Quais os desafios da mão de obra no setor de viagens e eventos?
Gustavo Elbaum, da Give2U, Elian Zanelato, do Club Med, e Mariana Aldrigui discutiram o assunto no Lacte
Fornecedores de turismo e eventos sentem uma dificuldade no setor pós-pandemia: falta de mão de obra. Os dados são de uma pesquisa com associados da Alagev divulgada durante o Lacte 19, que acontece até esta terça-feira (27) no Golden Hall do WTC Events Center.
Segundo o estudo, apresentado por Gustavo Elbaum, da Give2U, e Elian Zanelato, do Club Med, os problemas relacionados à mão de obra no setor são diversos. Além da escassez, há a baixa remuneração, baixa qualificação de candidatos e baixo interesse em trabalhar no setor.
Dentre as soluções para o problema está a contratação de pessoas sem experiência e aplicar treinamento e capacitação. O Club Med está caminhando nessa linha com o Club Med School, um trabalho de capacitação em Mogi das Cruzes (SP), que inclusive venceu o prêmio "Você Inspira", da Alagev.
Reter talentos também é uma dificuldade. Demissões voluntárias cresceram no Brasil e bateram recorde de 7,3 milhões de pessoas em 2023, uma fatia de 34% dos mais de 21,5 milhões de desligamentos registrados, conforme dados organizados pela LCA Consultores com base no Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).
Os jovens no mercado de trabalho
"Temos duas realidades que não conversam: pessoas que estão indo para o mercado e que passaram o amadurecimento na pandemia, e empreendedores que 'se mataram' para manter o negócio durante o mesmo período", explicou Mariana Aldrigui, professora da Universidade de São Paulo (USP).
Ao mesmo tempo, estes alunos que estão indo para o mercado exigentes não querem se submeter a empregos mal remunerados. Segundo ela, a bolsa de estágio no Turismo não muda há 14 anos. Um estágio de seis horas diárias paga R$ 800, enquanto outras áreas pagam um valor até cinco vezes maior.
"O desafio não é procurar onde estão os talentos, precisamos inspirar os talentos, precisamos convidá-los a pensar na sua carreira. Precisamos estar mais presentes", disse a professora.
Ela ainda reforça que este jovem no mercado de trabalho é muito capaz de aprender, mas faz escolha. "Cabe sim a gente repensar política salarial, pensar em comparação, e perguntar que outras empresas essas pessoas estão considerando, porque podemos não estar competindo com o nosso setor".