Beatrice Teizen   |   18/05/2017 09:00

Brasil tem estrutura, mas questão tributária atrapalha segmento de eventos

A queda de quatro posições em relação a 2015 no ranking da ICCA pode parecer negativa, mas a situação não é tão ruim se o momento atual do País for considerado.

Reprodução/Facebook ABEOC
A presidente da Abeoc Brasil, Ana Claudia Bitencourt
A presidente da Abeoc Brasil, Ana Claudia Bitencourt
Recentemente foi divulgado o ranking da International Congress and Convention Association (ICCA) de países que mais realizaram eventos e reuniões em 2016. O Brasil, que anteriormente ocupava o 11º lugar, agora, encontra-se em 15º. E quais são os motivos para a queda de quatro posições?

De acordo com a presidente da Abeoc Brasil, Ana Claudia Bitencourt, a crise que o País enfrentou nos últimos anos com certeza foi um dos principais fatores. “Essa questão é cíclica. A melhora do setor tem que passar por um processo vagaroso. Não é ser pessimista, mas é saber que a retomada levará um tempo”, comenta.


Outra questão levantada pela especialista foi a tributária. Mesmo o Brasil tendo estrutura física e belezas naturais ímpares e o empresariado tendo força, são grandes os problemas fiscais. “O Turismo é um ativo, mas temos pouquíssimo recurso federal dentro do segmento.” Para Ana Claudia, os responsáveis pelo País são governantes que, muitas vezes, sequer têm ideia de como funciona a indústria e do potencial que o setor tem.

Por outro lado, o empresariado por aqui é muito forte. Há muitas pessoas que entendem o mercado, que realmente sabem lidar com ele e esse é um dos motivos do Turismo não estar tão mal. “Esses empresários investem tempo e dinheiro para trazer negócios para o nosso País. Eles viajam, correm atrás e conseguem trazer eventos para a cidade ou Estado, mas praticamente com recursos próprios”, explica.

Inclusive, grande parte da captação de eventos está sendo feita individualmente pelas empresas. Muitas delas que chegam ao Governo recebem a resposta que não há recursos para que o congresso ou feira seja realizado. “As companhias são muito solitárias. Alguns Estados, como Goiás, por exemplo, possuem apoio do governo, mas são poucos os destinos que recebem essa ajuda”.

Divulgação ABEOC

A queda de quatro posições em relação a 2015 pode parecer algo negativo. Porém, a presidente da Abeoc mencionou algo relevante: em comparação ao passado (onde o Brasil já ocupou o sétimo lugar do ranking) o resultado é ruim, sim, mas em relação ao momento atual e aos outros países na lista, a situação é boa. Há dois lados para serem considerados.

Para que mais eventos sejam realizados, é necessária uma boa relação entre as entidades com os estados. “O caminho é fazer uma comunicação positiva com Secretaria e Governo do Estado”. Uma interlocução e aproximação, além do trabalho e posicionamento dos presidentes dessas associações, também é muito importante.

Sobre o futuro do segmento, Ana Claudia acredita que as coisas melhorarão. “A questão da política atrapalhou muito. Tínhamos um ótimo trabalho feito pela Embratur no passado, que hoje em dia, não existe mais. Mas o País tem muitas coisas boas, o governo mudará e conseguiremos nos estabelecer de novo”, finaliza.

Quer receber notícias como essa, além das mais lidas da semana e a Revista PANROTAS gratuitamente?
Entre em nosso grupo de WhatsApp.

Tópicos relacionados