CEO da Aviareps analisa tendências mundiais em Viagens e Turismo
Para acompanhar de perto o momento de expansão na América Latina, o CEO da Aviareps, o austríaco Edgar Lacker, está no Brasil, em sua primeira viagem ao País.
Com 23 anos de atuação na indústria de Viagens e Turismo e especializada na representação e marketing de destinos, companhias aéreas e outros fornecedores da cadeira, a Aviareps, sediada na Alemanha, está em expansão na América Latina. Tendo o Brasil como mercado âncora na região, a empresa acaba de abrir escritórios no Equador, Peru e Panamá, que se somam às bases do México, Peru, Colômbia, Chile e Argentina. Por conta dessa expansão, o brasileiro Marcelo Kaiser foi promovido a diretor regional para América Latina e em breve anunciará seu sucesso no mercado brasileiro.
Para acompanhar de perto esse momento da América Latina, o CEO da Aviareps, o austríaco Edgar Lacker, está no Brasil, em sua primeira viagem ao País. Ele comanda os 66 escritórios da empresa no mundo (em 48 países — somente na China são oito bases), e um total de 780 colaboradores e mais de 220 clientes (cerca de 100 na indústria de aviação). No Brasil, clientes como a Ethiopian Airlines, Brand USA, Visit Florida, Palm Beaches, Condor, Visit Brussels, Singapore Airlines e Paradise Coast compõem o portfólio da Aviareps, que tem sede regional em São Paulo.
Edgar Lacker recebeu a reportagem da PANROTAS para uma entrevista, em que falou do crescimento da empresa, mas também analisou as tendências mundiais do Turismo no mundo, Seu diagnóstico sobre o Brasil? As pessoas não sabem o que encontrar, simplesmente não têm informações sobre o País, a não ser pelo Rio de Janeiro e a Amazônia. Tanto que essa foi sua primeira viagem ao Brasil, depois de ter rodado o mundo de férias ou a trabalho.
Confira abaixo trechos da entrevista.
PORTAL PANROTAS — O mercado de aviação é um dos mais importantes para a Aviareps, que tem 105 clientes dessa área em todo o mundo. A aviação mundial vive um bom momento?
EDGAR LACKER — Você está correto, temos nas empresas aéreas um de nossos pilares. No Brasil nosso maior cliente é a Ethiopian Airlines, que tem voos diários para a África a partir de São Paulo e também operações para Buenos Aires. No mundo, a aviação vive um bom momento devido à queda no preço do combustível nos últimos três anos, o que permitiu a volta da rentabilidade. Nosso trabalho para as aéreas é principalmente B2B, mas em muitos mercados, como GSA, também cuidamos da parte de redes sociais, da relação direta com os clientes.
PP — Como as redes sociais mudaram a atuação dos seus clientes em promoção, marketing e relacionamento com os clientes?
LACKER — Um relacionamento puramente digital ainda não é suficiente para cobrir todas as necessidades, mas houve sim uma migração da atuação em TV e outras mídias, por exemplo, para o mundo digital. Mas em cada mercado há um comportamento diferente. Vemos a força do We Chat na China, na Alemanha o Instagram tem sido a rede social que mais cresce, mas nosso trabalho ainda tem como foco o treinamento de agentes de viagens e operadores e isso ainda está muito baseado em encontros pessoais, em viagens de familiarização. Em um mês deveremos lançar globalmente uma nova plataforma para treinamento de até 250 agentes de viagens ao mesmo tempo, remotamente, e isso deve facilitar ainda mais nosso alcance nesse setor.
PP — Mas há um desafio para engajar os profissionais para esses treinamentos virtuais, pois a oferta de capacitações on-line é bem grande...
LACKER — Sim, você tem razão, mas é aí que entra nossa missão e nossa expertise em engajar esses profissionais e mostrar a importância dos treinamentos, que devem ser feitos por partes, em capítulos curtos, com um certificado no final.
LATINOS E BRASILEIROS
PP — Como a Aviareps enxerga a América Latina?
LACKER — Estamos muito satisfeitos e crescendo. Chegamos há cerca de oito anos, com o Brasil como âncora, e tivemos um começo difícil, seguido pela recessão local. O que foi bom, por um lado, pois a crise traz oportunidades. Muitos clientes tiveram de cortar custos e ganhamos algumas contas por conta disso. Brasil, Colômbia e México estão muito bem atualmente, crescendo dois dígitos ano a ano, e abrimos recentemente bases no Panamá, Equador e Peru. Temos 16 clientes no Brasil, com atuação B2B e B2C, incluindo a estratégia digital para eles. Não há um modelo fixo de atuação, cada mercado é um mercado diferente e o cliente requer serviços específicos.
PP — Como o senhor enxerga o viajante brasileiro?
LACKER — Vemos um mercado novo que não é nada conservador e que quer explorar destinos e experiências novas. Sei que para os Estados Unidos vocês vão muito para a Flórida, Nova York e Las Vegas, mas já vemos interesse por outros destinos, como na Europa, onde os brasileiros estão explorando opções fora dos museus e cidades mais óbvias.
PP — É sua primeira viagem ao Brasil, o que é surpreendente por um lado. Como avalia a imagem do País lá fora?
LACKER — Pois é, nunca estive no Brasil antes. Acredito que seja uma questão de falta de informação sobre o País em geral. A imagem que temos é do Rio de Janeiro e da Amazônia. Eu ouvi falar de uma ou outra praia no Nordeste também. Mas eu diria que o Brasil é um destino dormente para os estrangeiros. Não sabemos o que encontrar, o que esperar.
PP — A distância (do Brasil) seria um problema?
LACKER — Não é. Os voos levam em média dez horas e vemos a Ásia crescendo com ligações tão ou mais longas. De alguma forma os destinos asiáticos despertaram nos viajantes da Europa, por exemplo, um desejo que o Brasil não despertou.
EUROPEUS
PP — Falando em Europa, o senhor acredita que o Brexit pode criar entraves para as viagens? E o governo Trump? Como tem impactado as viagens?
LACKER — Não acredito que o Brexit impactará as viagens. Eles seriam muito estúpidos se criassem uma nova política de vistos para os turistas. Quanto aos Estados Unidos, na Alemanha vimos uma queda na ida de turistas para lá. Quando você discorda de algo ou vê dificuldades pode optar por outro destino, pois não faltam opções pelo mundo. Os europeus viajam de cinco a seis vezes por ano e buscam destinos onde consigam sentir o sabor local, ter experiências autênticas... Quem conseguir oferecer isso terá sucesso.
PP — E em que destinos na Europa podemos encontrar esses sabores locais? O que é tendência por lá?
LACKER – Como austríaco recomendo a Áustria, com certeza. Mas acredito que uma viagem à Europa deve conter ao menos três países, para que a diversidade que o continente oferece possa ser realmente desfrutada. A Itália tem de estar na lista, é um país muito especial, e vemos um crescimento dos destinos nórdicos. Não são destinos baratos, estão entre os mais caros da Europa, mas oferecem experiências únicas que valem a pena.
PP — E na Ásia?
LACKER — Na Ásia, temos Myanmar, Laos e Camboja, e, claro, a Tailândia, que sofre com o overtourism em alguns pontos, mas que tem muita diversidade e um serviço impecável, como em toda a Ásia, além de preços bem competitivos.
SEGURANÇA E NICHOS
PP — Como as questões de segurança estão afetando as viagens internacionais?
LACKER — Infelizmente é algo terrível de dizer mas nos acostumamos com essa situação. Os mercados mais maduros não são afetados com questão de segurança. Os asiáticos, como Japão e Coreia do Sul, param de viajar imediatamente quando há qualquer problema. Temos tido dois anos mais calmos, graças a Deus, e esperamos que continue assim.
PP — Como os destinos devem trabalhar os nichos?
LACKER — Hoje são muito importantes. Quem não está trabalhando com o público LGBT, por exemplo, que é enorme, está fazendo algo errado. Cultura, gastronomia, bem estar são outros temas que estão movendo os turistas, mais do que museus ou cartões portais. Um exemplo é como a hotelaria mudou, para atender aos anseios desse novo visitante. Trabalhamos muito com a Marriott e vemos como o lobby está virando um living room, como as experiências locais são importantes. Um exemplo fantástico é a marca Moxy, que todos deveriam experimentar.
FUTURO
PP — Com uma abrangência global e força em destinos e empresas aéreas, o que a Aviareps busca atualmente?
LACKER — Nossa meta agora é diversificar os negócios. Estamos em 90% dos grandes mercados mundiais e diria que vamos buscar atuação no segmento que comentei de gastronomia, representando, por exemplo, produtos de vinho e comida. Os turistas querem agregar essas experiências em suas viagens e queremos estar nesse segmento também.
Saiba mais sobre a Aviareps em www.aviareps.com