Da Redação   |   26/04/2018 09:30

Em ano eleitoral, Amadeus clama por mudanças no Turismo do Brasil

Gigante da distribuição, por meio de seu diretor comercial no País, Paulo Rezende, questiona problemas no setor e pede por mudanças

Arquivo PANROTAS
Para Paulo Rezende, Brasil precisa identificar os problemas e corrigir, com a ajuda da iniciativa privada e pública, para crescer em grande escala no Turismo
Para Paulo Rezende, Brasil precisa identificar os problemas e corrigir, com a ajuda da iniciativa privada e pública, para crescer em grande escala no Turismo
O Turismo é uma vertente de grande potencial e aproveitada com destreza em diversos países do mundo, mas não aqui no Brasil. A opinião de que a importância dada por quem comanda o País ao setor é abaixo do esperado ganha voz nas mais diferentes áreas do mercado.

Em mais uma mudança no Ministério do Turismo, a saída de Marx Beltrão ecoou como um pedido de atenção às autoridades. Assuntos como a aprovação de capital estrangeiro na aviação, a transformação da Embratur em agência e um maior investimento do governo ganham, constantemente, espaço tanto no mercado como nas pautas federais.

Foi justamente pensando nesse assunto e no cenário de mudanças que a Amadeus Brasil, por meio do country manager Paulo Rezende, redigiu um artigo que aborda a opinião da gigante da distribuição sobre o País.

Confira, abaixo, na íntegra.

Quão importante é o Turismo para a economia de um país? Qual é o potencial do setor para multiplicar oportunidades de empregos diretos e indiretos? Como uma nação pode utilizar as viagens como pilar de seu crescimento econômico e social? O que é preciso melhorar para que mais viajantes escolham o Brasil como destino? Essas perguntas estarão no centro do debate do trade neste ano eleitoral, quando os cidadãos brasileiros escolherão novos representantes no Executivo e no Legislativo nos âmbitos estadual e federal.

Há tanto tempo se fala que o Brasil tem um enorme potencial turístico não aproveitado que até parece clichê, apesar de não ser. Em 2017, o País recebeu pouco menos de 6,6 milhões de estrangeiros. Apesar de ter sido o maior número da série histórica, é muito pequeno para um país com as dimensões, os recursos naturais, os centros urbanos e a diversidade cultural que possuímos.

Segundo dados do Ministério do Turismo e da Polícia Federal, o número de estrangeiros saltou apenas 27% de 2000 até 2017. É um ritmo lento demais. Nesse mesmo período, a Colômbia cresceu 85%.

Outro dado: a França, nação mais visitada do mundo, recebe anualmente mais de 85 milhões de visitantes, em uma área parecida com a de Minas Gerais. Sejamos honestos: eles merecem; têm a Mona Lisa, a Torre Eiffel e localidades maravilhosas como Paris e a Cote D’Azur. Mas elas explicam uma diferença de mais de 1000%? Se considerarmos um país mais parecido em termos de estágio de desenvolvimento, como o México, mesmo assim perdemos em uma proporção de seis para um.

Temos que identificar os problemas. Somos um país em desenvolvimento, e em volta de nós há apenas nações com PIBs nominais e populações menores que os nossos. Estamos longe de onde está o dinheiro e dos países com as populações que mais viajam, majoritariamente posicionados no Hemisfério Norte. Só há uma forma, portanto, de reverter essa tendência: agir na promoção e nos problemas que afastam turistas.

Nesse sentido, a coordenação de poder público com a iniciativa privada deve ser ampliada e levada a um patamar de prioridade e profissionalização. É preciso que ambos se complementem e tracem planos com o interesse comum de facilitar a chegada de visitantes. Falo de órgãos de fomento, secretarias de Turismo, companhias aéreas, redes hoteleiras, atrações, agências de viagens e outros players trabalhando juntos para algo que beneficiará a todos.

Imaginem o número de empregos dos mais variados perfis que pode ser gerado com o crescimento significativo de visitantes estrangeiros no Nordeste, por exemplo. O impacto na geração de riqueza nas comunidades impactadas, o ciclo virtuoso que se geraria e a consequente melhoria nas condições de vida da população. Existe programa social mais efetivo e benéfico para um país que o gerado pela iniciativa privada, com o incremento de emprego e de renda?

Ao poder público cabe facilitar o processo. Estimular a iniciativa privada e enxergar no Turismo uma atividade econômica de verdade, que em 2017 representou 8,5% do nosso PIB. Altamente significativo, mas muito abaixo da participação no México, que foi de 16%. A média mundial é de 10,4%, de acordo com o Conselho Mundial de Viagens e Turismo (WTTC). Esses 2,5% representam R$ 165 bilhões. Dá para perder esse capital para lugares com praias mais feias do que as nossas?

Ações estratégicas como o visto eletrônico, política de céus abertos, concessão de aeroportos, entre outras que compõem o programa Brasil + Turismo, são fundamentais. O visto eletrônico já se apresenta como um sucesso, com resultados já perceptíveis com pouco mais de um mês de implementação.

A indústria do Turismo cabe buscar estes clientes do Exterior. Não somente da maneira “tradicional”, através de feiras, mas tirando proveito da internet, utilizando-se de mídia programática, sendo muito mais cirúrgico na seleção do público a ser influenciado. Temos que promover nossos fantásticos destinos, alavancar-se nas nossas belezas naturais, na nossa riqueza cultural, na simpatia do nosso povo.

A indústria de viagens espera que o Turismo seja prioritário para os eleitos em outubro, e também assunto a ser tratado nos debates e campanhas. Um país como o nosso não pode continuar desperdiçando a oportunidade de fazer do turismo uma alavanca de desenvolvimento.

*Por Paulo Rezende, diretor comercial da Amadeus Brasil

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