Dólar pode pressionar sobretudo as viagens corporativas, diz FecomercioSP
Aéreo mais caro causaria impactos significativos para o Turismo em geral, sobretudo o corporativo
A disparada do dólar, que atingiu o seu maior patamar em dois anos e meio, pode afetar a indústria da aviação e trazer consequências negativas para o turismo doméstico. É o que prevê a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP).
A informação já tinha sido adiantada pelo presidente do Conselho de Turismo da FecomercioSP, Guilherme Dietze, em entrevista exclusiva ao Portal PANROTAS no começo do mês. E nesta semana, a federação detalhou o faturamento do turismo em abril, a inflação no mês de maio e destacou ainda a preocupação com o setor corporativo.
Atualmente, cerca de 60% dos custos das companhias aéreas — envolvendo gastos com combustível, aluguel e manutenção — estão atrelados à moeda. Para a instituição, é justamente essa elevação do dólar que poderá pressionar os preços internos e dificultar as viagens dentro do País.
"Embora não haja sinais dessa tendência no curto prazo, passagens aéreas mais caras causariam impactos significativos para o Turismo em geral, sobretudo o corporativo. O público dessa modalidade tem como característica a necessidade de realização de viagens para participar de eventos e feiras de negócios, ou visitas a clientes e filiais, pelo território nacional"
FecomercioSP
Por outro lado, contribui para o mercado de turismo de proximidade (para destinos de curta e média distâncias), por meio da locação de veículos, de ônibus ou do próprio carro.
Em meio às condições socioeconômicas de Brasil e Estados Unidos, a tendência é que o dólar, pelo menos até o fim do ano, continue pressionado. Nesse cenário, segundo a FecomercioSP, os consumidores e empresários precisam agir de forma estratégica no período, avaliando demandas e público.
O levantamento que avalia o Faturamento do Turismo Nacional, elaborado mensalmente pela FecomercioSP, apontou que, em abril, o setor faturou R$ 15,7 bilhões (+4,7%), como vimos no Portal PANROTAS. O segmento com maior faturamento no mês foi justamente o de transporte aéreo, com R$ 3,73 bilhões e alta anual de 3,7%.
"A oferta de assentos por quilômetro também cresceu, segundo a Anac, apontando o maior nível desde 2012. Foi um movimento importante de recuperação da oferta aérea, reduzindo a pressão sobre os preços das passagens, que, agora, podem encarecer novamente pela disparada do dólar"
FecomercioSP
Segundo a federação, o ponto positivo é que a inflação do setor vem demonstrando uma trégua em relação ao ano passado, o que torna o volume de turistas que estão viajando de avião, hospedando-se em hotéis e alugando carros mais relevante, para o faturamento geral, do que os valores despendidos nas atividades turísticas.
Para se ter uma ideia, a inflação do Turismo, calculada pela FecomercioSP com base nas informações do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), foi de 0,7%, no acumulado dos últimos 12 meses (até abril). Há um ano, essa variação era de 21,5%. Em maio, houve elevação média nos preços de 1,45%, e o acumulado subiu para 8,4%, ainda num nível razoável diante do registrado nos últimos dois anos.
Faturamento do Turismo nacional por segmentos em abril
- O setor de locação de meios de transportes, com crescimento anual de 11,9% e faturamento de R$ 2,2 bilhões, foi o que mais se destacou positivamente, em abril, em termos de variação. No ano, a alta acumulada é de 12,3%.
- Também apresentaram variações importantes as atividades relacionadas a alojamento (9,6%); alimentação (3,3%); atividades culturais, recreativas e esportivas (5,6%); e agências, operadoras e outros serviços (4,4%), além de outros tipos de transporte aquaviário (5,1%).
- Apenas o transporte rodoviário apontou retração no mês, caindo 1,2% e acumulando perda de 9,6%, nos quatro primeiros meses do ano.
Amazonas e Espírito Santo lideram altas
- Amazonas e do Espírito Santo foram os principais destaques do mês na avaliação regional, com altas de 13,9% e 13,4%, respectivamente. Na sequência, vieram Maranhão (12%), Sergipe (10,6%) e Santa Catarina (9%). Já São Paulo voltou a crescer após uma sequência negativa, avançando 4,7% no contraponto anual.
- Por outro lado, Tocantins, Mato Grosso do Sul e Rio Grande do Sul sofreram quedas respectivas 10,2%, 5% e 2,9%. O Estado gaúcho, que conta com uma participação próxima a 6% no faturamento nacional, foi afetado na sua plenitude, com o fechamento do aeroporto e dificuldade de acesso às cidades turísticas.