmente nos primeiros momentos, na definição de produto, nos estudos de viabilidade, nas operações, nas buscas de parceiros e operadores para seu empreendimento, porque qualquer erro mais grave cometido nesse começo não permitirá voltar atrás depois".