Sabre fala de IA e modernização das viagens corporativas; confira
Portal PANROTAS conversou com a vice-presidente de Produtos da empresa de tecnologia, Kathy Morgan
A GBTA Convention, realizada em agosto, em Dallas, no Texas (EUA), reuniu diversos profissionais do setor de viagens corporativas para descobrir novas ferramentas, recursos tecnológicos, tendências e os principais indicadores da retomada do setor.
O Portal PANROTAS esteve presente e aproveitou a ocasião para entrevistar a vice-presidente de Produtos do Sabre, Kathy Morgan, sobre as últimas novidades da companhia e todo seu esforço no que diz respeito à inteligência artificial e implementação de conteúdo NDC.
Confira a seguir o bate-papo.
PORTAL PANROTAS – Vocês lançaram recentemente uma solução de varejo para aéreas baseada em IA e a Lodging AI, para hotéis. Como vocês estão usando estes recursos também em outras ferramentas?
KATHY MORGAN – Com a parceria estratégica com o Google, o que estamos fazendo é ser bastante atenciosos na nossa abordagem de resolver problemas reais de negócios. Há um milhão de coisas que podemos fazer com IA. Temos uma suíte de produtos e estas ferramentas ajudam as aéreas a criar ofertas personalizadas dinâmicas. Também temos modelos que ajudam nas recomendações, com dados de ofertas, preferências de viagens etc. Com base no histórico de viagem, a plataforma mostra os produtos e tarifas, dá recomendações para o passageiro.
Já na plataforma de hotéis temos dois microsserviços já disponíveis. O de propriedades alternativas em caso de vendas esgotadas e o de venda cruzada/cross selling, que identifica reservas aéreas ou itinerários sem hospedagem e apresenta opções de hotéis adequados para completar a viagem.
PANROTAS – Em que mais a IA está ajudando o Sabre? Em quais produtos e processos?
KATHY – Nossa maior oportunidade é alavancar a IA para realmente processarmos dados. Seres humanos não conseguem fazer isso tão rápido, pois temos muitos dados na indústria de viagens. Então é entender como pegamos essas informações e as utilizamos. Especialmente em NDC, que temos milhões de compras. Para, daí, entender o comportamento de compra e reserva e como podemos ser inteligentes em torno dos resultados obtidos.
PANROTAS – NDC. Como está indo? Está como o Sabre esperava? Como evoluiu? Quais companhias aéreas estão tomando esta estratégia? Como as TMCs podem se adaptar a essa nova realidade?
KATHY – Os últimos 12 meses em relação ao NDC foram incríveis para o Sabre. Além disso, temos de ter áreas integradas e assegurar que os recursos que as agências precisam são end to end, em todo o processo de reserva. Neste período, mais do que dobramos o número de aéreas implementadas no NDC. São oito no momento e teremos algumas ainda neste ano, chegando a um total de 15. Está tudo vindo em um passo bastante acelerado e a indústria precisa ver isso. Mas também é desafiador. Cada aérea tem implementações únicas, diferentes fluxos de trabalho, então estamos tendo muito trabalho em relação à normalização.
Por isso, precisamos garantir que a experiência das nossas agências seja o mais suave possível, não importa com qual companhia elas estão reservando. Este é o trabalho que fazemos. Estamos muito focados no segmento corporativo e isso desbloqueia também para todas as nossas agências de lazer.
PANROTAS – Conversando com alguns gestores, eles estão preocupados com a diferença de preços. Como fica isso?
KATHY – Muitas aéreas estão cobrando a mais, como a Latam, a Singapore Airlines, Air France-KLM e IAG, que pedem uma sobretaxa no canal Edifact. A maioria das companhias aéreas que não são dos Estados Unidos. Na América do Norte, a sobretaxa não é muito um tema. A American Airlines, por exemplo, tirou 40% de seu conteúdo geral. Se a agência não tem um canal habilitado para NDC, terá desafios para acessar os preços mais baixos. A solução é estar no NDC. Tem de chamar sua TMC para entrar no novo padrão, habilitar este conteúdo. Portanto, o gestor pode esperar até que tudo neste tema fique perfeito ou começar a utilizar, já que de 80% a 85% dos casos funciona. As empresas precisam pressionar suas TMCs para que elas tenham conteúdo NDC como uma opção. Pode ser que ela não escolha reservar, mas é preciso ter essa opção. Esta é a conversa que as companhias devem ter.
PANROTAS – Você acredita que os GDS estão respondendo bem para todas essas mudanças, todos esses desafios?
KATHY – O Sabre está. É o meu trabalho. Desde o primeiro dia, nossa abordagem com NDC tem sido como integramos esse conteúdo, suavemente, de uma maneira que flua por meio de fluxos de trabalho existentes. Estamos super focados em tudo isso.
PANROTAS – Em outubro faremos a segunda edição do Download, que será baseado na modernização das viagens corporativas. O que vem à sua mente com este tema? Como os GDS e sua empresa está ajudando nisso? Para tornar as viagens mais modernas e eficientes?
KATHY – Eu diria que não é só uma modernização técnica, mas, sim, a maneira como você pensa em políticas de viagens, os tipos de produtos que você quer que o seu viajante aproveite. Ainda temos conceitos, como a tarifa lógica mais baixa, mas como falar disso quando há os preços dinâmicos? Essa é a modernização básica que precisa acontecer, pensar sobre os resultados de maneira diferenciada e quais são os possibilitadores para isso.
Pode ser que algo substitua esta tarifa mais baixa para base de menor valor, por exemplo. Porque o que o valor significa para uma empresa é diferente. A tecnologia está sendo modernizada, nós construímos, todas nossas ofertas fluem. Essa é a próxima era de oportunidade de modernização, porque todas essas rotinas que estão batendo com os dados PNR (Passenger Name Record), como pensamos sobre acessar o dado que você precisa por meio de um sistema ordenado, versus fazer uma transação por meio de um PNR. Tem tantas coisas que podemos fazer de outra maneira que desbloquearia tempo e volume.