Pedro Menezes   |   23/08/2024 16:06

IA nas viagens corporativas: sócio-diretor da Tour House destaca avanços

Sócio-diretor da Tour House, Gian Terhoch, participou da GBTA Conference, em Atlanta (EUA)

Divulgação
 Gian Terhoch, sócio-diretor da Tour House
Gian Terhoch, sócio-diretor da Tour House

O sócio-diretor da Tour House, Gian Terhoch, participou da GBTA Conference, em Atlanta (EUA), que aconteceu em meados de julho. Em artigo enviado ao Portal PANROTAS, ele destaca as tendências que tendem a ladrilhar o futuro das viagens corporativas, com destaque, claro, para o ESG e tudo que envolve a sigla, e para o rápido avanço da Inteligência Artificial.

Confira o artigo abaixo de Gian Terhoch, sócio-diretor da Tour House.

Chegou a hora da IA nas viagens corporativas?

"Passadas algumas semanas desde o GBTA Conference em Atlanta, esta é a principal pergunta que trazemos na bagagem e eu lhe explico o porquê.

Já há alguns anos observamos a penetração de tecnologias extremamente disruptivas nos mais diversos mercados, transformando drasticamente a experiência de consumo dos usuários, embarcando segurança de dados e armazenamento de informações sensíveis, detectando as rotinas, preferências, perfis e variadas nuances de personalidade do indivíduo, mas pra sermos sinceros o mercado do turismo corporativo ainda não foi arrebatado por uma tecnologia de IA que traga aquele “woow moment” na jornada de compra do usuário final, mas nos dedicaremos a falar sobre isso mais à frente.

Voltando ao GBTA, duas coisas receberam muita luz e atenção neste momento do mercado: A primeira, a relevância do ESG no turismo corporativo, como por exemplo os temas relacionados à SAF (Sustainable Air Fuel) e a corrida que nosso mercado enfrenta nos desafios de diminuição severa nos impactos ao planeta, visto que atualmente mais de 2,5% dos gases de efeito estufa já são provenientes da aviação global.

O segundo traz uma mensagem muito direta. IA é o tema a se discutir, ponto final.

Isso ficou nítido pela imensa quantidade de sessões dedicadas ao tema nas plenárias e workshops e pela quantidade de exibitors no expocenter da conferência. Aos que não estão familiarizados com a estrutura do GBTA trago aqui brevemente um resumo.

O GBTA é dividido em três principais frentes, a primeira ocupa toda a manhã e traz sessões de letramento, workshops, rodas de discussão, palestras e grupos de trabalho sobre os mais variados temas pertinentes ao mercado. A segunda traz o expocenter com os estandes dos expositores e toda a estrutura de “feira” em si, é ali que as novidades, produtos e marcas são apresentadas. A terceira é composta pelas agendas “extrafeira” que se espalham por toda a cidade durante a noite.

Quando falamos da primeira, a expectativa era sobre quais seriam os campeões de audiência. NDC ainda seria amplamente discutido? ESG teria uma pauta relevante? Ou a IA de fato lideraria a agenda? A quantidade de sessões dedicadas não apenas à inteligência artificial, mas à tecnologia em si era enorme e o calendário estava repleto de exemplos, divido aqui com vocês uma pequena parte deles:

  • IA for non techies: Cases, Risks and Opportunities in the travel industry.
  • Good News or Bad news? AI and the |Future of your job in the travel industry.
  • How AI is Changing Everything, peoples, programs and market


Isto já nos dava uma ideia da força que o tema teria na edição deste ano. Mas foi ao adentrar no pavilhão de exposições que pudemos validar a tese. Mais do que nunca a proporção entre “soluções e tecnologias entrantes” era absoluta maioria frente ao “mercado tradicional”. Estamos falando de uma porção de traveltechs, empresas de tecnologia, desenvolvedores, ferramentas de gestão online, IAs e bots frente aos poucos stands das já conhecidas TMCs, companhias aéreas e redes hoteleiras.

Chamou a atenção a força e relevância que o mercado da Oceania vem ganhando quando o assunto é IA para o mercado do turismo corporativo, pudemos nos deparar com empresas que sabem o que estão fazendo e prometem trazer barulho para o mercado muito em breve.

Uma delas, da Nova Zelândia está usando IA na essência para transformar a jornada do viajante corporativo. Ela levou para a feira seu BOT de atendimento ao viajante, representada por uma figura humana feminina extremamente simpática e com uma capacidade de entender diversas línguas numa conversa próxima à perfeição (mesmo em meio a um pavilhão lotado e extremamente barulhento).

Durante a interação me identifiquei como um viajante que precisava de hospedagem em São Paulo na semana seguinte e numa conversa extremamente leve a IA dos neozelandeses me levou numa experiência extremamente disruptiva de abertura do meu pedido de viagem entre momentos onde discutirmos em que bairro eu deveria ficar, como seria o fluxo de aprovação daquela missão, dentre outros pontos. Ao sentar pra conversar com os desenvolvedores e contar que somos do Brasil veio a resposta rápida: “Brasil? Que legal! Mercado gigante, mas bastante desafiador no acesso ao conteúdo, né”.

Isso traz algumas reflexões do tipo “não adianta mirarmos em temas mais complexos como IA ou tecnologia preditiva se ainda tivermos desafios primários com conteúdo, NDC e etc. Todos concordamos neste ponto, certo?”

Aquela breve interação com a IA desta empresa de tecnologia abre um mar de possibilidades no que diz respeito ao customer experience do mercado corporativo nas mais variadas esferas... será que em breve teremos de fato um concierge de viagem que interaja conosco visceral e integralmente durante nossa jornada desde a concepção dela (realizando uma conversa por voz ou vídeo como a que realizamos no GBTA) ou até mesmo durante nossa viagem?

Seria loucura pensarmos em interações online & realtime como:

“Hey Gian, vi que você optou por se hospedar na região norte da cidade e seu voo de retorno decola na sexta às 19:00. Isso me faz acreditar que você deva pegar trânsito carregado para chegar no aeroporto. Na sexta passada este trajeto levou quase duas horas para acontecer no final da tarde, talvez possamos procurar juntos outra opção de hotel mais próxima ao aeroporto, o que acha?” (Com acesso simultâneo à mapas, informações de trânsito e minha agenda de voos e hospedagens a IA está indicando trocas na minha logística e missão profissional).

Ou então:

“Hey Gian, pude ver pela nota de consumo de seu almoço de hoje (que eu tinha acabado de subir na plataforma de expense) que talvez seu consumo calórico tenha ficado um pouco acima do normal para uma única refeição, que tal um jantar mais leve hoje? Posso procurar por restaurantes naturais perto do seu hotel, tudo bem pra você?” (Com acesso inteligente aos consumos / prestações de contas e conhecendo minha rotina de alimentação e consumo calórico via smartwatches por exemplo a IA pode auxiliar em melhores escolhas de alimentação e cuidar da minha saúde).

Ou temais usuais como:

“Olá Gian, tudo bem por aí? Sua viagem para Curitiba que abrimos mais cedo ainda não foi aprovada pelo João da Silva e expirará no final do dia de hoje, mas vi que vocês participarão juntos de uma reunião às 14:00 na Sala Jacarandá, quer que eu coloque um lembrete cerca de 3 minutos antes desta reunião para que você possa falar com ele? Talvez você possa lembra-lo de aprovar sua viagem.” (Leitura da política de viagens da minha empresa junto com acesso ao calendário de reuniões da minha agenda, trazendo antecipação de soluções para futuros problemas, neste caso uma viagem não aprovada).

São INFINITAS possibilidades que hoje podem parecer distantes da realidade do mercado de viagens corporativas mas que na verdade já estão dobrando a esquina e devem desembarcar muito em breve em nosso dia-a-dia.

Voltando brevemente às plenárias, uma destas sessões ao qual eu pessoalmente participei o tema era “Whats’s next? A pragmatista & A Futurist on Managing Generational Business Travel Expectations” e o VP de Business Development da Spotnana, Johnny Thorsen falava sobre como as tecnologias disruptivas e inovação com IA poderão mudar drasticamente nosso mercado para uma plenária LOTADA e aí que através do aplicativo da conferência a seguinte pergunta foi feita aos presentes:

Em quais aspectos/temas o ecossistema do turismo corporativo deve priorizar investimento e atenção para o futuro do mercado?

A) Uso de blockchain para transações mais seguras.
B) Investimento em meios de transporte e hospedagens “eco-friendly”.
C) Investimento em IA para uma melhor experiência do usuário.
D) Investimento em plataformas de viagens para realização de reservas e gestão mais simples e melhores.

Adivinhem qual foi a opção mais votada pelos presentes?

Pois é, você acertou rs.

E foi juntando todas estas peças durante os três dias de conferência no Georgia Conference Center que voltamos para o Brasil com um turbilhão de pensamentos relacionados a IA generativa, preditiva, bots de CX e tudo o que este universo pode trazer para o mercado e é por isso que a pergunta que lhes fiz no início deste artigo se mostra tão pertinente.

Enfim, chegou a hora da IA nas viagens corporativas? A gente se reúne muito em breve para respondermos juntos!"

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