Franquias de hotelaria e Turismo faturaram R$ 3 bi no 2º trimestre
Em recuperação, o segmento seguiu atendendo a demanda reprimida e a retomada das viagens
As franquias de hotelaria e Turismo faturaram R$ 3,044 bilhões no 2º trimestre deste ano, em comparação com R$ 2,568 bilhões no mesmo período de 2022, de acordo com dados da Pesquisa de Desempenho realizada pela Associação Brasileira de Franchising (ABF).
O levantamento mostrou que todos os onze segmentos elencados pela entidade cresceram em faturamento no trimestre. O setor de Hotelaria e Turismo lidera a lista, com variação positiva de 18,5%. Além disso, o número de unidades de franquias do segmento apresentou uma variação positiva de 5%.
Em recuperação, o segmento prosseguiu atendendo a demanda reprimida e a retomada das viagens pelo público em geral, seja a lazer ou a trabalho, além de ser observado um maior engajamento nas lojas físicas.
Em segundo lugar se destacou Alimentação – Food Service, com um incremento de 16,9% na receita, beneficiado principalmente pelo forte reaquecimento das atividades sociais, retorno com mais frequência do trabalho presencial, abertura de unidades, novos produtos, reformulação e melhorias no cardápio e investimentos em treinamento e desenvolvimento dos colaboradores.
O estudo mostra que, no período, ficou ainda mais evidente a retomada das atividades sociais, com mais pessoas viajando, trabalhando presencialmente, em eventos e encontros, mas com a manutenção de atividades representativas no delivery e no e-commerce. A pressão inflacionária, a dificuldade no acesso a crédito, a mudança de hábitos do consumidor e a consolidação dos canais digitais e estratégias de inovação são desafios que, porém, permanecem.
No semestre, Hotelaria e Turismo cresceu 26,2%, seguido de Saúde, Beleza e Bem-Estar com 21,0%, Alimentação – Food Service (18,9%,) Moda (15,9%) e Limpeza e Conservação (15,4%).
Setor de franquias em alta
O estudo da ABF também mostra que o setor de franquias registrou um crescimento de 12,9% no 2º trimestre, comparado ao mesmo período do ano passado. O faturamento saltou de R$ 48.052 bilhões para R$ 54.253 bilhões. Frente ao 2º trimestre de 2021, as franquias ampliaram sua receita em 31,9% e a igual intervalo de 2019, o incremento foi de 25,8%.
Tanto de janeiro a junho quanto no acumulado dos últimos doze meses, a receita do setor de franquias cresceu ainda mais. Neste primeiro semestre ante igual período de 2022, a alta foi de 15%, com um faturamento que avançou de R$ 91.432 bilhões para R$ 105.107 bilhões. Na comparação com igual período de 2021, a alta foi de 29,7% e de 51,8% ante 2020.
Em relação ao primeiro semestre de 2019, antes da pandemia, o crescimento foi de 24,2%. Já no acumulado dos últimos 12 meses, a alta do faturamento das redes de franquias foi de 15,2%, ratificando o crescimento sustentável do setor. A receita nesse período saltou de R$ 195.480 bilhões para R$ 225.163 bilhões. Ao observarmos o mesmo intervalo de tempo a partir de 2019, o franchising cresceu 25,1%, e de 2020, 31,3%.
"Trata-se do oitavo trimestre de crescimento seguido do setor, sustentando nossa curva de desenvolvimento para além dos impactos da pandemia. Isso representa também a força do modelo de franchising para escalar negócios de forma rápida e organizada – não por acaso, continuamos atraindo novas marcas e players do Exterior – e também do desejo do brasileiro em ter seu próprio negócio, ainda mais agora que as condições econômicas estão mais estáveis. Nos chama a atenção também a recuperação da movimentação de pessoas nos shoppings centers, associada a um nível de negócios elevados no delivery e outros canais digitais. Mais do que nunca, falamos em operar nos dois mundos, digital e físico, e nos organizar para explorar cada vez melhor a associação dos dois”, destaca o presidente da ABF, Tom Moreira Leite.
O executivo observa, ainda, que “as franquias, os micros e pequenos empresários (independentes e franqueados) lidam ainda com vários desafios no dia a dia, especialmente o aumento de custos em decorrência do período de inflação alta, a dificuldade na contratação de mão de obra, um cenário de juros reais altos e a necessidade de acompanhar as mudanças do comportamento do consumidor cada vez mais intensas. De uma maneira geral, os que atuam em rede conseguem pela natureza do franchising navegar melhor nesse cenário. O setor tem acompanhado também o andamento da Reforma Tributária, sendo favorável à simplificação e modernização do sistema, mas atento aos possíveis aumentos de carga tributária no setor. Esperamos também que os setores altamente intensivos em mão de obra (que têm essa linha de despesas e custos) recebam um olhar diferenciado sobre a possibilidade de gerar crédito a partir da folha (algo não considerado na discussão da Reforma Tributária até o momento), o que, certamente, nos ajudaria a gerar ainda mais empregos no País”.
Alta no número de empregos e operações
No 2º trimestre de 2023, a mão de obra empregada pelo setor de franquias foi da ordem de 1.612 milhão de trabalhadores diretos ante 1.453 milhão entre abril e junho do ano passado, o que equivale a um aumento de 10,9%. “O setor de franquias é formador de mão de obra, dando oportunidades para os jovens ingressarem no mercado de trabalho formal, além de contribuir com o treinamento e a capacitação dessas pessoas”, declara Leite.
O número de operações de franquias também avançou. A variação no período pesquisado representou um acréscimo de 11.062 unidades no País, totalizando 188.878 operações. Segundo o estudo, houve alta de 4% na abertura de unidades, com um índice de encerramento de 1,5%, resultando num saldo positivo de 2,5%, e com uma pequena queda no número de repasses: de 0,9% para 0,7% entre o segundo trimestre de 2022 e o deste ano.
A distribuição do faturamento e das unidades de franquias por região também foi analisada na pesquisa. A ABF identifica um quadro de estabilidade, com uma pequena elevação da participação do Sudeste associada ao tamanho da economia da Região.
“Apesar de a pesquisa deste ano não ter detectado movimentos muito significativos no mapa de atuação do franchising, entendemos que o movimento do setor para o interior e localidades fora do eixo Rio-São Paulo se mantém, inclusive alavancado pelas facilidades dos recursos digitais. Um dividendo positivo da pandemia foi, justamente, uma maior expertise em realizar procedimentos a distância, inclusive de captação de leads de franqueados e até na implantação de lojas. Tanto que o setor atingiu a histórica marca de estar presente em 62% dos municípios brasileiros”, afirma o presidente da ABF.
A entidade também vem constatando que a força do agronegócio tem gerado novas oportunidades para o setor. Nesse sentido, a associação fez um estudo a respeito dos Estados (vide o quadro abaixo) e identificou que entre os dez que mais cresceram em faturamento de janeiro a junho, seis têm sua economia muito alavancada pelo agronegócio: Goiás, Minas Gerais, Bahia, Paraná, São Paulo e Rio Grande do Sul.
Receita e número de operações de franquias por região
A distribuição do faturamento e das unidades de franquias por região também foi analisada na Pesquisa. A ABF identifica um quadro de estabilidade, com uma pequena elevação da participação do Sudeste associada ao tamanho da economia da região.
“Apesar de a pesquisa deste ano não ter detectado movimentos muito significativos no mapa de atuação do franchising, entendemos que o movimento do setor para o interior e localidades fora do eixo Rio-São Paulo se mantém, inclusive alavancado pelas facilidades dos recursos digitais. Um dividendo positivo da pandemia foi, justamente, uma maior expertise em realizar procedimentos a distância, inclusive de captação de leads de franqueados e até na implantação de lojas. Tanto que o setor atingiu a histórica marca de estar presente em 62% dos municípios brasileiros”, afirma o presidente da ABF.
A entidade também vem constatando que a força do agronegócio tem gerado novas oportunidades para o setor. Nesse sentido, a Associação fez um estudo a respeito dos estados (vide o quadro abaixo) e identificou que entre os dez que mais cresceram em faturamento de janeiro a junho, seis têm sua economia muito alavancada pelo agronegócio: Goiás, Minas Gerais, Bahia, Paraná, São Paulo e Rio Grande do Sul.
Quantidade média de funcionários por unidade da marca e da franqueadora
Para mensurar a força de trabalho das redes, pela primeira vez a ABF incluiu na Pesquisa Trimestral de Desempenho o levantamento da quantidade média de colaboradores por operação da marca (excluindo sócios) e da franqueadora. De acordo com o levantamento, entre lojas próprias e franqueadas, a média é de nove funcionários. Nos quiosques e unidades móveis, a média é de quatro, e nas operações home based e franquias digitais, a média é de três colaboradores.
Já a quantidade total de funcionários das franqueadoras pesquisadas (incluindo sócios) apresentou as seguintes médias: pequeno porte (faturamento anual de até R$ 3,5 milhões), de nove a 36 colaboradores; médio porte (entre R$ 3,5 milhões e R$ 20 milhões), de 14 a 62, e redes de grande porte (mais de R$ 20 milhões em receita), de 52 a 308 trabalhadores.
Projeções
Analisando os dados do desempenho neste primeiro semestre e as perspectivas para a segunda metade do ano, a ABF manteve as projeções para 2023. O faturamento deve crescer entre 9,5% a 12%; o número de operações, 10%; empregos também tem projeção de alta de 10%; e o volume de redes, 4%. De acordo com Moreira Leite, “temos expectativas positivas para o segundo semestre, marcado por datas importantes para o varejo, principalmente a Black Friday, e também feriados com viagens. O começo da queda da taxa de juros e perspectivas macroeconômicas mais positivas podem ajudar também”.
Metodologia
A Pesquisa de Desempenho Trimestral referente ao período de abril a junho de 2023 envolveu uma base amostral com 385 redes respondentes que representam cerca 27,8% das operações e 37,3% do faturamento do setor. Abrangendo o mercado como um todo, inclusive não associados, os números do desempenho do setor de franchising são apurados em pesquisa por amostragem, cruzados com levantamentos feitos por entidades representantes de setores correlatos ao sistema de franquias, órgãos de governo, instituições parceiras e de ensino. Auditados por empresa independente, os dados divulgados pela ABF são referência para órgãos governamentais de diversas esferas, entidades internacionais do franchising, como World FranchiseCouncil (WFC), Federação Ibero-americana de Franquias (FIAF) e instituições financeiras.