Artur Luiz Andrade   |   26/05/2017 16:31

Nossa crítica de Pandora: Mundo de Avatar. Vale a pena?

Maior expansão do Disney's Animal Kingdom, primeira área tematizada em torno de um só filme, a mais alta tecnologia de simuladores 3-D da indústria, US$ 500 milhões de investimentos e uma parceria entre três gigantes: Disney, James Cameron e sua Lightsto


Artur Luiz Andrade
Acesso a Pandora é discreto e por meio de uma ponte, perto do restaurante Tiffins
Acesso a Pandora é discreto e por meio de uma ponte, perto do restaurante Tiffins

DISNEY WORLD - Maior expansão do Disney's Animal Kingdom, primeira área tematizada em torno de um só filme, a mais alta tecnologia de simuladores 3-D da indústria, US$ 500 milhões de investimentos e uma parceria entre três gigantes: Disney, James Cameron e sua Lightstorm, e a Fox Films, produtora e distribuidora dos filmes Avatar (sim, filmes, pois mais quatro virão por aí)... Era grande, muito grande a expectativa em relação a Pandora: the World of Avatar, que abrirá suas portas ao público amanhã, sábado, 27, em pleno final de semana do feriado americano do Memorial Day.

O Portal PANROTAS esteve entre os convidados para a pré-estreia da terra de Avatar na Disney e avaliou a experiência de viver como um Na'vi por dois dias inteiros. Veja a seguir a nossa avaliação, mas já vale adiantar que Pandora é para fãs de Disney, fãs do mundo de James Cameron, fãs de cinema, fãs de parques temáticas, plantas exóticas, mundos diferentes, atrações radicais ou contemplativas, experiências sensoriais fora da rotina... Sim, a Disney conseguiu mais uma vez (alguém duvidava), mas como este texto é para profissionais, que precisam orientar seus passageiros (e também para os passageiros que já nos descobriram), confira a seguir todos os detalhes, comentários e dicas para aproveitar bem o mundo de Pandora.

O PARQUE
Inaugurado em 1998, o Disney's Animal Kingdom é o quarto parque temático de Walt Disney World, em Orlando, na Flórida. A Disney ainda tem complexos de parques em Anaheim, na Califórnia (Disneyland), Paris, Xangai, Hong Kong e Tóquio. Em Orlando há ainda o Magic Kingdom (o parque do Castelo da Cinderela e do show de fogos noturno, agora chamado de Happily Ever After), o Epcot (que alguns ainda teimam em chamar de Epcot Center) e o Disney's Hollywood Studios (ex-Disney-MGM e que será o próximo a receber a maior transformação de sua história, com a chegada de Toy Story Land, em 2018, e Star Wars Land, em 2019). Completam as ofertas de entretenimento dois parques aquáticos (Typhoon Lagoon e Blizard Beach), duas dezenas de hotéis, a nova Downtown Disney, agora rebatizada como Disney Springs e com mais cara de shopping e local de lazer, e uma série de espaços especiais, como o complexo de esportes ESPN, campos de golfe, locais para casamentos, spas, um boardwalk à beira do lago, passeios de barco... Tudo com muito espaço, em uma área duas vezes maior que Manhattan, em Nova York.

O Animal Kingdom geralmente ocupava meio dia na agenda dos brasileiros em férias na Disney ou em Orlando em geral. Primeiro, por ter muitas atrações contemplativas, como animais, shows musicais e a própria decoração, uma das mais belas do mundo de parques temáticos. Segundo, porque era um parque diurno. Quando lançado, devido à preocupação com os hábitos dos animais, o parque fechava antes de anoitecer. Nada de shows à noite, nada de fogos, nada de luzes no céu depois das 17h.


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Safári à noite no Animal Kingdom
Safári à noite no Animal Kingdom

Com o anúncio da parceria com James Cameron para trazer Pandora para o Animal Kingdom e o aumento da concorrência na cidade, a Disney decidiu dar uma guinada na rotina do parque, transformando-o em parque de dia inteiro. Para isso, Pandora ficaria aberta até mais tarde e à noite seria uma atração à parte, com a floresta bioluminescente do filme brilhando no escuro assim que o sol sumir. E também outras atrações foram criadas, fora de Pandora, para que todo o parque passasse a funcionar de noite: o safári ganhou versão com animais de hábitos noturnos; a área da Ásia agora tem um anfiteatro a céu aberto para que todos assistam ao show de luzes e projeções na água River of Lights (de noite, claro); há shows nas ruas do parque com ênfase nas cores e luzes; a Árvore da Vida, símbolo do Animal Kingdom, apresenta um show em diversos horários ao cair da noite, em que os animais esculpidos em seu tronco ganham vida (chama-se Awakenings); e todas as atrações ganharam horário estendido.

Ou seja, nada de deixar o Animal Kingdom para apenas meio dia. Ainda mais com as filas que se formarão em Pandora, mesmo com Fast Pass. Afinal, quem não vai querer andar e tirar fotos na floresta iluminada à noite? E, como verão abaixo (sim, o texto é longo, mas é para profissionais, avisei antes rs) faz diferença ir mais de uma vez na Flight of Passage, uma das atrações de Pandora.


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As Montanhas Flutuantes são o símbolo de Pandora, na Disney
As Montanhas Flutuantes são o símbolo de Pandora, na Disney

O MUNDO DE PANDORA

Integração com a natureza, respeito à diversidade, preservação do meio ambiente, comportamentos pacifistas, suporte à vida animal selvagem... As mensagens do Animal Kingdom e do filme Avatar (na concepção de seu criador, o oscarizado James Cameron) são coincidentes. Por isso, tanto Bob Iger, CEO e chairman da Disney Company, quanto Cameron disseram que essa era a parceira perfeita. E o resultado ficou bem próximo do que eles queriam: experiências imersivas com alta tecnologia, emoção, natureza e storytelling.

O Animal Kingdom reproduz áreas reais do planeta Terra, com plantas e animais oriundos delas. Pandora é tratada como mais uma área real, apesar de distante e de ser uma lua de muitas em Alpha Centauri. Assim, os personagens que circulam pela área (atores) são moradores dessa lua e não saem de seus papeis em nenhum instante. Também não há música ambiente (apenas sons de animais de Pandora, que foram captados dos animais reais do Animal Kingdom e mixados para criarem novos grunhidos e assovios), personagens do mundo Disney ("o Mickey mora na Terra e não em Pandora") e outros enfeites comuns nos parques temáticos vizinhos.

Também não há um pórtico ou portal com Welcome to Pandora. As placas são discretas, apenas indicando a direção. Pandora fica para lá... Uma referência é o restaurante Tiffins, recém-aberto e que fica na extremidade da ponte que dá acesso a Pandora.

As famosas montanhas flutuantes são o ícone de Pandora e uma obra de arquitetura e imaginação que tomou boa parte do tempo dos imagineers da Disney em cinco anos de projeto. Elas podem ser vistas de longe, mas é de perto que mais impressionam. Já na travessia da ponte podemos ver plantas típicas de Pandora, o chão já com a tinta para brilhar à noite e alguma interações: ao passar a mão em uma das plantas gigantes, ela solta jatos de água, que os moradores de Pandora dirão ser pólen. Aliás, quem quiser ter uma aula sobre plantas e animais de Pandora, pode ficar alguns minutos conversado come esses amáveis atores... ops, moradores.

A ambientação é uma atração à parte e os 48 mil metros quadrados de Pandora são bem distribuídos, com vários cantinhos a serem descobertos.

Mas avise a seu cliente: Pandora não é um parque temático. É uma área dentro de um parque temático. Portanto, não é tão grande como um parque: tem duas atrações, um ícone central (as Montanhas Flutuantes, que ocupam um grande pedaço de Pandora e incluem cachoeiras, tambores e pequenas pontes ao seu redor), um restaurante (Satu'li Canteen), um bar, o Pongu Pongu, com bebidas diferentes e coloridas, incluindo cervejas especiais, uma loja (depois da atração Flight of Passage) e um quiosque para quem quiser uma pintura (azul) dos Na'vi. Um espaço grande para uma terra de um parque, mas pequena para quem chegar imaginando ser um parque temático de Avatar (não é). Depois de Pandora, ainda há muito o que visitar no Animal Kingom, como o show do Rei Leão, o safári diurno e noturno, os shows noturnos, o musical do Nemo, a montanha-russa Everest (com parte do percurso de costas), o Kali River Rapids (corredeira em um rio), entre outros.


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AS ATRAÇÕES

São duas as atrações propriamente ditas de Pandora: o simulador Avatar Flight of Passage e o passeio por um rio, em meio à floresta bioluminescente, Na'vi River Journey. Em ambas há Na'vis em tamanho real e os cast members (funcionários Disney) saúdam os visitantes na língua local dos Na'vi. A diferença é que o simulador tem limite de altura (1,1 metro) e muita adrenalina, e o passeio pelo rio é para todas as idades e gostos (além de um momento de descanso e contemplação).


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Na fila de Avatar Flight of Passage
Na fila de Avatar Flight of Passage

AVATAR FLIGHT OF PASSAGE
- Há duas filas: a do Fast Pass e a normal. O Fast Pass é útil, ainda mais em épocas de abertura, mas precisa ser reservado com antecedência. Quem está hospedado em hotel Disney ganha um mês a mais de antecedência para fazer a reserva. Há desistência durante o dia e é bom checar o app My Disney Experience para as oportunidades. A fila normal será demorada, mas é repleta de atrações, como um laboratório, cenários naturais e fechados bem bonitos e ainda a presença de um Na'vi pronto para ser conectado a um humano.

Essa conexão entre o Na'vi e o humano é que permitirá o voo no simulador. A simulação no caso é do rito de passagem dos Na'vi, que encontram seus banshees (misto de ave com pterodátilo) e fazem a conexão por meio dos pelos de sua cauda (no nosso caso, será apenas uma cosquinha nas costas e barriga, durante a atração).

O pré-show é um dos melhores, com interatividade e humor. Cada grupo é levado para uma sala para 16 tripulantes e depois esses 16 são divididos em salas para oito. Há quatro andares em frente a uma tela Imax, com uso de óculos 3-D. Nós fizemos quatro experiências, em andares e posições diferentes nas salas, e podemos afirmar que cada uma é diferente.

Se você está na sala mais alta, é levado a olhar mais para baixo, por exemplo. Assim, as quedas são mais impressionantes. Se está no meio, fica mais imerso no mundo de Pandora, especialmente na cena em que entramos em um tubo de uma onda gigante e quando estamos no meio da floresta. Na parte de baixo, tudo é mais grandioso e as raspadas em bichos e nas árvores ficam mais emocionantes. Também quem vai mais à esquerda vê algumas coisas mais de perto, quem vai à direita percebe outras e no centro a visão também é diferente. Ou seja, procure repetir a atração e em locais diferentes. Grave em que plataforma já foi e o local na sala (tudo é numerado) e faça rodízio. As cenas de oceano, que deverão aparecer nos próximos filmes, e os mergulhos dos penhascos são as melhores.

Ao entrar na sala de simulação, todos deixam seus pertences em estandes ao fundo e montam espécies de motos futuristas (como as do filme Tron). A ideia é que todos fiquem inclinados para frente, apoiados no veículos e presos por suportes nas costas e pernas. A partir daí a experiência é similar à do Soarin (várias estruturas em frente a uma tela gigante), mas com muito mais tecnologia nos veículos (pode-se sentir a respiração dos banshees no apoio entre as pernas), mais imersão (dos cheiros de Pandora à qualidade da projeção) e mais tecnologia para se sentir quedas, curvas bruscas e rasantes no solo de Pandora.

A vontade é ir de novo várias vezes. A atração dura quatro minutos e meio, uma das mais longas da Disney. Vale a pena. Na saída, a lojinha vende banshees que se mexem (US$ 50 mais taxas), bijuterias Na'vi, roupas (as femininas são bem bonitas) e, claro, o seu avatar, com sua carinha toda azul.


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NA'VI RIVER JOURNEY
- Aqui, a história é bem simples, mas não menos impactante. Entra-se em um barco, para oito pessoas, sem necessidade de cinto de segurança, e percorre-se um pequeno trecho de um rio sagrado de Pandora à noite, em meio à floresta bioluminescente.

Projeções mostram alguns animais se movendo, algumas plantas estão penduradas no teto e em movimento e depois da última curva começamos a ouvir um canto, que descobrimos ser de uma xamã Na'vi (foto acima), que está sentada e fazendo seu ritual. Parece que estamos diante de um personagem real do filme Avatar, tanto pelo tamanho e expressões, como pelos movimentos, mostrando um avanço dos animatrônicos Disney impressionante.

OUTRAS INFORMAÇÕES
A Pandora da Disney é uma geração após a que foi vista no primeiro filme Avatar. Alguns cenários e cenas são exclusivos e outros estarão nas quatro continuações, a partir de 2020. O próprio Cameron disse que uma das continuações vai mostrar a parte aquática de Pandora ou de outras luas de Alpha Centauri.
A alimentação no restaurante Satu'li Cateem é mais sudável, com muitos vegetais, arroz integral e opções de proteína grelhadas, criativa (em formatos e cores) e prática: há preços únicos e só é preciso escolher as combinações, além de o cliente poder pedir via mobile.

Até 4 de julho, o Animal Kingdom estará aberto até 23h para todos os hóspedes, e até 1h para quem está hospedado nos hotéis Disney. Além disso, há as extra magic hours para hóspedes, que dão horários estendidos normalmente. Tudo para que ninguém saia frustrado e possa repetir as atrações.
Nesse começo de visitação, as filas estarão longas e a Disney pode limitar a entrada no parque ao atingir a lotação máxima. Programe-se para ir cedo, use os recursos disponíveis (fast pass, extra magic hours) e tanha paciência. Vale muito a pena.


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EM RESUMO

Pandora vale pelo Flight of Passage e pela ambientação bioluminescente, além das Montanhas Flutuantes. São as três atrações imperdíveis e que têm de estar na lista de quem visita Orlando, de quem é fã de Avatar ou de quem gosta de parques temáticos.

Pandora é um avanço tecnológico e de ambientação. Mas como estamos falando de Disney (ou seja, magia), falta a conexão emocional com personagens. É uma inovação para o Mundo Disney. Mesmo em Star Wars ou nas histórias Marvel (essas presentes em outros parques Disney fora de Orlando) são os personagens com quem nos conectamos emocionalmente, de Mickey a Kylo Ren, de Elsa e Anna a Jack Sparrow, de Pateta a Cinderella, de Darth Vader ao Capitão América, de Gamora à Princesa Leia.

Não à toa, foi a atriz Sigourney Weaver quem mais enlouquecer os jornalistas que estavam na abertura de Pandora. Talvez mais por Ripley, de Alien, do que por Avatar, mas é a conexão pessoal que falta a Pandora. Nada que tire o brilho da nova área do Disney's Animal Kingdom, mas a razão pela qual não vai levar o A+ cobiçado por todos. Fica com um A, mas com louvor. O Flight of Passage, porém, já entrou para a história e é inclassificável, até que outra tecnologia chegue, pelas mãos de Cameron, da Disney ou de seus concorrentes. Quem se dá bem com tudo isso? Nós, que amamos parques temáticos, cinemas, viagens... e boas histórias para contar.

Veja mais fotos de Pandora no álbum abaixo.

O Portal PANROTAS viaja a convite de Walt Disney World, com hospedagem no Animal Kingdom Lodge, voando United Airlines e proteção da GTA

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