Karina Cedeño   |   22/08/2024 12:00
Atualizada em 22/08/2024 12:20

"Se existe markup, é porque o mercado não está se sustentando". Veja debate

Tema foi destaque do evento Primeira Classe, realizado pela VOLL e pela Alagev em São Paulo


PANROTAS / Emerson Souza
Anderson Serafim (Azul) e Camila Benilenni (Latam) participam de debate mediado por Luana Nogueira (Alagev)
Anderson Serafim (Azul) e Camila Benilenni (Latam) participam de debate mediado por Luana Nogueira (Alagev)

A VOLL e a Alagev realizam hoje (22), em São Paulo, o evento Primeira Classe, voltado a líderes de compras, facilities, viagens e despesas corporativas. Com o tema "Boas práticas de governança e compliance no setor de aviação civil", o evento conta com a participação das companhias aéreas Latam e Azul nos debates realizados.

Logo no início do evento, um tema considerado espinhoso pelo mercado, segundo a diretora executiva da Alagev, Luana Nogueira, foi trazido a debate: o processo de markup nas tarifas de bilhetes aéreos. "Como podemos tentar garantir que o markup, se estiver dentro de uma negociação, seja realizado com transparência?", questionou Luana.

A gerente de Vendas da Latam Airlines, Camila Belinelli, e o gerente comercial da Azul Linhas Aéreas, Anderson Serafim, opinaram sobre a questão.

"O markup não é utilizado em acordos corporativos e não é uma prática comum, que é dada nas negociações. O markup pode ser uma ferramenta de comissionamento e incentivo para as agências, mas para mim, independentemente da ferramenta utilizada, ela precisa vir acompanhada da premissa básica de ética, de valores, transparência e honestidade. Em nenhum momento a forma de comissionamento deve atrapalhar essa base de transparência, e se está atrapalhando, é preciso revisar os processos e entender quais ferramentas geram menos risco de algo acontecer"

Camila Belinelli, da Latam

"Na Azul a prática de markup não é permitida. Acreditamos que passamos para o mercado o que ele quer ou possa pagar e qualquer prática que distorça isso pode mexer em nossa receita e estratégia. É preciso saber a forma de contratar o serviço do intermediário, se ele é sustentável e se ele também não pode praticar isso. E como garantir a integridade disso, já que no ambiente privado não temos acesso aos processos? Entendendo as formas de pagamento, onde o cartão está sendo transacionado, o que está pagando. Em se tratando de transparência, a empresa pode demandar da companhia aérea quanto pegou pelo bilhete, tem que checar. Se isso está ajustado entre cliente e fornecedor, ok, mas se não permitimos, é preciso sentar e conversar, deixando claro quais são as negociações, os preços e ser sustentável", complementa Serafim.

"Esse assunto não está surgindo do nada. Ele apareceu porque temos um mercado que não está se sustentando. Se pegar o balanço das companhias aéreas e agências, vemos que o modelo não vai se sustentar e aí começam a aparecer saídas para a sobrevivência. Quando o mercado entra no modo sobrevivência, começam as fugas dos pilares de governança, que saem do controle. Por que uma empresa global vai lá fora, paga 30 dinheiros por uma transação, em um ambiente com custos menores, e aí chega no Brasil, onde os custos são mais altos, e quer pagar 3? Por isso esse modelo não vai se sustentar. O primeiro pilar de governança é a sustentação. Se isso não acontece, estamos quebrando"

Anderson Serafim, da Azul

Ele sugere que o problema seja tratado desde a raiz. "Temos que nos reunir, sentar na mesa. Vamos ter conversas difíceis. Se pede um bid que vale menos que um pão, o mercado não se sustenta, é inviável".

Nesse contexto, Luana Nogueira destacou a importância da sustentabilidade contratual nas negociações.

"Todo mundo precisa ganhar dinheiro, a questão é que quando começamos a falar de transparência, também precisamos falar de sustentabilidade contratual. Existe um telefone sem fio entre a expectativa do serviço, a necessidade, a precificação e o contrato, e quando há lacunas em todos os lados, a transparência acaba sendo colocada à prova. O processo tem que ser coeso do início ao fim"

Luana Nogueira, da Alagev


Quer receber notícias como essa, além das mais lidas da semana e a Revista PANROTAS gratuitamente?
Entre em nosso grupo de WhatsApp.

Tópicos relacionados