Mecanismos de compliance ineficientes estimulam fraudes em políticas de viagens
Veja o que pode ser feito para evitar ações corruptas

Primeiramente, é preciso que os mecanismos de compliance estejam integrados a todas as áreas da empresa e posicionados de forma que possam contribuir com as decisões de negócios. “As pessoas estão começando a perceber que o compliance não é responsabilidade apenas de uma área da empresa, mas de todas as camadas dela. Se não houver participação da área administrativa, dos conselheiros e da diretoria executiva, o programa não será efetivo”, explica o sócio-diretor de Risk Consulting da KPMG, Emerson Melo.
Isso também depende, segundo ele, do amadurecimento dos executivos, que precisam perceber que o complicance não deve ser instalado apenas para estar em conformidade com a lei, mas sim para estabelecer objetivos alinhados aos da companhia. Porém, muitos desses executivos ainda nem se deram conta da importância do compliance dentro de suas empresas. Recente estudo realizado pela KPMG mostrou que apenas 58% das corporações consultadas afirmaram possuir mecanismos de gestão de riscos de compliance, enquanto 42% informaram desconhecê-los.

FRAUDES NAS POLÍTICAS DE VIAGENS
Entre as fragilidades de compliance mais relevantes destacadas pelos respondentes do estudo estão doações, patrocínios, brindes e despesas com viagens (85%).
“Viagens podem ser feitas com o intuito de pagar propina, e é importante que as políticas implantadas sejam muito claras com os colaboradores e que restrinjam as viagens apenas a fins comerciais, evitando incluir nelas gastos com terceiros ou parentes que viajam junto com o funcionário”, destaca Peixoto.
“É preciso também observar com que frequência as viagens estão sendo feitas. Viagens a negócios não costumam acontecer com muita frequência, e a atenção aos meios de pagamento também deve ser redobrada. O gestor deve checar recibos de papel e ficar de olho dos gastos de viagem no cartão corporativo, sendo cético com compras estritamente pessoais”, afirma Melo.

Segundo ele, ambientes empresariais onde as leis são mais frágeis e não há punição estimulam a atuação corrupta. Por isso, é preciso apostar em treinamentos para que os funcionários internalizem o quanto antes a cultura do compliance.
É possível saber se isso está sendo absorvido pela equipe por meio de métricas que mensurem a 'taxa de cliques', ou seja, o número de funcionários que leu uma política específica, ou rastrear más condutas de funcionários como um indicador de condutas futuras potencialmente mais graves. Acima de tudo, é preciso lembrar que o processo de compliance é contínuo e requer supervisão e melhorias constantes.
Mas a boa notícia é que a implementação desse programa já é vista pelos executivos como um investimento e não como simplesmente um custo, afinal, antecipar riscos e atender às exigências normativas tornam o compliance cada vez mais integrado aos objetivos estratégicos das empresas.