Rafael Faustino   |   04/01/2017 12:19

Abav-SP e Fecomercio-SP se manifestam sobre feriados

A discussão sobre o impacto dos feriados prolongados – que serão nove em 2017 – na economia vem gerando intenso debate entre os setores de varejo e turismo.


Marcos Balsamão e Abram Szajman
Marcos Balsamão e Abram Szajman

A discussão sobre o impacto dos feriados prolongados – que serão nove em 2017 – na economia vem gerando intenso debate entre os setores de varejo e turismo. Depois das unidades de São Paulo e Rio de Janeiro da Fecomercio estimarem perdas respectivas de R$ 10,5 bilhões e R$ 7,5 bilhões na atividade comercial em função das datas, e pedir uma redução no número de feriados, o empresário do Turismo Ricardo Roman escreveu carta às principais entidades do setor pedindo um posicionamento mais firme.

A Abav-SP se manifestou hoje por meio de comunicado com declarações de seu presidente, Marcos Balsamão. Ele lembra que, na previsão de aumento entre 5% e 6% na movimentação do turismo doméstico para este ano, os feriados prolongados exercem papel importante. E que isso, em consequência, beneficiará a economia nacional como um todo.

"Tomando por base o dado disponível sobre a participação direta do turismo no PIB brasileiro em 2015, que foi de 3,5% (R$ 182 bilhões), o impacto econômico do crescimento previsto pela Abav deve representar aumento de, no mínimo, R$ 9,1 bilhões a R$ 10,9 bilhões para economia nacional em 2017".

Balsamão lembrou também que o Turismo é impulsionador de outros setores, como a construção civil, alimentos e bebidas e meios de transporte. “Um setor estratégico para o desenvolvimento sustentável do Brasil", resume.

FECOMERCIO SE DEFENDE
Depois das críticas recebidas pelo seu posicionamento, a Fecomercio-SP, por meio de seu presidente Abram Szajman, enviou novo comunicado em relação aos feriados.

Szajman escreveu a Marcos Arbaitman, presidente do Grupo Maringá e uma das pessoas a quem se dirigiu Ricardo Román, lembrando que se trata de um estudo científico da entidade, com base em números, e não em opiniões. “É um trabalho técnico de grande responsabilidade pois se baseia em dados reais das vendas do varejo, calcados no acompanhamento de conjuntura desenvolvido pela entidade desde 1970”, afirma.

Segundo ele, a Fecomercio-SP não tem “qualquer restrição aos movimentos turísticos” decorrentes dos feriados, mas cumpre seu papel de alertar sobre as perdas possíveis ao setor varejista.

COMUNICADOS COMPLETOS
Confira abaixo as íntegras dos comunicados de Abav-SP e Fecomercio-SP sobre o assunto, ambas encaminhadas ao Portal PANROTAS.

Posicionamento Fecomercio-SP
Prezado Marcos Arbaitman,

A Fecomercio é hoje uma entidade especializada em pesquisas conjunturais e estruturais de grande importância para a gestão das empresas comerciais. Esses trabalhos são feitos rotineiramente nem São Paulo e nos demais Estados do Brasil.

A informação que lhe foi passada nada tem de maldosa e nem pretende nada além de esclarecer as perdas de vendas do comércio lojista com os feriados que tem ponte. Este trabalho é feito todos os anos para mostrar, inclusive, o que ocorre com o pequeno comércio nestes períodos.
É um trabalho técnico de grande responsabilidade pois se baseia em dados reais das vendas do varejo, calcados no acompanhamento de conjuntura desenvolvido pela Entidade desde 1970. Trata-se da Pesquisa Conjuntural do Comércio Varejista.

Não se trata de nenhum comunicado, mas um trabalho com base científica que é amplamente divulgado e procurado por toda a mídia.
Isto não significa que a Fecomercio tenha qualquer restrição aos movimentos turísticos que resultam dessas pontes, pelo contrário, considera que a atividade turística deve ser amplamente favorecida por todos os envolvimentos macroeconômicos que acaba gerando.

O reconhecimento deste fato, não impede o exercício do diagnóstico o que torna maliciosa e desinformada a mensagem recebida pelo amigo.
Cordialmente,

Abram Szajman


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Abav-SP se posiciona sobre feriados
Na opinião de Marcos Balsamão, presidente da Associação Brasileira de Agências de Viagens de São Paulo, o aumento previsto de 5% a 6% na movimentação do turismo doméstico em 2017 tem como fator de estímulo, além dos nove feriados prolongados, a qualidade da oferta de pacotes turísticos "com preços e condições comerciais compatíveis ao perfil da demanda, devido às negociações realizadas pelas operadoras turísticas com os fornecedores", avalia.

"Tomando por base o dado disponível sobre a participação direta do turismo no PIB brasileiro em 2015, que foi de 3,5% (R$ 182 bilhões), o impacto econômico do crescimento previsto pela Abav deve representar aumento de, no mínimo, R$ 9,1 bilhões a R$ 10,9 bilhões para economia nacional em 2017". Em consulta à área técnica do Ministério do Turismo, a Abav-SP obteve uma estimativa ainda mais favorável. Ou seja, "o número que a área técnica trabalha é de movimentação da ordem de R$ 20 bilhões nos feriados, com exceção do Carnaval, Natal e Réveillon", informou a Assessoria de Imprensa da pasta comandada por Marx Beltrão.

Em referência direta à recente manifestação da Federação do Comércio (Fecomercio), que estimou a perda de R$ 10,5 bilhões para o comércio varejista por conta do calendário deste ano, Balsamão pondera: "vale lembrar que a economia do turismo é responsável por um a cada 11 empregos em âmbito global. Não faz sentido contrapor os setores [turismo e varejo], mas sim unir forças em favor da modernização das relações trabalhistas".

Argumentos em defesa do Turismo
Sob a ótica da entidade, em atenção à oportuna manifestação pública de Ricardo Roman sobre o tema em pauta, a Abav-SP enviou outros dados e considerações à produção do Jornal Nacional, reproduzidos a seguir. São argumentos, segundo Balsamão, voltados à necessária conscientização de todos sobre a importância econômica e social do Turismo, "um setor estratégico para o desenvolvimento sustentável do Brasil", conclui.

A matriz econômica do Turismo impacta direta e indiretamente outros 52 setores. Entre eles, a construção civil, que é diretamente impactada com a construção e a reforma de hotéis, resorts, pousadas, hostels e até mesmo de imóveis particulares, preferencialmente locados de maneira regulamentada para atender parcela da demanda turística. Do mesmo modo, a construção e a reforma de estradas, aeroportos e outras obras de apoio, a serviço da mobilidade, são impulsionadas com o Turismo. Alimentos e bebidas; meios de transporte (contemplando todos os modais, incluindo a locação de automóveis, táxi e Uber, além do transporte em ônibus, vans, aviões, navios etc); tecnologia da informação e comunicação (cada vez mais presente no desenvolvimento do setor e embarcada em todos os elos da cadeia de valor); telecomunicação, entre vários outros, além do próprio varejo, podem ser melhor favorecidos com o aumento da demanda por vestuário, artesanato, ingressos para shows, espetáculos, parques temáticos, parques naturais etc.

De acordo com a Organização Mundial do Turismo, para 2020, a entidade acredita que 1,5 bilhão de pessoas gastarão cerca de US$ 2 trilhões por ano, ou cerca de US$ 5 bilhões por dia, não incluídos nesse total os investimentos em Equipamentos Turísticos (Hotéis, Resorts etc).
Em âmbito mundial, o Turismo chega a responder por 1 posto de trabalho para cada 9 integrantes da População Economicamente Ativa (PEA). No Brasil, esta proporção é de 1 para 11. Portanto, sabendo que o Turismo lidera o ranking mundial na geração de empregos, estimular a atividade (especialmente com o legado da Copa e da Olimpíada, eventos que deram ampla visibilidade midiática ao Brasil) tende a contribuir com a redução do índice de desemprego que assola o país.

A economia do turismo chega a representar 54,7% do PIB das Bahamas e 95,3% das Ilhas Virgens Britânicas. Nos EUA, a maior economia do planeta, com o PIB mais de 18 vezes maior que o do Brasil, o turismo represente respeitáveis 10,8%, o equivalente a US$ 1,339 trilhões, exatamente o dobro de todo a economia brasileira.

O setor de turismo é altamente intensivo em trabalho em comparação com o restante da economia, que se caracteriza por ser intensiva em capital. Enquanto a economia brasileira aloca cerca de 58% das suas remunerações para o capital, tal valor é de apenas 13% no setor de turismo.

Por fim, o Turismo contribuiu com a formação da cidadania; uma vez que valorizar atrativos naturais e culturais nativos, que atraem os turistas, geram receitas e empregos. "Além de contribuir com o resgate da autoestima; fator motivacional indispensável ao aumento da produtividade e competitividade", finaliza Balsamão.

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